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REVISTA DA ARMADA | 528





























           – Prevenção Secundária: Compreende o tratamento na UTITA,   da Armada (CEFA), bem como as reuniões no exterior, no fi nal do
          suportado por um programa de reabilitação em internamento,   dia, com grupos de Alcoólicos Anónimos (AA) e NarcóƟ cos Anóni-
          designado por Programa Residencial Intensivo.       mos (NA).
           – Prevenção Terciária: Compreende o seguimento clínico dos mili-  Nos seis meses seguintes após o internamento, o doente irá
          tares tratados, procurando assegurar a absƟ nência de consumo de   frequentar semanalmente, na UTITA, o Grupo de Prevenção de
          substâncias psicoaƟ vas ou outros comportamentos adiƟ vos.   Recaída, em regime ambulatório. Após um mês de internamento
           Para além dos aspetos referidos, a UTITA encontra-se integrada   e seis de ambulatório, o doente terá alta clínica do programa de
          em diversos projetos conjuntos, em parceria com estruturas e   tratamento mantendo, no entanto, um vínculo à insƟ tuição, caso
          organizações do meio militar e civil, intervindo nos âmbitos da   seja jusƟ fi cado, ou sempre que sinta necessidade.
          educação, prevenção, formação técnica e invesƟ gação clínica.  A taxa de sucesso dos programas residenciais é elevada,
                                                                                        podendo afi rmar-se com segu-
          A UTITA DE HOJE            CERIMÓNIA DE DESPEDIDA                             rança que a UTITA dispõe de
                                                                                        um processo terapêuƟ co voca-
           Quem já visitou unidades de   No fi nal das quatro semanas os doentes plantam, junto à   cionado para doentes em meio
          saúde vocacionadas para o tra-  horta exterior, uma árvore, enterrando ao mesmo tempo um   laboral, com caracterísƟ cas úni-
          tamento de adições irá certa-  manuscrito de papel com uma palavra ou frase que simbolize   cas em Portugal.
          mente verifi car que na vivenda   um recomeço na sua história de vida. Terminam numa signi-  Aqui fi ca o testemunho de um
          da UTITA, em plena BNL, se   fi caƟ va cerimónia em círculo, de mãos dadas com os técnicos   doente: “Como consequência
          vive e respira um conceito dife-  de saúde, lendo a “Oração da Serenidade”, cujo texto está gra-  dos meus consumos  Ɵ nha  a
          rente. Deparamo-nos com uma   vado numa medalha, a ser distribuída aos doentes, que deve-  minha vida ingovernável, já não
          pequena unidade onde tudo   rão ter sempre consigo nas horas de maior difi culdade:  me reconhecia. Na UTITA recu-
          tem o seu lugar próprio, os gabi-  “Concedei-me a Serenidade para aceitar as coisas que não   perei a liberdade de escolha,
          netes de consulta, o salão de   posso modifi car. Coragem para modifi car aquelas que posso,   de viver com limites saudáveis.
          reuniões e  briefi ngs, as cama-  e Sabedoria para disƟ nguir umas das outras.”   Hoje sinto-me grato, tenho a
          ratas amplas, bem equipadas e                                                 minha vida de volta. José.”
          ergonómicas, a sala de conví-
          vio Ɵ po câmara de navio, um refeitório de recorte familiar, num   PROTOCOLO COM A REPÚBLICA
          local rodeado por denso arvoredo e isolado do mundo exterior.   DE CABO VERDE
          Os doentes circulam em permanente aƟ vidade, funcionando em
          equipa, sempre ocupados com tarefas, integrados num cuidadoso   Integrado no Programa de Intercâmbio de Militares da Comunidade
          programa planeado para a sua recuperação.           dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para Formação e InvesƟ gação
           Para o cumprimento da sua missão, a UTITA dispõe de uma   em Saúde Militar, a UTITA recebeu em 2017 dois militares da Repú-
          equipa mulƟ disciplinar de profi ssionais, que intervêm nas seguin-  blica de Cabo Verde, o Psicólogo Capitão Filomeno Duarte e o Enfer-
          tes áreas:                                          meiro 1º Tenente Rolando Monteiro que frequentaram o Curso de
           • Medicina – psiquiatria e outras especialidades   Doenças de Adição, de oito semanas, em dois módulos: Curso de Ope-
           • Psicologia clínica                               radores de Prevenção de Alcoolismo e Toxicodependência (COPATD),
           • Aconselhamento em adição                         e formação específi ca na UTITA. Segundo apurou a R.A. junto daque-
           • Enfermagem                                       les técnicos de saúde do país irmão, foi salientada a importância das
           • Apoio espiritual por capelão militar             duas experiências, sobretudo na perceção, no COPATD, do conceito
           • Educação İ sica                                  do alcoolismo como uma doença, e ainda da validade do Modelo Min-
           Aos doentes, durante as quatro semanas do período do inter-  nesota, que desejam ver aplicado em Cabo Verde.
          namento, é-lhes explicada a doença sendo, neste âmbito, alvos
          de intervenção psicológica e psicoterapêuƟ ca. Como elementos                            Abel Melo e Sousa
          fundamentais do programa de reabilitação salientam-se ainda as                                  CFR REF
          aulas de educação İ sica, realizadas no Centro de Educação Física                  (Com a colaboração da UTITA)


                                                                                                     ABRIL 2018  17
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