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REVISTA DA ARMADA | 549
Galé dos Estados PonƟ İ cios – 1560, imagem do livro Renaissance War Galley 1470-1590. combater e largar num curto espaço
de tempo. O navio acabou por ser neu-
tralizado por um ataque à abordagem,
tudo indica que sim, o recurso derra-
deiro do combate naval no século XVI
e que os navios de remo também uƟ li-
zavam contra navios de alto-bordo em
calmaria. Escalar um navio alto, defen-
dido, a parƟ r de uma plataforma rasa
e em balanço era uma manobra muito
arriscada e que exigia grande cora-
gem da parte dos grupos de assalto.
A própria aproximação era toda ela
um arrojo, porque embora os navios
atacantes procurassem a aproximação
pelos quadrantes menos arƟ lhados, os
inevitáveis acidentes de manobra sem-
pre colocavam algumas unidades nos
campos de Ɵ ro fortes. 5
Nesta época exisƟ am dois Ɵ pos de galés,
A batalha estava iminente, tendo acon- Em águas hosƟ s, disputadas por navios as alla sensile, com dois ou três níveis de
tecido a 7 de outubro de 1571. de remo inimigos, um bom coman- remos ao longo do costado, designadas bir-
dante deveria ter parƟ culares cautelas remes ou trirremes, e as al scaloccio, com
quando fundeado. A vigia devia ser um só nível de remos. A cada banco cor-
OS NAVIOS UTILIZADOS redobrada, a arƟ lharia deveria estar respondia um só remo, de grandes dimen-
NA BATALHA calhada e todo o navio pronto para sões, manobrado por até sete homens. 6
GALÉ Batalha de Lepanto, 7 de outubro de 1571.
Durante o século XVI, em pleno Renas- Museu MaríƟ mo Nacional, Londres.
cimento, os navios de remo, apelidados
genericamente de galés, descendentes
das embarcações da AnƟ guidade Clássica,
eram uƟ lizadas pelos Estados como forma
de demonstração de poder e ostentação
de riqueza.
Como navios de guerra, foram uƟ lizados
na Batalha de Lepanto, tanto pelas pode-
rosas forças Otomanas, como pelos Esta-
dos que compunham a Liga Santa. Sendo
consideradas as plataformas de arƟ lha-
ria ideais em mar aberto e com vento,
as galés também dominavam quando
falhava o vento, ou em águas restritas, de
manobra diİ cil, como junto à costa ou em
rios e portos.
A capacidade de autopropulsão, a
manobra e o baixo calado eram as suas
maiores vantagens. Quando o vento caía,
os navios de remo podiam colocar qual-
quer veleiro em apuros, mas se o vento
voltasse a soprar, a iniciaƟ va passava
para os veleiros. Um bom comandante
de galés deveria reƟ rar imediatamente,
pois os navios de remo podiam aproar ao
vento e escapar por um rumo impossível
de seguir por veleiros, ou então remando
a ré, o que iria permiƟ r fazer fogo sobre
o perseguidor com as peças de proa,
durante o afastamento. Em alternaƟ va,
os navios de remo podiam tentar fugir
procurando águas pouco profundas, para
onde os veleiros não os pudessem per-
seguir. 4
18 MARÇO 2020