Page 6 - Revista da Armada
P. 6
REVISTA DA ARMADA | 539
NRP ÁLVARES CABRAL
INICIATIVA MAR ABERTO 19.1
1ª PARTE
Iniciativa Mar Aberto ocorreu pela primeira vez
A em 2009 com o intuito de incrementar capaci-
dades dos países amigos e parceiros, através da par-
tilha de conhecimentos, fortalecendo a confiança
mútua e desenvolvendo sinergias entre as forças
congéneres, em particular dos países da região per-
tencentes à Comunidade dos Países de Língua Por-
tuguesa (CPLP). Uma das áreas de incidência desta
missão é o Golfo da Guiné, região onde a ameaça
de pirataria se encontra bem patente.
Esta Iniciativa também possui uma vertente
social, sendo que várias instituições se associa-
ram a esta missão e solicitaram o apoio à Marinha
para o transporte de roupas, material didático e
alimentos destinados a associações de apoio aos
mais carenciados. Só para o Mindelo foram trans-
portadas dez toneladas de material social, a que
se somaram mais três para a Praia e seis para as
ilhas de S. Tomé e do Príncipe. essenciais ao comércio marítimo internacional e do combate às
Ao NRP Álvares Cabral, comandado pelo CFR Santos Fernandes e atividades ilícitas praticadas no mar – pirataria marítima e assal-
com 159 militares embarcados, incluindo o Comandante da missão, tos à mão armada, tráfico de drogas e pesca ilegal (não declarada
CMG Noronha Bragança, uma força de fuzileiros, uma equipa de saúde e não regulamentada). A cerimónia de entrega foi presidida pelo
e de mergulhadores reforçada, coube a primeira missão de 2019 – que Ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades e Ministro da
irá durar dois meses e meio – no âmbito da referida Iniciativa. Defesa da República de Cabo Verde, Dr. Luís Filipe Tavares.
Realizaram-se inúmeras ações de cooperação com as FA-CV,
INÍCIO DA VIAGEM nomeadamente palestras subordinadas a temas como segurança
da navegação, operações de busca e salvamento, ações para o
No dia 22 de janeiro o navio largou às 12h04. Momentos antes combate a incêndios e alagamentos, proteção de um navio no
ocorrera a visita do Ministro da Defesa que, nas suas palavras aos porto, procedimentos e técnicas de abordagem e doenças de des-
militares embarcados, relevou a importância desta missão, assim compressão em operações de mergulho. Foi prestado apoio téc-
como do papel de cada militar como representante de Portugal: nico ao NP Guardião, tentando solucionar algumas avarias. Foram
“… marinheiros no mar, embaixadores de Portugal em terra!” efetuados treinos de postura de tiro, manobras de contacto, tiro
No cais são ainda visíveis alguns familiares e amigos de elementos de combate e realizado um raid anfíbio com a projeção de uma
da guarnição que vieram despedir-se, dar um último abraço, tirar força de fuzileiros dos dois países na praia de S. Pedro.
aquela fotografia que perdurará na memória nos meses seguintes. Na vertente de ligação à comunidade local, o navio abriu portas
Os primeiros dias de mar são sempre de adaptação, mas desta vez às escolas e às Forças Armadas, tendo recebido um total de cento
as condições meteorológicas tornaram o processo mais lento. Gra- e dez visitantes.
ças a um planeamento interno completo, com séries simuladas, pro-
curou-se obter uma rápida integração dos novos elementos, bem CABO VERDE – PRAIA
como elevar os padrões de prontidão da guarnição.
A cooperação continuou no mar. O navio largou a 1 de fevereiro
CABO VERDE – MINDELO para efetuar a vigilância da pesca na Zona Económica Exclusiva de
Cabo Verde. Para o efeito, permaneceram a bordo durante cinco
Passados sete dias durante os quais apenas se avistaram as Ilhas dias, um Inspetor das Pescas e da Polícia Judiciária e um elemento da
Selvagens, vê-se terra pela segunda vez – é a Ilha de São Vicente. Polícia Marítima, que colaboraram na patrulha de todos os bancos
Com destino ao primeiro porto visitado durante a missão – o Min- de pesca identificados na área. Uma vez desembarcados, rumou-se
delo – o navio transportava, para além do material social, quatro à Cidade da Praia, Ilha de Santiago, onde se atracou no porto novo,
viaturas e armamento diverso para a Guarda Costeira Cabo Ver- a 6 de fevereiro.
diana (GC-CV), ao abrigo dum acordo de cooperação no domínio Voltaram a ser ministradas palestras, agora versando as doen-
da Defesa. Este acordo, assinado por Portugal, Cabo Verde e o ças de descompressão e os procedimentos de mergulho, seguidas
Grão-Ducado do Luxemburgo, tem como objetivo o desenvolvi- duma componente prática com a realização de operações de mer-
mento de projetos visando o incremento da segurança marítima gulho. Na área técnica, procurou-se diagnosticar as causas de ava-
e a formação das Forças Armadas de Cabo Verde (FA-CV), nomea- rias no NP Djéu.
damente a promoção da utilização desta parte do Oceano Atlân- O navio abriu a visitas, tendo recebido a bordo alunos e professo-
tico em segurança, através da proteção das linhas de comunicação res de quatro escolas locais, assim como um grupo de militares das
6 ABRIL 2019