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REVISTA DA ARMADA | 565

          dirigida à Superintendência dos Serviços da Armada, o Director da   alheia a esta transferência um cumulativo interesse governamental
          AN indicava que a transferência do Centro para o Montijo não de-  em  libertar  a  frente  ribeirinha  das  instalações  militares  aí
          veria ter lugar, no melhor dos casos, antes de dois anos, ou seja, re-  existentes, pois o CAN cortava, literalmente, a expansão da cidade
          metendo a transferência para 1939, projeção bastante ambiciosa.  para ocidente ao longo da zona ribeirinha do Tejo.

          MONTIJO – ESTUDOS E ARGUMENTOS A FAVOR II  MONTIJO – ESTUDOS E ARGUMENTOS A FAVOR III


           A  1  de  novembro  de  1937  o  Director  da  Aeronáutica  Naval,   A transferência do Centro de Aviação Naval de Lisboa, do Bom-
          Comte.  Pedro  Ferreira  Rosado,  solicitava  ao  Presidente  da  Co-  -Sucesso para o Montijo, libertaria a zona de Belém para a cons-
          missão Administrativa da Câmara Municipal do Montijo a iden-  trução da Exposição do Mundo Português que decorreu em 1940.
          tificação dos proprietários de terrenos situados na península do   Esta tese, que muitos investigadores têm defendido ao longo dos
          Montijo, “(…) desde a linha de água até ao traço a cruzes, descre-  anos, encontra-se justificada no Diário das Sessões de 7 de de-
          minando-se na mesma planta os seus nomes e áreas respectivas”,   zembro de 1938: “(...) O plano comprehende as instalações para
          indiciando-se que os processos de aquisição e/ou expropriação   a aviação naval no Montijo, com campo anexo de aterragem, e as
          de terrenos seriam realizados a breve trecho (em verdade seriam   instalações para navios e submersíveis no Alfeite. (…) O Arsenal
          iniciados em 1938 e terminariam em 1941),  e que a tão almejada   do Alfeite é uma obra de grande utilidade militar, além de con-
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          construção do novo Centro seria, por fim, uma realidade.  tribuir para o descongestionamento e aformoseamento da parte
           A todos os argumentos já em discussão que “forçavam” a trans-  baixa da cidade, permitindo a transferência do actual Arsenal da
          ferência do CAN para a margem esquerda estuarina, o Comte. Jo-  Marinha e tornando possível a abertura da avenida marginal”.
          aquim de Sousa Uva exporia, em 1938, um outro - o da segurança   Com diversos projetos de engenharia já realizados, faltaria apenas
          contra bombardeamentos aéreos que poderiam ocorrer em Lis-  o  parecer  final  do  Estado-Maior  da  Armada,  algo  que  ocorreria
          boa. Para Sousa Uva o CAN de Lisboa seria, em caso de um confli-  a  10  de  novembro  de  1938.  Nesta  data,  e  reunido  o  Conselho
          to armado, um apetecível alvo das forças inimigas; uma eventual   Superior  da  Armada  com  o  propósito  de  apreciar  o  processo
          ação por parte dessas forças poderia também levar à destruição   relativo à instalação do Centro de Aviação Naval de Lisboa, seria
          de pontos de interesse como os Jerónimos ou a Torre de Belém,   deliberado que “O Conselho apreciando os relatórios da Comissão
          aumentando significativamente o número de baixas civis.  atraz  mencionada  sobre  este  assunto,  emitiu  o  parecer  que
           A par dos argumentos anteriormente apresentados, não deverá   era  o  Montijo  o  único  local  que  satisfazia  a  todas  as  condições
          igualmente ser deixada de considerar uma última questão: é certo   preconizadas pelo Estado Maior para o estabelecimento do Centro
          que  o  processo  de  reestruturação  das  instalações  da  Marinha,   de Aviação Naval de Lisboa, resolvendo por isso aprovar o plano
          com a construção de novas infraestruturas tanto no Alfeite como   apresentado referente à sua instalação no Montijo, que poderá ser
          no  Montijo,  iniciado  com  o  decreto-lei  n.º  18633,  de  julho  de   feita por fases conforme o projecto da referida Comissão. Sala das
          1930, tinha como objectivo dotar a Marinha de Guerra de novas   Sessões, em Lisboa, 14 de novembro de 1938.”
          e  modernas  instalações,  adequadas  ao  cumprimento  das  suas
          missões e à modernidade das suas congéneres. Contudo, não era












































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