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REVISTA DA ARMADA | 521




















          atuação global do Estado no mar, a coerência é elevada, pois per-
          mite concentrar os recursos disponíveis onde estes forem mais
          necessários. Este aspeto assume maior relevância no caso de cri-
          ses, de acidentes de grande escala, pois assegura a possibilidade
          de todos os meios disponíveis poderem ser empregues articula-
          damente e sob a mesma linha de comando, com benefícios evi-
          dentes ao nível da coordenação e da eficácia.
           O  Modelo  para  Operações  Multifunção  e  Multiagência,  cuja
          estruturação se apresenta na figura 2, procura condensar, numa
          única conceptualização, as principais virtudes de cada um dos
          modelos  anteriores.  Adicionalmente,  acrescentou-se  um  nível
          estratégico  supranacional  (neste  caso  da  União  Europeia)  de
          forma  a  contemplar  também  as  três  agências  Europeias  com
          competências no âmbito das funções de Guarda Costeira.
           Assim, o modelo para as MMO que se propôs e se testou no
          exercício Coastex 17, apresenta caraterísticas híbridas relativa-
          mente  aos  dois  modelos  anteriores.  Com  efeito,  este  modelo
          contempla agências nacionais “centradas na matéria”, mas com   Figura 3 – Exemplo de uma MMO rotineira para as Unidades Navais: enquanto em missão SAR,
                                                               executam-se simultaneamente atividades de fiscalização da pesca.
          funções sobretudo ao nível estratégico. São estas agências que,
          ao nível nacional, asseguram a articulação com as agências Euro-  dos Estados Costeiros no mar, em oposição à criação de um Ser-
          peias. Por baixo, ao nível operacional, existem agências nacio-  viço Europeu de Guarda Costeira de âmbito supranacional.
          nais, mais “centradas nos recursos”, que exercem as suas tare-  Foi este modelo que foi experimentado e validado, com assi-
          fas no mar, sob a coordenação das agências especializadas na   nalável sucesso, durante o exercício  COASTEX 17, onde foram
          matéria. As agências do nível operacional, as mais dispendiosas   também  discutidos  os  requisitos  operacionais  essenciais,  em
          por envolverem meios operacionais, são poucas, mas capazes de   cada uma das funções de Guarda Costeira tratadas, para que seja
          exercer a ação do Estado no mar em várias matérias, garantindo   possível integrar meios de diversos países, numa mesma opera-
          assim uma eficiência média-alta deste modelo.       ção no âmbito das funções de Guarda Costeira.
           A especialização possível também é média-alta, uma vez que as   O resultado destes trabalhos e o conceito de MMO desenvol-
          agências do nível estratégico supervisionam e coordenam, não só   vido  serão  posteriormente  apresentados  na  reunião  plenária
          o desempenho das agências do nível operacional, mas também o   do ECGFF, a ocorrer no final de setembro de 2017, na sede da
          cumprimento dos requisitos operacionais essenciais em cada uma   EMSA, em Lisboa. Nessa altura será efetuada a transferência da
          das funções de Guarda Costeira em causa. A possibilidade de as   presidência do ECGFF para a Alemanha, que assumirá essas fun-
          agências  do  nível  estratégico  poderem  ser  dotadas  de  algumas   ções até setembro de 2018, e será feito o balanço da presidência
          capacidades operacionais, sobretudo em termos de pessoal espe-  nacional à frente deste importante fórum Europeu, que contribui
          cializado que poderá embarcar, foi também considerada, garan-  para o estudo, a promoção do conhecimento e a busca de solu-
          tindo assim a especialização necessária, mesmo em tarefas muito   ções no domínio das funções de Guarda Costeira.
          específicas ou sensíveis. A coerência na ação global é alta, pois os                                
          meios disponíveis das várias agências nacionais de nível operacio-                       Anjinho Mourinha
          nal podem ser empenhados onde necessário, sob a coordenação                                        CFR
          da agência de nível estratégico pertinente, consoante a matéria
          em causa. Este aspeto é particularmente relevante em situações
          de crise ou de acidentes em massa, permitindo inclusivamente,   Nota
          conforme  necessário,  adicionar  meios  operacionais  de  outros   ¹ European Fisheries Control Agency.
                                                               ² European Maritime Safety Agency.
          países europeus, até se atingir um nível de empenhamento que   ³ Atualmente designada European Border and Coast Guard Agency, mantendo a
          garanta uma adequada eficácia na atuação.            designação curta de Frontex.
           O modelo mantém as competências e responsabilidades dos   ⁴ Apesar de haver em vários países estruturas para o exercício da autoridade e das
          Estados costeiros no mar tuteladas pelos próprios, ainda que, em   responsabilidades do Estado no mar que se assemelham, em vários graus e aspe-
                                                               tos, aos modelos referidos, estes são meramente conceptuais.
          alguns casos de reconhecida necessidade, possa haver recurso a   ⁵ As matérias legais/funções de guarda costeira apresentadas na figura são para
          meios operacionais de outros Estados ou das agências Europeias.   efeitos meramente exemplificativos.
          Apela-se assim ao desenvolvimento de um Sistema Europeu de   ⁶ As matérias legais/funções de guarda costeira apresentadas na figura são para
                                                               efeitos meramente exemplificativos.
          Guarda Costeira, assente nas competências e nas capacidades

                                                                                                   AGOSTO 2017    11
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