Page 22 - Revista da Armada
P. 22

REVISTA DA ARMADA | 570

           Fiz parte da guarnição da LDP 203, entre 1967 e 1970. Fazíamos
          fiscalização no Cobué e Lipoche. A nossa base era em Metangula
          e aí era uma solidão só vista, pois só existia a base naval.
           Quando  a  lancha  estava  em  Metangula,  divertíamo-nos  com
          várias atividades como o desporto, o teatro, almoços, convívios…
          Mais tarde fui convidado pelo Sr. Capelão STEN Delmar Barreiros,
          para fazer teatro… Na altura tinha barba e ele disse-me: “Mota,
          tens de tirar a barba, vais fazer de Miss África do Sul que vem de
          férias a Metangula”, isto numa das peças. Noutra peça, eu e o
          Grumete Artilheiro Madragoa fizemos de varinas, foi um êxito…
          Era uma forma de nos divertir, pois não havia mais nada….
           As roupas para a Miss e para as varinas eram das esposas dos
          senhores oficiais, e o calçado, também. Os pés ficavam de fora
          dos sapatos, mas tudo corria bem.
           No final, cumprimos a nossa missão e tudo foi bom, chegámos
          a Portugal sãos e salvos.

           RA – Depois de ter deixado a Marinha, e de toda a experiência
          que adquiriu como militar, como foi voltar à vida civil?
           CM –  Depois de deixar a Marinha, foi tudo mais fácil, já com
          25 anos bem vividos, uma profissão adquirida na Marinha, fui
          trabalhar na Torralta em Setúbal como fogueiro.
           Depois  em  1976,  tirei  a  cédula  marítima  de  fogueiro,  na
          Capitania do Porto de Setúbal.  Foi-me concedida  a cédula de
          fogueiro, por ter sido fogueiro motorista da Marinha.
           Depois fui para a Marinha Mercante e aí estive até 1988, altura
          em que saí para me dedicar aos negócios. Primeiro tive um bar,
          depois um armazém de material elétrico industrial e por fim um
          restaurante.

           RA – Como surgiu  a  ideia  de começar um mini  “museu”
          de Marinha na sua própria casa? Como e quando é que tudo
          começou?
           CM – A ideia do mini “museu” surgiu quando comemorámos os
          nossos 50 anos de ingresso na Marinha e fomos fazer uma visita
          à Base Naval de Lisboa. Fomos visitar as fragatas Corte-Real e a
          Álvares Cabral. Os Srs. Comandantes, gentilmente, ofereceram
          ao Sr. Comandante  Gil, “Filho  da Escola”,  posters dos  navios.

































   Aspeto geral do mini "museu" de Marinha na casa
   do Sr. Carlos Mota.



          22  FEVEREIRO 2022
   17   18   19   20   21   22   23   24   25   26   27