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REVISTA DA ARMADA | 566
NRP ANTÓNIO ENES
BREVE HISTÓRIA DE UMA FOTOGRAFIA
Uma imagem vale por mil palavras, por certo que todos concordarão que esta frase, atribuída ao filosofo chinês Confúcio, aplica-se em
todo o seu sentido e amplitude à icónica fotografia da António Enes galgando as ondas. Sem desprimor para outras fotografias tiradas
ao longo da extensa vida do navio, será aquela por certo uma da mais marcantes, não fosse ela a fotografia de “primeira página” a
ilustrar as comemorações do seu meio século de vida. Com este artigo pretende-se dar a conhecer as circunstâncias envolventes à
fotografia, tirada há mais de dez anos, mas principalmente mostrar o apreço e agradecimento ao seu autor, que gentilmente cedeu
a sua utilização por parte da Marinha.
O ACIDENTE NO CABO CARVOEIRO A operação SAR continuou, assim, numa área de busca definida
entre Peniche e a Ericeira. Nos dias seguintes as condições
elo título introdutório se deixa antever o local da fotografia, meteorológicas e do mar agravavam-se progressivamente,
Pnas águas de Peniche ao Sul do Cabo Carvoeiro. Decorria o com vento forte e mar alteroso. Na madrugada do dia 23, um
mês de fevereiro de 2010 e, talvez por infortúnio, ocorreram novo alerta – queda de uma pessoa do Cabo Carvoeiro. Três
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então, separados por cinco dias , dois acidentes marítimos na jovens estudantes vão observar o mar na Lage dos Pargos por
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área de jurisdição da Capitania do Porto de Peniche, levando volta das duas da manhã, são apanhados por uma onda e um
ao empenhamento do NRP António Enes, em missão de busca e deles cai ao mar. Nova operação SAR é iniciada de imediato,
salvamento. No final do dia 18 foi recebido um alerta de falta de sendo empregues todos os meios disponíveis. As condições
notícia de uma embarcação de pesca, que não regressou conforme são bastantes adversas – vento forte, vagas alterosas fustigam
previsto ao Porto de Peniche no final da faina de pesca. Iniciou- toda a península de Peniche. No local, perante o breu da noite,
se então uma operação SAR, sendo inicialmente empenhados na apenas se vislumbram as luzes da equipa de grande ângulo dos
área de busca, o salva-vidas Vigilante da Estação Salva-vidas de Bombeiros Voluntários de Peniche que, como “homens aranha”,
Peniche e um helicóptero EH-101 da Força Aérea, aos quais se percorrem a falésia no meio da surriada, suspensos por uma
juntou durante a madrugada do dia 19 a “António Enes”. Após “teia”. Mesmo ali lado, os faróis de navegação da António Enes
obtidas mais informações e recolhidos diversos indícios logo e, por cima, o farol de busca do helicóptero; estão todos a fazer
ao raiar do dia 19, confirmou-se o que o que mais se temia – o um trabalho difícil, mas sem dúvida que quem está a ser mais
naufrágio da embarcação de pesca e o desaparecimento dos seus fustigado é o navio e a sua guarnição.
quatro tripulantes.
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