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REVISTA DA ARMADA | 540


                                                       VIGIA DA HISTÓRIA                                 109







                                                       EVOLUÇÃO NA


                                                       CONSTRUÇÃO



                                                       NAVAL










                                                          superioridade militar dos portugueses, no início do seu estabeleci-
                                                       A  mento no Oriente, ficou a dever-se, quanto a mim, a um conjunto
                                                       de factores, como fossem a melhor qualidade do armamento, o uso de
                                                       protecção individual e uma maior capacidade no combate naval.
                                                        A maior capacidade no combate naval, não decorria de qualquer avanço
                                                       da táctica naval, sabido que é que, durante muitos anos, as técnicas de
                                                       combate naval mais não eram do que as utilizadas no combate terrestre,
                                                       sendo que os factores preponderantes dessa maior capacidade seriam a
                                                       melhoria da construção naval portuguesa (manobrabilidade e resistên-
                                                       cia), a utilização de artilharia a bordo, que embora não determinante
                                                       tinha um papel importante, e a utilização de artefactos de fogo, entre
                                                       outros, panelas de pólvora e dardos de fogo.
                                                        Estes artefactos de fogo constituíam armas extremamente eficazes não
                                                       só devido ao seu efeito destrutivo, como pelo terror e pânico que provo-
                                                       cavam entre os remadores.
                                                        Os danos provocados por tais artefactos assumem, nos muitos rela-
                                                       tos que até nós chegaram, grande extensão tanto nos navios dos nossos
                                                       adversários orientais, como nos navios portugueses.
                                                        Não é, pois, de estranhar que, entre os orientais, se procurassem adop-
                                                       tar medidas que minorassem o atraso tecnológico, quer na construção
                                                       dos navios quer na utilização de artilharia, e se procurassem medidas
                                                       que reduzissem o impacto da utilização dos artefactos de fogo, factos
                                                       estes que a carta de 7 de Dezembro de 1527, escrita da Índia para o Rei,
                                                       da autoria de Luís Martins, dá a conhecer:
                                                        “Já há muitos dias que Vossa Alteza terá sabido que têm os mouros
                                                       a Índia cheia de paraus à portuguesa, com que nos fazem guerra, com
                                                       suas  cobertas  calafetadas  para  encherem  de  água  quando  pelejarem
                                                       para lhes não queimarem com panelas de pólvora como acontecia, e
                                                       que cada um traz 5, 6, 7 tiros de artilharia e sua bombarda grossa pela
                                                       proa“.
                                                                                                               
                                                                                                      Cmdt. E. Gomes



                                                       Fonte: Gavetas da Torre do Tombo XV – 16 – 37


                                                       N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico
                                                A Ribeira das Naus, de Martins Barata







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