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REVISTA DA ARMADA | 556













              PRÉMIO “FUNDAÇÃO ORIENTE-EMBAIXADOR

              JOÃO DE DEUS RAMOS” 2019



                 missão da Academia de Marinha é estatutariamente
              A  defi nida como a promoção e desenvolvimento de
              estudos e a divulgação do conhecimento relacionados
              com a história, as artes, letras e ciências e tudo o mais
              que diga respeito ao mar e às aƟ vidades maríƟ mas.
               O desempenho da missão pode tomar várias formas,
              sendo uma delas a atribuição de prémios que incenƟ -
              vem e dinamizem a pesquisa e invesƟ gação nas áreas
              acima expostas. Neste âmbito, a Academia de Marinha
              celebrou, a 22 de novembro de 2016, um protocolo com
              a Fundação Oriente insƟ tuindo um prémio, focado na
              história, nas artes, letras e ciências e na presença portu-
              guesa na Ásia Oriental, a ser atribuído em anos ímpares.
               Desde 2019 que este prémio passou a designar-se
              “Fundação Oriente-Embaixador João de Deus Ramos”,
              prestando assim uma merecida homenagem a este ilustre cida-  O regresso dos mortos. Os doadores da Misericórdia do Porto e
              dão. Além de académico e Vice-Presidente da Classe de Histó-  a expansão oceânica (séculos XVI-XVII) e O poder entre Lisboa
              ria MaríƟ ma desta Academia, João de Deus Ramos foi também   e o Oriente – persistências e mudanças na administração – do
              um destacado Diplomata, responsável pela abertura da primeira   UlƟ mato ao Ato Colonial, respeƟ vamente.
              embaixada portuguesa em Pequim, Administrador da Fundação   Seguiram-se as apresentações das duas obras. A Professora Isa-
              Oriente, e reconhecido admirador e estudioso da Ásia Oriental.  bel dos Guimarães Sá explicou como nasceu e se desenvolveu
               No passado dia 29 de setembro realizou-se uma Sessão Solene   o seu trabalho, O regresso dos mortos, a parƟ r de uma fortuita
              desta Academia, presidida pelo CEMA, ALM Mendes Calado, no   visita ao Museu da Misericórdia do Porto. Essa visita levou-a ao
              decurso da qual foram anunciados os vencedores da úlƟ ma edi-  arquivo dessa insƟ tuição e a um fundo documental de caracterís-
              ção do citado prémio. Estava também presente o Presidente da   Ɵ cas únicas em Portugal pela quanƟ dade e qualidade da informa-
              Fundação Oriente, Dr. Carlos Monjardino.            ção referente aos doadores, i.e., aos indivíduos que legaram bens
               Ao referido anúncio seguiu-se a cerimónia de entrega dos pré-  à Misericórdia através do seu testamento. Isso permiƟ u à autora
              mios. Na ocasião, o Presidentes desta Academia, ALM Vidal Abreu,   realizar uma série de pequenos retratos desses indivíduos.
              e o Presidente da Fundação Oriente proferiram algumas palavras,   Analisando esses documentos, a autora estabeleceu a impor-
              destacando o papel que o Senhor Embaixador teve nas suas duas   tância das Misericórdias na comunicação dentro do império por-
              insƟ tuições e a importância do Prémio que ajudou a criar. O Presi-  tuguês, focando as relações com o Oriente, e procurando criar
              dente da Academia fez também questão de salientar a importante   um estudo que centrasse as suas atenções de invesƟ gação num
              presença do ALM CEMA, interpretando-a como apoio explícito do   grupo de indivíduos idenƟ fi cáveis e únicos, afastando-se das
              Comandante da Marinha à retoma das sessões presenciais.  grandes coleƟ vidades anónimas, através da cultura material e
               Os Prémios foram atribuídos  ex aequo às senhoras Profes-  das trajetórias individuais.
              soras Isabel dos Guimarães Sá e Célia Ferreira Reis pelas obras   Por sua vez, a Professora Célia Ferreira Reis trouxe-nos um
                                                                            resumo dos principais pontos da sua tese de douto-
                                                                            ramento, O poder entre Lisboa e o Oriente, onde pro-
                                                                            curou no quadro das colónias portuguesas da Índia,
                                                                            Timor e Macau, e ao longo de três regimes políƟ cos
                                                                            diferentes, Monarquia, República e Ditadura, carac-
                                                                            terizar o exercício da administração colonial nesses
                                                                            territórios.
                                                                             Destacou principalmente a evolução dessa admi-
                                                                            nistração ao longo de um período de 40 anos, com
                                                                            ritmos de mudança diferentes, e os contrastes entre
                                                                            a atuação do legislador e das suas soluções versus a
                                                                            realidade no terreno e o poder na práƟ ca.

                                                                                         Colaboração da ACADEMIA DE MARINHA


                                                                                                     NOVEMBRO 2020  23
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