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REVISTA DA ARMADA | 549

A BATALHA DE LEPANTO 1

A ÚLTIMA BATALHA CONTRA O DOMÍNIO ISLÂMICO

NO MEDITERRÂNEO (7 de outubro de 1571)

ANTECEDENTES

ocalizada estrategicamente no alinha-
Lmento da rota do Levante, a ilha de Chi-
pre ocupava um papel extraordinário nos
assuntos políƟ cos e militares da região do
Mar Mediterrâneo, tendo sido também,
desde o século XII, uƟ lizada como ponto
de parƟ da pelas Cruzadas.
Após a tomada de Chipre pela República
Veneziana, em 1489, o Império Otomano,
centrado na vizinha Turquia, deu início a
uma série de ataques sobre a ilha. Em res-
posta, os venezianos decidiram fortalecer
os seus portos principais, bem como a sua
capital – Nicósia, no centro da ilha. No que
respeita à sua esquadra, no entanto, o pro-
blema era mais grave, dado que, com dema-
siada frequência, as galés de guerra careciam
de reparos. Por outro lado, encontravam-se
insufi cientemente guarnecidas devido às A Batalha de Lepanto – imagem do livro Renaissance War Galley 1470-1590.
frequentes deserções de remadores, dei-
xando a maioria das galés venezianas inope- o passar dos anos. Entre 1558 e 1570, as autoridades venezianas expulsaram do
rantes. Nestas condições, aquelas invesƟ das durante os períodos de desarmamento, seu território todos os que se recusavam
turcas foram desastrosas para Veneza. desertaram para o território otomano a servir nas galés como remadores, confi s-
Salienta-se que a difi culdade em recru- cerca de um terço dos remadores das galés cando-lhes ainda os pertences.
tar remadores se vinha agravando com venezianas. Para combater este fenómeno, Numa tentaƟ va desesperada de resolver
este problema da crónica falta de rema-
dores, os venezianos recrutaram cristãos,
vindos especialmente do território oto-
mano, para servirem nas suas galés.
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Não obstante todos os esforços desen-
volvidos pelos venezianos no senƟ do de
reforçar a operacionalidade da sua frota,
não foram capazes de impedir a tomada
da ilha de Chipre pelas forças navais oto-
manas, comandadas pelo almirante Meh-
met Ali Paxá , em 1570.
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Como era de prever, a reação contra
a ocupação de Chipre não demorou.
Veneza, juntamente com outros estados
cristãos (o Reino da Espanha, a Ordem
Soberana e Militar de Malta e os Estados
PonƟ İ cios), formaram, a pedido do Papa
Pio V, uma coligação cristã designada por
“Liga Santa”, sob a chefi a de Espanha. Foi
então dada urgência à criação de uma
força naval capaz de expulsar os otoma-
nos do território ocupado. Comandada
por Don Juan de Austria, fi lho bastardo de
Carlos V, e consƟ tuída por 208 galés e seis
galeaças, a esquadra cristã preparou-se
para enfrentar as 235 galés otomanas de
Fernando Bertelli, A Batalha de Lepanto, Veneza 1572, Ali Paxá que se encontravam posicionadas
Museu de História Naval – Veneza.
ao largo de Lepanto, na Grécia.

MARÇO 2020 17