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REVISTA DA ARMADA | 549


              A PARTICIPAÇÃO DA MARINHA NA FRONTEX                FUTUROS DESAFIOS
               No que concerne à concreƟ zação do espaço de liberdade, segu-  As novas regras colocam à agência, de forma natural, desafi os nos
              rança e jusƟ ça, em geral, e no apoio às missões da FRONTEX, em par-  diferentes níveis genéƟ co, estrutural e operacional. Neste arƟ go,
              Ɵ cular, a Marinha tem vindo a contribuir de forma regular com navios   sem pretendermos ser exausƟ vos, realçamos de seguida alguns dos
              e recursos humanos, parƟ lhando conhecimentos e experiências. O   fatores de planeamento ou desafi os que se colocam à agência.
              envolvimento da Marinha remonta à parƟ cipação nas Operações   Numa perspeƟ va genéƟ ca, a gestão das fronteiras externas con-
              GUANARTEME I, em 2005, e GUANARTEME II, em 2006, no arquipé-  tará com um signifi caƟ vo reforço durante os próximos anos. A
              lago das Canárias, e HERA II, em 2006 e 2007, nas águas da África Oci-  começar em 2020, com um orçamento avaliado em 101,4 milhões,
              dental. Nestas missões foram empregues corvetas e observadores.  mais de 32% quando comparado com 2019. No período de 2021
               Em 2015, a crise de refugiados, ao aƟ ngir níveis críƟ cos no mar   a 2027, estão previstos 26 mil milhões de euros, face aos 12,4 mil
              Mediterrâneo, colocou, simultaneamente, questões de segurança   milhões de euros disponibilizados no período 2014-2020. Na edi-
              humana e de segurança interna, revelando a complexidade e a trans-  fi cação de capacidades realça-se ainda o desenvolvimento de sis-
              versalidade deste fenómeno. No âmbito do paradigma operacional,   temas de informação à escala da UE para o controlo e a vigilância
              a UE deu início a diversas iniciaƟ vas, destacando-se a vigilância das   das fronteiras maríƟ mas, bem como a aquisição de meios próprios
              rotas no mar Mediterrâneo e a disrupção do “Modelo de negócio” das   para a agência (e.g. navios, embarcações, aviões e meios terres-
              redes de tráfi co, entre outras medidas. É neste contexto que a Mari-  tres). No plano estrutural, releva-se as novas regras de integração
              nha, no apoio à aƟ vidade da FRONTEX, tem vindo a estar presente   do sistema Europeu de Vigilância das Fronteiras (EUROSUR) no
              no mar Mediterrâneo, patrulhando as áreas críƟ cas sujeitas à pressão   quadro da FRONTEX, com vista a melhorar os níveis de efi ciência e
              migratória e executando diversas tarefas. Em 2014, a Marinha esteve   efi cácia do controlo das fronteiras externas europeias (maríƟ mas,
              presente em duas operações, nomeadamente, na operação INDALO,   terrestres e aéreas) e a necessária adaptação da agência para inte-
              no Sul de Espanha, e na TRITON, no Sul de Itália, respeƟ vamente com   grar, formar, treinar e enquadrar um corpo permanente até 10.000
              o Figueira da Foz e o Viana do Castelo. No ano seguinte, em 2015,   guardas fronteiras. Por úlƟ mo, no nível operacional, destacam-se
              registou-se a parƟ cipação do Viana do Castelo, na operação INDALO,   os desafi os relacionados com as sinergias e as operações intera-
              e em 2016, no âmbito da operação TRITON, a parƟ cipação do Figueira   gências, ora entre as agências da UE, como a FRONTEX, EMSA,
              da Foz e da Vasco da Gama. Em 2017, o Viana do Castelo e o Tejo,   EFCA, Europol, entre outras, ora entre as diferentes agências dos
              este úlƟ mo marcando a presença desta classe de navios no mar Medi-  Estados-Membros com competências na gestão e no controlo de
              terrâneo, pela primeira vez, parƟ ciparam na operação TRITON. Ainda   fronteiras. Face à evolução das dinâmicas, das competências e dos
              nesse ano, registou-se a parƟ cipação da lancha Douro, na operação   recursos perspeƟ vados, é lícito deduzir que a FRONTEX tem vindo
              INDALO. Em 2018, no âmbito da operação conjunta THEMIS , salien-  a fi rmar-se como uma das agências mais relevantes no universo
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              ta-se a parƟ cipação da D. Francisco de Almeida que contou com várias   das agências da UE que operam no âmbito da segurança interna.
              operações de salvamento e cerca de 800 pessoas salvas, o número   A Marinha, levando em linha de conta o conhecimento e o saber
              mais elevado registado por um navio da Marinha. Nesse ano, regis-  fazer, sobretudo na função Segurança e Autoridade do Estado,
              tou-se ainda a parƟ cipação da Álvares Cabral e do Douro, respeƟ va-  conƟ nuará a assumir-se como um parceiro pronto e credível nas
              mente na operação THEMIS e na operação INDALO. Em 2019, a parƟ -  operações da FRONTEX e, consequentemente, um ator relevante
              cipação da Marinha consubstanciou-se com a parƟ cipação do Douro   para a manutenção do espaço de liberdade, segurança e jusƟ ça.
              na Operação THEMIS e do Figueira da Foz e do Mondego na Operação
              INDALO. Para 2020 está prevista a conƟ nuidade da parƟ cipação de                             Romão Neto
              navios de patrulha costeira na área da Operação INDALO.                                             CFR
               Para além das missões nos diferentes teatros de operações, o con-                         Rodrigues Pedra
              tributo da Marinha também passou, desde 2018, a incluir a atribui-                                  CFR
              ção temporária de militares – em 2018 somente com ofi ciais e em
              2019 estendida a sargentos – para os centros de situação e para as
              operações da agência, realçando-se neste âmbito, o cargo de ofi cial   Nota
                                                                      Nova designação dada à operação que decorre no Sul de Itália e que viu reduzida
              de ligação da agência embarcado no navio almirante do Standing   1 a respeƟ va área.
              NATO MariƟ me Group 2, no mar Egeu.



























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