Page 23 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 570

          O Sr. Comandante Gil disse-me: “Mota, coloca estes posters no
          teu restaurante”, e eu mandei ampliar os posters e coloquei-os
          no restaurante.
           E foi assim que começou o meu mini “museu”, em 2015. Os anos
          foram passando e sabendo desta minha paixão pela Marinha, os
          camaradas foram-me oferecendo várias objetos, como crestas,
          entre  outros;  eu  também  fui  adquirindo  alguns  como  vigias  e
          olhos de boi, num desmantelamento de navios em Alhos Vedros.
           Cada dia aparecia mais um camarada a oferecer-me
          peças que contribuía para o aumento da minha coleção.
          Tenho peças oferecidas por grumetes, por Almirantes e muitas
          delas oferecidas pelo “Filho da Escola” João Oliveira, tripulante
          do navio Funchal. Isto ainda quando tinha o restaurante “O Farol”,
          nome escolhido pelos meus camaradas, nomeadamente o Grumete
          Artilheiro José Júlio.
           Depois que deixei de trabalhar, o restaurante, que ficou a cargo
          do Paulo Mendes, o meu genro, sofreu algumas remodelações
          a nível da decoração. A partir daí comecei, então, a fazer o mini
          “museu” em minha casa, reservando uma das divisões única e
          exclusivamente só para a exposição de objetos da minha coleção.

           RA – Quantas peças tem no total, tem ideia? Qual o critério
          de exposição que utiliza quando adquire uma nova peça para a
          sua coleção?
           CM – Tenho 689 peças expostas no meu “museu”.
           O critério tem sempre a ver com a peça que é adquirida, tento
          sempre  fazer  o melhor enquadramento,  por vezes  tenho de                                            Fotos CTEN TSN-COM Ana Alexandra de Brito
          deslocar outras peças para assim poder fazer um enquadramento
          mais uniforme.
                                                               Telefone utilizado para falar com
           RA – Alguma peça que lhe seja mais significativa?   a casa do leme.
           CM  –  Tenho  um telefone, que  já  deve ser centenário, que
          trouxe de um navio de Moçambique. Um telefone que se usava
          na casa das máquinas  para falar com a ponte  de comando.
          Desloca-se os fones para os ouvidos para não se ouvir o barulho
          das máquinas e fala-se para um bocal em frente.

           RA  –  Por tudo o que já viveu, podemos  considerá-lo  um
          empreendedor… de que forma é que a Marinha o marcou para
          a vida?
           CM –  Sim, de uma maneira geral, sim. Desde que saí da
          Marinha sempre estive muito ativo, tanto quando trabalhei em
          terra, como quando estive embarcado na Marinha Mercante.
           Depois investi sempre e sempre fui crescendo com todos os
          ensinamentos que tive e que aprendi na nossa Marinha.   NAVIO HIDROGRÁFICO SALVADOR CORREIA II
           Por tudo isto, posso dizer que a Marinha foi para mim,  uma
          excelente escola!                                      Construído em 1942 nos estaleiros Goole S. B. & Repair,
           E hoje sinto-me realizado, graças a ter estado a prestar serviço   na Escócia, para o a Marinha do Reino Unido com o nome
          na Marinha Portuguesa.                                de HMS  Ruskholm,  foi  adquirido  em  1948  pelo  Governo
                                                                Português e adaptado a navio oceanográfico destinado ao
           RA – O que recorda com mais saudade dos tempos de Marinha?  estudo das pescas.
           CM –  Recordo todos  os momentos que  vivi nos navios e
          unidades militares em terra, com ótimos camaradas e que ainda
          hoje nos damos como uma família.                      CARACTERÍSTICAS
           Visitamo-nos e comunicamos todos os dias.
           A Marinha é uma família muito fiel e nunca deixa um filho sem o   Comprimento (fora a fora)................................. 45,57 metros
          seu amparo. Por tudo isso, serei marinheiro até morrer.  Boca.................................................................... 8,50 metros
           A Marinha está no meu coração!                       Calado máximo................................................... 4,57 metros
                                                                Deslocamento máximo.................................... 780 toneladas
                                                                Propulsão................. Máquina de tríplice expansão (850 CV)
                                                                Velocidade.................................................................. 9,5 nós
                                            Ana Alexandra de Brito  Guarnição........................................................................... 36
                                                 CTEN TSN-COM


                                                                                                  FEVEREIRO 2022  23
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