Page 20 - Revista da Armada
P. 20
REVISTA DA ARMADA | 556
A HIDROGRAFIA NA MARINHA NOS ÚLTIMOS DOIS SÉCULOS
e exƟ nção sucessiva das MH. Na
estrutura orgânica do IH apenas sub-
sistem hoje duas BH, que asseguram
os trabalhos de campo no âmbito da
hidrografi a.
Para apoiar as aƟ vidades de campo
o IH dispunha de umas pequenas
instalações na Amora. Todavia, nos
anos oitenta, passou a contar com as
Instalações Navais da Azinheira, hoje
Base Hidrográfi ca da Azinheira. Este
espaço foi requalifi cado e, para além
de pavilhões de armazenamento de
equipamentos, amostras colhidas
ao longo do tempo, boias e siste-
mas de grande porte, alberga tam- Figura 6 - Cartas náu cas produzidas pelas diversas MH.
bém ofi cinas diversas e um Centro
de Instrumentação MaríƟ ma, que inclui sondadores mulƟ feixe. Estes úlƟ mos per- ser feita a pedido, unidade a unidade,
um laboratório de calibração de sensores mitem, a cada fi ada realizada pelo navio, com recursos a plo ers. Para além do
maríƟ mos. adquirir os dados de profundidade ao papel, desde o início deste século que são
Ao nível da formação em hidrografi a, longo de uma faixa ao invés de apenas produzidas cartas eletrónicas de navega-
também nos anos setenta foi criada a na verƟ cal da passagem. No posiciona- ção. Estas cartas eletrónicas são mapas
Escola de Hidrografi a e Oceanografi a, que mento horizontal passou-se da uƟ lização digitais que, a bordo dos navios, são
passou a ministrar dois cursos de espe- exclusiva de instrumentos de medições integrados com os sistemas de posicio-
cialização em Hidrografi a (CAT A e CAT B). de ângulos para sistemas radioelétricos namento, radar, sonda e outros sensores,
Estes cursos são reconhecidos pela Orga- e posteriormente para sistemas de posi- num mesmo computador e que permitem
nização Hidrográfi ca Internacional. cionamento por satélite. Estas evoluções fazer o controlo da navegação em tempo
nas técnicas de aquisição de dados não real e de forma automáƟ ca.
Apesar de todas estas evoluções, o
NA CRISTA DA EVOLUÇÃO são autoexclusivas. Hoje em dia, depen- futuro próximo está já repleto de desa-
dendo das situações, uƟ lizam-se técnicas
TECNOLÓGICA
e instrumentos diversos, de acordo com fi os técnicos, não só visando a hidrogra-
Ao longo dos úlƟ mos duzentos anos a o que for considerado mais adequado a fi a, mas também outras ciências do mar.
hidrografi a na Marinha sofreu evoluções cada situação. Ao nível da aquisição de dados, vamos
signifi caƟ vas ao nível da organização, da O produto cartográfi co também evoluiu começar a uƟ lizar, cada vez mais, veículos
formação, das técnicas e dos produtos. Na signifi caƟ vamente. Das cartas náuƟ cas, autónomos (Fig. 7) equipados com senso-
medição das profundidades passou-se da em papel, monocromáƟ cas passámos às res diversos. Antevê-se já a possibilidade
estaca, do prumo e da máquina de pru- cartas com quatro cores. A sua impressão de extrair baƟ metria costeira a parƟ r
mar para os sondadores de feixe simples deixou de ser feita em grandes quanƟ da- de imagens satélite mulƟ espectrais. Os
e, mais recentemente para os sistemas des, com recurso a sistemas off set, para dados obƟ dos pelos sistemas sondado-
res mulƟ feixe relaƟ vamente à coluna de
água poderão ser usados de forma inova-
dora tanto na hidrografi a como na ocea-
nografi a.
E fi nalmente, a nova carta de navegação
eletrónica vai ver o seu paradigma alte-
rado, passando a integrar um conjunto
de camadas de informação, algumas com
base em dados adquiridos em tempo real,
outras com base em previsões, que vão
proporcionar uma visão do espaço de
navegação muito mais completo. É a apli-
cação do atual conceito de digital twin à
realidade da navegação.
O IH de hoje, inspirado por uma herança
histórica monumental, deixada por todos
os que nos antecederam, conƟ nua a ser
uma organização ambiciosa e de referên-
cia internacional, não só na hidrografi a
mas nas ciências do mar em geral.
Figura 7 - Veículo autónomo submarino a fazer um levantamento hidrográfi co de alta resolução.
Colaboração do INSTITUTO HIDROGRÁFICO
20 NOVEMBRO 2020