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REVISTA DA ARMADA | 555























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              Figura 3 – Mapa de correntes superfi ciais. Imagem combinada das 3 estações do Algarve.  Boa Nova
               Com a uƟ lização de aplicações informáƟ cas específi cas determi-  discreta atualmente disponível. Situações como o seguimento de
              na-se a distância e direcção correspondentes às velocidades radiais   manchas de poluentes à superİ cie serão possíveis bem como o
              calculadas, podendo-se assim representar um conjunto de velocida-  cálculo da sua deriva. As vantagens de possuir séries temporais
              des para toda a área iluminada. A distância é calculada pela medição   mais longas na agitação maríƟ ma são inúmeras; o incremento no
              do tempo de propagação do sinal enquanto que o azimute é obƟ do   rigor das previsões bem como no entendimento dos processos
              a parƟ r da amplitude da voltagem recebida pela antena. Se se quiser   dinâmicos são apenas algumas.
              obter um mapa bidimensional das correntes é necessária a instala-  Para além das aplicações cienơ fi cas, este sistema de radares
              ção de pelo menos dois sistemas (antenas), cobrindo a mesma área   contribui também para o apoio à proteção civil com o seu mais
              de mar, colocados em diferentes posições.           recente desenvolvimento – a deteção precoce de tsunamis (Figura
                                                                  5). No âmbito do projeto OCASO – Observatório Costeiro Ambien-
              COBERTURA ATUAL                                     tal do SudOeste, fi nanciado pelo programa INTERREG-POCTEP, foi
               O objeƟ vo do IH, e consequentemente da Marinha, no que a esta
              tecnologia diz respeito, é criar uma rede que permita a cobertura
              total da plataforma de Portugal conƟ nental. Esta rede, que viu a
              sua primeira estação a ser instalada em 2010 em Espichel (projeto
              SIMOC  fi nanciado pela DGAED) conta já com 6 das 20 estações
              necessárias para a cobertura total (Figura 2).
               Atualmente, estão cobertas as áreas do Algarve (Figura 3) com
              estações instaladas em Vila Real de Santo António, Alfanzina e
              Sagres; a área de acesso a Lisboa com estações no Farol de Espichel
              e de São Julião e; a instalação mais recente, instalada no Farol da Boa
              Nova em Leça das Palmeira (Figura 4), que combinada com a esta-
              ção espanhola do Cabo Silleiro, Espanha, cobrirá toda a faixa costeira
              para norte de Leixões.
               Está já a ser planeada a instalação de mais duas estações HF, para
              Nazaré e Ferrel, de modo a cobrir toda a zona do Canhão da Nazaré,
              uma importante área de estudo para a oceanografi a global.  Figura 5 – Simulação da propagação de um tsunami com base nas observações
                                                                  do Radar HF de Alfanzina. O ponto EP-1 representa a origem tsunamigénica.
               Este Ɵ po de equipamentos permitem o registo em conơ nuo do
              campo de velocidades à superİ cie bem como da agitação maríƟ ma   desenvolvida esta capacidade sendo Portugal país pioneiro. O sis-
              do oceano. Para além da monitorização e da descrição da estrutura   tema, dada a sua elevada resolução temporal tem capacidade para
              superfi cial do oceano em tempo quasi-real, possibilitam a constru-  disƟ nguir diferentes velocidades orbitais das ondas que cruzam a
              ção de séries temporais longas e assim conhecer a variabilidade e   área iluminada, permiƟ ndo assim idenƟ fi car um possível tsunami
              comportamento de longo termo do oceano sobre a plataforma con-  uma vez que a “sua” velocidade orbital disƟ ngue-se do padrão
              Ɵ nental, vital para um apoio operacional adequado às atuais exigên-  local previamente idenƟ fi cado.
              cias de uma força naval cada vez mais profi ciente.    Os resultados até agora obƟ dos foram bastante moƟ vadores,
               Esta capacidade permite-nos obter um conhecimento cienơ fi co   garanƟ ndo desde já que a implementação deste sistema será uma
              mais rigoroso dos regimes de circulação oceânica sobre a plata-  mais valia para Portugal.
              forma que são determinantes para a compreensão dos processos
              İ sicos que aí ocorrem.                                                   Colaboração do INSTITUTO HIDROGRÁFICO


              OUTRAS APLICAÇÕES
                                                                    Notas
               Tudo isto irá permiƟ r que os modelos de deriva/dispersão   1
                                                                      Sir William Henry Bragg, İ sico e químico inglês. Desenvolveu a teoria de Bragg
              sejam alimentados com informação obƟ da quase em tempo real   sobre a análise da estrutura cristalina através da difracção de raios-X.
              e oriunda de campos homogéneos ao contrário da informação


                                                                                                SETEMBRO/OUTUBRO 2020  13
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