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REVISTA DA ARMADA | 567
Administração Naval e quase 100 anos depois autonomizar-se-ia mundo que neste dia começa não isento de avanços e recuos,
os Fuzileiros. Já no final do século passado emergiria o curso de esperas e ansiedades de sucessos, e aqui e ali, de desilusões à
Médicos Navais. mistura, mas é um grande caminho. É o caminho de encher o
espírito e de dar sentido a toda uma vida. Neste vosso dia, tende
Pelo meio todos os cursos, acompanhariam as reformas do um renovado orgulho na vossa opção de vida, tal como eu tenho,
ensino superior, quanto aos graus de Licenciado e de Mestre, como Comandante Supremo das Forças Armadas, um reforçado
com qualidade excecional e visão apreciável de futuro. Este é o orgulho em todas e todos vós.
mundo que vos parece hoje terminar, mas não termina, fará parte
da vossa vida para sempre. A Marinha e a sua história, a Escola Excelências.
Naval e a sua história. A teimosa visão de longuíssimos horizontes
do patrono, Infante D. Henrique, porfiada incumbência de sempre Militares de Portugal.
que é fazer o melhor, Talant de Bien Faire, o vosso lema de vida.
Podem os factos, as situações, as pessoas, tal inviabilizar, que Seria, porém, injusto concluir as minhas palavras dedicadas
não resulte, essa possibilidade, da vossa fraqueza de caráter, o especialmente aos mais jovens que mais futuro têm, sem proceder
temor de personalidade ou inibição, perante o novo e o arriscado, a mais um reconhecimento da escola que os formou e que forma
é o que importa e vai importar ao longo da vossa vida. Mas hoje milhares como eles há 175 anos e muitos mais vindos de outras
para vós começa, e começa mesmo, um novo mundo. latitudes e longitudes, em especial das pátrias irmãs da língua
comum, neste curso, de Angola, de Moçambique e de São Tomé
Até agora navegar era formação, agora passa a ser missão. e Príncipe.
Até agora, chefiar era teste, experiência, ensaio, agora passa a ser
apelo incessante. Até agora, lidar com superiores e subalternos Sendo já, Membro da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor,
era uma educação em curso, agora passa a ser um exercício Lealdade e Mérito, desde 1930, pela mão do Presidente António
de todos os dias, para além das personalidades dos feitios das Óscar Carmona, Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique,
suscetibilidades. No fundo, até agora, o compromisso para com desde 1961, pela mão do Presidente Américo Tomás, tal como
a Marinha, as Forças Armadas e Portugal era tendencial, era os presidentes Canto e Castro e Mendes Cabeçadas, oficial
um projeto a efetivar, era um sonho, uma escolha a concretizar. general da Armada chegado à presidência, Membro Honorário
Agora as vossas espadas, as espadas recebidas, querem dizer da Ordem Militar de Sant’Iago de Espada, desde 1982, pela mão
compromisso constante, firme e futuro. Chefiar sempre, em terra do Presidente António Ramalho Eanes e Membro Honorário
e, sobretudo no mar, em tarefas burocráticas, as mais diversas, da Ordem Militar de São Bento de Avis, desde 1988, pela mão
administrativas, de serviço da coletividade e do comando.
Quer isto dizer, que não seja cada qual como é, e o que é, mais do Presidente Mário Soares. Tenho a honra de condecorar a
extrovertido ou mais contido mais sociável ou mais reservado, Escola Naval, neste dia, com o título de Membro Honorário da
mais incisivo ou mais diplomático ou que abdique das suas Ordem Militar de Cristo. Ela, Escola Naval, em que se formaram
preferências. A pesquisa, a ação, a docência, a liderança ou que heróis universais, celebrados no ano que vem, 2022, como Gago
deixe ter as suas simpatias, fragatas ou submarinos, por exemplo. Coutinho e Sacadura Cabral, ela, Escola Naval, que tanto honra e
Não! o essencial é que tudo isso e se subordine ao imperativo do projeta Portugal no Mundo. Eu a condecoro, hoje, uma vez mais,
compromisso militar e nacional. em nome de todos os portugueses.
E as coragens, e as qualidades da coragem, da verticalidade,
da isenção, da honestidade, da lealdade, da abnegação, se Prof. Dr. Marcelo Rebelo de Sousa
necessária, do exemplo permanente para todas e todos os que
olhem para a chefia como mobilizador de convicções e condutas,
a mesma coragem do Capitão-tenente Raul Alexandre Cascais,
em sucessivos combates na Grande Guerra em África, antes
de perecer ao serviço de Portugal, em 26 de julho de 1917.
Aqui mesmo, junto da Costa em que nos encontramos, que
exemplo inspirador o seu e de quase toda a sua guarnição que
com ele também partiu, no navio Roberto Ivens. Mas também,
que futuro mobilizador nos espera, e espera a nossa Marinha, ao
serviço das populações em situações extremas, como catástrofes
e pandemias, missões externas, muitas delas humanitária, as
mais variadas, no Mediterrâneo, no Báltico, na Somália, na Costa
da Guiné, em cenários africanos e desde logo na afirmação da
nossa soberania, em tão vasto mar territorial, na Zona Económica
Exclusiva e em tão potencialmente impressiva plataforma
continental. Assim disponham dos meios indispensáveis e disso
terão de curar.
Estou certo de que os governos de Portugal, legislatura após
legislatura, sobretudo porque mais responsabilidades sem
meios e meios adequados seria um caminho para frustração de
objetivos e vontades, é, pois, amplo exigente apaixonante do
6 NOVEMBRO 2021