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dade, por parte das populações locais. Castilho, cargo que desempenha entre 4 de a tarefa de reforçar a defesa da costa por-
Acaba por debelar uma rebelião em 1894, fevereiro e 25 de Dezembro de 1908. tuguesa contra os ataques dos submarinos
razão pela qual recebe o grau de Cavaleiro alemães, com a colaboração dos jovens
da Torre e Espada. CARREIRA POLÍTICO-MILITAR oficiais Pereira da Silva, Botelho de Sousa,
João do Canto e Castro vem a ser eleito NA REPÚBLICA Jaime Athias, Sousa Ventura, Mata de Oli-
deputado pelo círculo de S. Tomé em 1908, veira e Fernando Ferreira da Silva. Por essa
nas listas do Partido Regenerador, tendo Promovido a capitão-de-fragata a 16 altura, Álvaro Ferreira era o major general
efetuado o juramento a 16 de maio de julho de 1910, Canto e Castro integrava da Armada.
1908. De seguida integrou a Comissão de a Comissão Técnica da Direção-Geral de
Marinha (1908, 1909 e 1910) e a Comissão Marinha quando, três meses mais tarde, FUNÇÕES POLÍTICAS
Interparlamentar de Pescarias (1909). Inte- a 5 de outubro é proclamada a República.
ressavam-lhe, sobretudo, os assuntos marí- Os cargos de comando e chefia que Canto Admirava Sidónio Pais, por isso, face
timos e navais. Pronunciou-se na Câmara e Castro vai ocupar atestam o respeito ao respeito que granjeara na Marinha, é
Parlamentar representando a Comissão de que lhe é tributado pela Marinha e pelo incentivado por um conjunto de oficiais
Marinha, como seu secretário, na sessão Governo da República, apesar da sua sim- que o rodeavam a assumir a pasta de
de 10 de março de 1909, apresentando um patia e militância pela Monarquia. De facto, Secretário de Estado da Marinha, a 9 de
parecer relativamente à proposta de lei nº logo a 21 de outubro de 1910, um decreto setembro de 1918. Desta forma, malgrado
1-C que se referia à fixação da Força Naval nomeia Canto e Castro presidente de uma as reticências e a hesitação inicial, por se
para o ano de 1910-1911 (sessão de 16 comissão para rever os uniformes; no ano tratar de um cargo político, aceitou inte-
de março de 1910). Fez parte do número seguinte toma posse como Comandante da grar o novo Governo, em face das pressões
de deputados que propõem um voto de Escola de Alunos Marinheiros de Leixões e vindas inclusive de dentro da Marinha,
pesar pelos deputados Álvaro Penalva Chefe do Departamento Marítimo do Norte, que temia vir a ter menos peso político no
(distinto oficial da Marinha nas Campa- onde terá um papel importante no auxílio às executivo sidonista. Por um lado, como
nhas de África) e Marques Pereira (lente populações do Douro durante as cheias. monárquico, Canto e Castro não deixaria
da Escola Colonial e especialista em ques- Em 1912 pretende abandonar a Mari- de ser um fator de equilíbrio num governo
tões ultramarinas), efetuando um discurso nha e fundar um negócio de comissões e maioritariamente composto por republica-
que recebeu o apoio geral do Parlamento consignações, mas não terá êxito nesse nos e progressistas ; por outro lado, não
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(sessão de 21 de julho de 1909). Porém, projeto. No ano seguinte recebe a missão menos importante, sabendo-se da posição
a sua intervenção mais importante como para se deslocar a Macau e aí assumir o da Marinha, na sua grande maioria contrá-
deputado ficou a dever-se à discussão do comando do cruzador Adamastor. Dirigiu- ria aos desígnios do consulado liderado por
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projeto de lei nº 7, que veiculava a fixação -se ao Oriente por terra, atravessando a Sidónio Pais, a nomeação de Canto e Cas-
da Força Naval. Canto e Castro defendeu Europa. Como comandante do Adamas- tro aparecia como consensual.
a importância do poder marítimo para tor desempenha um importante papel Canto e Castro chegou a desmentir os
defender os interesses do Reino e propor- diplomático pela jovem República, nos boatos que corriam sobre a extinção da
cionar o seu desenvolvimento económico. portos visitados pelo navio. Promovido a Secretaria de Estado da Marinha e a sua
Nesse sentido, reitera a urgência e a neces- capitão-de-mar-e-guerra a 26 de junho de integração no Ministério da Guerra, tendo
sidade de Portugal possuir uma marinha 1915, toma posse como comandante da argumentado mais tarde, já como Presi-
de guerra para assegurar a manutenção Escola Prática de Artilharia, que se situava dente da República: “O meu ilustre ante-
do Império, na medida em que “o futuro a bordo da fragata D. Fernando II e Glória. cessor, nem de leve, se refere a esse facto,
da nossa nacionalidade está pois no mar.” Em 1917 Canto e Castro Silva Antunes é ao fazer-me o seu convite, nem tão pouco,
(Sessão de 12 de abril de 1910). promovido a contra-almirante, e nesse mais tarde, pude descobrir, no seu convívio
É nomeado Chefe de Gabinete do Minis- posto é empossado no cargo de Diretor o mais pequeno vestígio, de ter existido no
tro da Marinha e Ultramar, Augusto de dos Serviços do Estado-Maior Naval. Tem espírito dele, um semelhante desígnio.”
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Canhoneira Diu
MAIO 2019 15