Page 12 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 555
INSTITUTO HIDROGRÁFICO
REDE NACIONAL DE RADARES HF
O conhecimento dos parâmetros físicos oceanográficos das zonas costeiras e portuárias revela-se, nos dias de hoje, primordial.
A nível militar, as operações na faixa litoral, onde se decide o controlo do mar, são altamente influenciadas por inúmeras con-
dicionantes ambientais. As suas consequências fazem-se sentir a vários níveis. A nível humano, no bem-estar das populações,
numa boa gestão litoral económica e ambientalmente e a nível operacional, na degradação dos sensores e armas, entre outras.
REDE DE MONITORIZAÇÃO de operações anİ bias. As capacidades operacionais chave passa-
DO MEIO MARINHO riam a ser: comando, controlo e vigilância, domínio do espaço de
batalha sobre o litoral, projeção de poder e sustentação de forças.
e modo a obter esse conhecimento, o InsƟ tuto Hidrográfi co É neste contexto que se enquadra a observação das águas costei-
D(IH) mantem um programa denominado MONIZEE. Este pro- ras com recurso à tecnologia radar, possibilitando uma boa carac-
grama é um sistema integrado de observação que assenta numa terização das condições ambientais de toda a área litoral nacional.
rede (infraestrutura) operacional de monitorização (ambiental) O perfeito conhecimento das condições oceano/meteorológi-
do meio marinho, baseado em sensores permanentes e fi xos, cas esperadas no espaço da operação é cada vez mais marcante
em águas interiores, territoriais ou na faixa da ZEE onde predo- e decisivo para o cumprimento da missão. A ondulação, a linha
minam os processos costeiros e litorais. Presentemente, a rede e o Ɵ po de rebentação, correntes à superİ cie e/ou em profun-
conta com 42 sensores, sendo 19 marégrafos, 12 boias ondó- didade, correntes de retorno concentrado, zonas de convergên-
grafo, 5 boias mulƟ paramétricas e, mais recentemente, 6 radares cia ou de divergência energéƟ ca são apenas alguns parâmetros
de alta frequência (HF) (Figura 1). de conhecimento necessário para operações tão variadas como
A par do desenvolvimento da tecnologia tradicional de medição sejam desembarques anİ bios, operações de mergulho, opera-
desses parâmetros, nomeadamente os respeitantes às observa- ções anƟ -minas com recurso a veículos autónomos, etc.
ções de correntes superfi ciais (correntómetros) e agitação marí- Os radares costeiros HF fi xados em terra consƟ tuem um impor-
Ɵ ma (boias ondógrafo), esta nova metodologia assente na tec- tante meio de aquisição de informação oceanográfi ca, cujo fun-
nologia radar e observação remota, disponibiliza mais e melhor cionamento, e aplicação, se baseia no facto do comprimento de
informação gastando menos recursos humanos e fi nanceiros. onda das frequências radar, nesta banda de frequência, ser com-
parável ao das ondas de gravidade da superİ cie do mar, o que
ESTRUTURA SUPERFICIAL origina uma forte retrodifusão ("backscaƩ ering") na superİ cie
do oceano. Esta retrodifusão deve-se essencialmente à chamada
DAS ÁGUAS LITORAIS
difusão (ou ressonância) de Bragg ("Bragg ScaƩ ering"), que não
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Com a atual abordagem ao conceito de área de operação, onde é mais do que uma retrodifusão que a frequência radar sofre
se passa do oceano profundo para águas litorais, a projeção de quando incide sobre as ondas da superİ cie do mar. Deste modo a
poder em terra só será possível depois do domínio do litoral, que difusão de Bragg é responsável pela interação entre o sinal radar
virtualmente subsƟ tui o controlo do mar, dos anteriores conceitos e as ondas de gravidade da superİ cie observada.
Figura 2 - Diagrama de cobertura nacional
Figura 1 – Programa MONIZEE A laranja – Área coberta / A azul – Área por cobrir
12 SETEMBRO/OUTUBRO 2020