Page 10 - Revista da Armada
P. 10
REVISTA DA ARMADA | 553
estruturais não conformes foram subsƟ tuídos ou recuperados,
garanƟ ndo o cumprimento das respeƟ vas normas de segurança.
Esta abordagem permiƟ u idenƟ fi car e reparar problemas estru-
turais críƟ cos devidos a corrosão e desgaste nos mastros do
traquete, grande e mezena, com parƟ cular incidência no topo e
zonas de reforço da sustentação longitudinal e transversal dos
mastros, onde se concentram valores de tensão muito elevados.
A manutenção das vergas consƟ tuiu um desafi o, pois estas
foram objeto de manutenção nas ofi cinas do Arsenal do Alfeite,
S.A. (AA, SA), sendo posteriormente aparelhadas com o navio
ainda na doca seca dos estaleiros navais da Rocha de Conde
d’Óbidos, em Lisboa. Para aƟ ngir este desiderato, e ganhar tempo
na execução do projeto, procedeu-se ao transporte especial das
vergas da Sagres no convés de voo do NRP Sines.
A manutenção do casco incluiu fundamentalmente a avalia-
ção dos elementos estruturais nas superİ cies interna e externa
do casco e teve presente os ensinamentos da modernização do
USCG Eagle. Apesar da simplicidade do processo, vários con-
4
dicionalismos tornaram a análise do estado de conservação da
estrutura do casco da Sagres num projeto complexo, mas muito
mais interessante e interaƟ vo. Entre estes constrangimentos,
destacam-se a estrutura original rebitada com mais de 80 anos,
a difi culdade de compaƟ bilização dos processos de soldadura
entre estrutura original e nova, o diİ cil acesso pelo interior à
zona da quilha, a existência de lastro nas zonas de fundo do navio
Sagres na doca seca com os mastros andaimados. e ainda os limites fi nanceiros e temporais para a intervenção glo-
bal. Neste contexto, a superİ cie exterior do casco foi objeto de
inspeção visual, medição da espessura de chapa, reparações do
esquema de pintura das obras vivas e refrescamento fi nal do
revesƟ mento anƟ -vegetaƟ vo das obras vivas e faixa de fl utuação.
Algumas das superİ cies interiores do navio, designadamente
nas zonas de fundo, com elevado potencial de corrosão, agra-
vado pela presença de lastro sólido, apresentavam mau estado,
o que obrigou à realização de intervenções mais profundas em
5 secções do navio (I-porão do pique a ré, II-túnel do veio III-
-casa da máquina e IX-porão do paiol do vinho). Estas constaram
de aƟ vidades como: a remoção de lastro, a decapagem ao grau
Sa 2 ½, a idenƟ fi cação de elementos estruturais a reparar e/ou
a subsƟ tuir, a pintura e recolocação do lastro nas cavernas de
fundo do navio.
As aƟ vidades de avaliação e reparação estrutural, a par da
remoção de lastro sólido, terão forçosamente de conƟ nuar na
2ª fase de modernização, pois a idade estrutural do navio impõe
que este seja tratado como um objeto de valor único, intemporal
e incomensurável.
SUBSTITUIÇÃO DA MANGA DO VEIO DA PROPULSÃO
AUXILIAR
A manga do veio propulsor do NRP Sagres consƟ tuiu uma preo-
cupação ao longo dos úlƟ mos anos devido ao seu mau estado
Sagres na doca seca: reparação no matro do traquete.
geral constatado nas úlƟ mas docagens do navio. Embora tenha
sido alvo de manutenções ligeiras nos úlƟ mos 30 anos, a integri-
dade do sistema ainda original, com mais de 80 anos, era uma
incógnita. A inexistência de desenhos técnicos com os detalhes
indispensáveis, bem como o facto de a manga atravessar o pique
tanque AR e estar envolta em cimento hidráulico, desencorajou
a sua desmontagem na úlƟ ma década. O compromisso da volta
ao mundo em 2020, precedida do período de manutenção em
2019, gerou a oportunidade. O conhecimento adquirido na
visita técnica ao veleiro USCG Eagle (irmão da Sagres), realizada
em 2018 em BalƟ more, durante a úlƟ ma fase de modernização
do navio, criou condições para que, com dúvidas, mas com con-
Transporte vergas da Sagres no convés de voo do Sines fi ança acrescida, se avançasse de forma responsável e empe-
(do AA-SA para o estaleiro NavalRocha).
nhada para a revisão geral à manga do veio da Sagres.
10 JULHO 2020