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REVISTA DA ARMADA | 527
Azulejos,
PATRIMÓNIO DA MARINHA
O LEGADO PATRIMONIAL DO
EX-HOSPITAL DA MARINHA
êm vindo a ser expostos em algumas LEGADO PATRIMONIAL TRABALHO DE REMOÇÃO
TUEO, ao longo dos úlƟ mos meses, pai-
néis de azulejos reƟ rados do ex-Hospital da DO EX-HM DA MARINHA DOS PAINÉIS
Marinha (ex-HM) que consƟ tuem um im- No início do ano de 2016 p erspeƟ vou- Ocorreu um processo inédito até então
portante legado histórico da Azulejaria da -se reƟ rar do ediİ cio o conjunto de azu- para a Marinha, pois Sabia-se que as difi cul-
Marinha. O presente arƟ go tem por fi nali- lejos aí existente. Na altura o ex-HM de- dades iriam surgir e ouvia-se que a tarefa
dade divulgar esta iniciaƟ va, documentan- pendia do HFAR (EMGFA) e estava em era impossível. Valeu a insistência e o inte-
do-a sempre que possível nas suas diferen- curso a preparação de uma hasta públi- resse em aprender técnicas de tratamento
tes fases, onde se incluem a remoção, a re- ca para a sua alienação, o que difi cul- de azulejaria anƟ ga e desenvolvimento de
cuperação de azulejos parƟ dos, a colocação tava qualquer intenção de remover os ferramentas para remoção dos azulejos, até
em painéis de acrílico e por fi m a sua exibi- painéis existentes nas paredes dos cor- se considerar que as condições estavam re-
ção. Desta forma, pretende-se perpetuar a redores das enfermarias e do átrio da unidas para ser iniciado o processo.A par
memória viva da existência do Hospital que capela. Mas, perante o interesse de- da aplicação da técnica de remoção, era
serviu a Marinha, os Marinheiros e a Famí- monstrado, passou a constar que a Ma- imperaƟ vo o cuidado em não quebrar os
lia Naval, com um elevado padrão de quali- rinha pretendia recuperar aquele patri- azulejos, a necessidade da sua marcação, o
dade e excelência, durante 211 anos. mónio. acondicionamento e o transporte. E foi as-
Decorrida a hasta públi- sim que se removeram dez painéis ao longo
ca, contactou-se imediata- de dois meses e meio, sete do átrio da ca-
mente a empresa que lici- pela (1165 azulejos) e três dos corredores
tou o ediİ cio, evidencian- das enfermarias (1990 azulejos).
do as intenções da Mari- Os sete primeiros foram produzidos na
nha em reƟ rar os painéis e Fábrica Viúva Lamego entre as décadas
a falta de oportunidade de de 1930 e 1940 e pintados pelo artesão
o ter efetuado em data an- Eduardo Leite, representam episódios da
terior. Foi então em junho evolução da cirurgia desde a pré-história
de 2016 que os novos pro- até à modernidade. Os restantes três, pin-
prietários, reconhecendo o tados com simbologia e fi guras alusivas ao
valor histórico para a ins- mar, foram manufaturados pela Fábrica
Ɵ tuição, autorizaram a re- de Faiança Baƫ sƟ ni, de Maria de Portu-
moção dos painéis. gal, nos anos 40, a qual laborava nas insta-
Foto 1SAR ETC Silva Parracho
Aspetos da recuperação e montagem. Painel exposto no gabinete do CEMA.
18 MARÇO 2018