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REVISTA DA ARMADA | 556
O KIDO BUTAI
OS PORTAAVIÕES anianos de concentração de forças à guerra aérea, aumentaria
exponencialmente a capacidade de ataque de uma força naval.
onsƟ tuído por seis porta-aviões protegidos por 2 couraça- A proposta formal foi feita em 1940 pelo CALM Ozawa Jisaburo
Cdos, 3 cruzadores e 9 contratorpedeiros, o Kido Butai, era a (1886-1966), comandante da CarDiv 1, sugerindo que todos os
mais poderosa concentração de poder aéreo naval do mundo. meios aéreos navais fossem postos sob um comando unifi cado,
Embora o termo japonês Kido Butai, traduzido literalmente, sig- designado por Primeira Esquadra Aérea. O ALM Isoroku Yama-
nifi que “Força móvel”, na verdade, tendo em conta o seu con- moto (1884-1943), comandante operacional da Marinha, subs-
ceito operacional, parece ser mais adequado traduzi-lo como creveu a proposta e, após aprovação do Estado-Maior Imperial
“Força de ataque”. Teoricamente esta força era capaz de pôr no Naval, implementou-a na esquadra em abril de 1941. Cinco meses
ar, em simultâneo, entre 300 a 400 aviões, o que fi cou provado depois, quando os novos Shokaku e Zuikaku se juntaram à esqua-
quando, a 7 de dezembro de 1941, lançou 350 aviões em duas dra, agrupou os 6 porta-aviões num único comando. Para coman-
vagas sucessivas, no famigerado ataque surpresa às instalações dante deste extraordinário instrumento de poder aeronaval,
militares norte -americanas em Pearl Harbor. Yamamoto nomeou o VALM Chuichi Nagumo (1887-1944).
Em termos de organização, os porta-
-aviões da Marinha Imperial Japonesa DR
(MIJ) foram agrupados em Divisões
(CarDivs), sendo cada Divisão cons-
Ɵ tuída por duas destas unidades.
Assim, a CarDiv 1 integrava dois gran-
des porta-aviões: o Kaga e o Akagi,
ambos fruto da transformação de cas-
cos de couraçados. De facto, ao impor
o limite de 350.000 toneladas para a
construção de couraçados e cruzado-
res, o tratado de Washington (ver RA
Nº 551) obrigou o Japão, que Ɵ nha
uma grande quanƟ dade destes navios
em construção, à reconversão de dois
cascos em porta-aviões, por forma
a não ser excedido esse limite. Cada
um destes porta-aviões podia operar
cerca de 90 aviões.
Em dezembro de 1936, quando o
governo japonês renunciou formal-
mente ao Tratado de Washington, o
Japão embarcou no programa de expan-
são naval que permiƟ u a produção, em
dois anos, de 4 novos porta-aviões de
grande convés: o Sōryū e o Hiryū, que
consƟ tuiriam a Cardiv 5, cada um deles
deslocando cerca de 20.000 tonela-
das com todo o seu complemento e
capaz de transportar 63 aviões cada;
o Shokaku e o Zuikaku, integrando a
CarDiv 2, com 32.000 toneladas de
deslocamento cada, sendo capazes
de transportar 72 aviões por unidade. Estes dois úlƟ mos entra- Foi esta força que, combinando excelentes navios, aeronaves
ram ao serviço em 1941, apenas quatro meses antes do ataque bem projetadas e pilotos treinados em operações de guerra, cau-
a Pearl Harbor. sou a morte e a destruição no Pacífi co e no Índico nos primeiros 6
meses do confl ito, arrolando uma série de vitórias desde o Havai
até Ceilão.
O FIM DA FORÇA DE ATAQUE
Só no início de Junho de 1942, na batalha de Midway, Yamamoto
Não se sabe ao certo como surgiu a ideia de que os seis maiores e Nagumo sofreriam o golpe fatal cujo resultado foi a morte pre-
porta-aviões deveriam operar como uma única unidade, mas é matura deste extraordinário e poderoso instrumento de coação
possível que o seu mentor tenha sido o CFR Minoru Genda (1904- militar. Depois do afundamento dos porta-aviões Kaga, Akagi,
1989), um defensor obsƟ nado do poder aéreo, que, segundo Soryu e Hiryu, a MIJ jamais conseguiria ter uma força naval com o
consta, terá afi rmado que este pensamento lhe surgiu quando treino, o nível operacional e a capacidade ofensiva do Kido Butai.
assisƟ a a um fi lme publicitário da Marinha dos EUA, que mos-
trava os seus 4 porta-aviões em operações coordenadas. Genda Piedade Vaz
terá percebido imediatamente que, aplicando os princípios mah- CFR REF
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