Page 13 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 528
Infelizmente, apesar do esforço
efetuado pelas diversas enƟ da-
des envolvidas, a migração em
massa conƟ nua a aumentar e
ganha mais expressão a cada
dia que passa. Graças à colabo-
ração com o Reino de Marrocos,
a maior parte dos migrantes são
recolhidos nas suas águas terri-
toriais, pelos seus meios navais.
Existe ainda uma parte signifi -
caƟ va de eventos que, embora
ocorram em águas territoriais
marroquinas, são solucionados
pelo Serviço de Busca e Salva-
mento MaríƟ mo de Espanha, o
qual recebe os pedidos de auxílio
diretamente dos migrantes por
telefone, assim que estes largam Pessoal de quarto à ponte durante uma patrulha
da costa marroquina.
Limitado pelas águas territo-
riais espanholas, o NRP Douro, que não estava autorizado a ultra- que com recurso a um evoluído sistema de radares costeiros efe-
passá-las, por diversas vezes aguardou no limite para escoltar tuavam o seguimento dos contactos para tentar a sua apreensão
meios do Serviço de Busca e Salvamento MaríƟ mo, que, ao reco- no momento de desembarque. A tarefa não era fácil, tendo sido
lher grupos avultados de migrantes mais exaltados, solicitavam a detetados por vezes, na mesma área, grupos de cinco embarca-
proteção e escolta do navio até ao porto de desembarque. ções rápidas, umas carregadas e outras para servirem de engodo,
Outro grande problema da fronteira maríƟ ma sul da Europa é prontas para divergirem para terra.
o tráfi co de droga proveniente do norte de África. Embora devi- Atribuído permanentemente à mesma área de operações, o
damente informado pela Guardia Civil, o NRP Douro deparou-se navio apenas atracou no porto de Cádis, tendo aproveitado as
com uma situação extremamente desafi ante no combate ao nar- diversas facilidades disponíveis e a proximidade à Base Militar
cotráfi co. Dotados de embarcações robustas e bem equipadas, de Puntales, para aí estabelecer o seu ponto de apoio logísƟ co.
que aƟ ngiam facilmente os 50 nós de velocidade, os trafi cantes, Cádis revelou-se uma cidade acolhedora, embora fria no mês de
também eles niƟ damente preparados com equipamentos de dezembro. O ambiente ơ pico de uma cidade histórica, a proxi-
proteção individual modernos e robustos, exploram impune- midade aos famosos restaurantes de Puerto de Santa Maria e a
mente os constrangimentos, quer da plataforma, quer das regras envolvente da quadra natalícia, permiƟ u o adequado descanso
de empenhamento, dos meios que patrulham a fronteira. à guarnição. Numa das paragens, aproveitou-se a oportunidade
Não sendo possível a sua interceção no mar, normalmente em para fazer a primeira festa de Natal do navio, que longe de casa
coordenação com uma aeronave de patrulha maríƟ ma, o navio e em missão teve signifi cado acrescido para esta família naval.
tentava manter a vigilância nos diversos grupos de embarcações Realizou-se, ainda, uma cerimónia de promoções e de imposição
que, aguardando a coberto da noite, ganhavam posição para de condecorações.
tentar o desembarque. IdenƟ fi cadas e manƟ das sob vigilância, a O navio esteve na área de operações durante 27 dias, nave-
posição das embarcações era transmiƟ da às enƟ dades em terra, gando mais de 2700 milhas durante as 322 horas contratadas
pela agência FRONTEX, e parƟ cipou em diversos eventos, desde
invesƟ gações de COI (Contact of Interest) a avistamentos e per-
seguição de aglomerados de embarcações de droga. Realizando
uma taxa de navegação superior a 50%, o navio patrulha Douro, e
a sua guarnição reforçada, regressou a Lisboa com o senƟ mento
de missão cumprida, pois Ɵ nha Ɵ do a oportunidade de servir
Portugal, além-fronteiras, e cumprido a sua primeira missão
internacional.
Colaboração do COMANDO DO NRP DOURO
Nota
1 Acrónimo para Strait of Gibraltar (Estreito de Gibraltar)
ABRIL 2018 13