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REVISTA DA ARMADA | 571
EVIDÊNCIAS DA TASK FORCE – II
TAREFAS FUNDAMENTAIS DOS PLANEADORES
NO APOIO AO GESTOR
A actividade do “núcleo de apoio” ao coordenador da Task O mérito da decisão do Almirante Gouveia e Melo sobre a escolha
Force, para a elaboração e implementação do “Plano de da estratégia a seguir no processo de vacinação, só pôde ser
vacinação contra a Covid-19 em Portugal”, evidenciou as tarefas medido depois de iniciada a sua implementação, não esquecendo
fundamentais dos planeadores no apoio ao gestor. que, na maior parte das vezes, se tornou necessário tempo para
No trabalho de coordenação operacional, logística e que se produzissem efeitos. Por isso, as tarefas dos planeadores
comunicacional da Task Force, a previsão das tendências de do “núcleo de apoio” não terminaram com a concepção da sua
evolução da conjuntura e o estabelecimento de cenários possíveis operacionalização estratégica. Com efeito, também verificaram se
tiveram sempre associados muita subjetividade, resultante de os objectivos foram atingidos com os meios previstos e, quando
vários factores. O Almirante Gouveia e Melo identificou que necessário, propuseram a aplicação de medidas correctivas aos
os principais foram: a estruturação da capacidade supletiva de planos de acção da vacinação, implementadas através de um
vacinação em massa; o agendamento e a convocatória de pessoas controlo regulador de resultados, fixado pelo coordenador da Task
para a vacinação contínua e ordenada; a obtenção de vacinas Force que, com base em indicadores adequados e mensuráveis,
para alimentar, com fluidez, o processo de vacinação. comparou, para cada objectivo, o grau de realização
A incerteza provocada no processo de vacinação num dado momento com o grau estimado e, em
por estes três factores, foi minimizada pelo função dos desvios, introduziu as correcções
planeamento estruturado e realizado por necessárias ao processo de vacinação.
uma equipa de especialistas do “núcleo Ao controlo regulador tanto interessam
de apoio”, que construíram cenários os meios como os fins. Por isso, quando
externos e internos, para os quais os planos de acção da vacinação
perspetivaram as potencialidades foram postos em execução, os
a empregar e as fraquezas a planeadores do “núcleo de
colmatar, tendo em vista superar apoio” supervisionaram o
os problemas e explorar as funcionamento de um ciclo de
oportunidades no caminho para a controlo, destinado a torná-
imunização dos diferentes grupos -los mais seguros, convenientes
etários. Desta forma, apoiaram e económicos possível. Este
o coordenador da Task Force ciclo está ligado à noção de
na avaliação do contexto e dos retroacção que, várias vezes,
desafios do processo de vacinação provocou a elaboração de novos
e na definição dos seus objectivos, planos de acção da vacinação
tendo em vista minimizar os danos ou, pelo menos, de ajustamentos
sociais e económicos da pandemia. nos existentes, garantindo, assim,
Depois do Almirante Gouveia e Melo a sua permanente adaptabilidade à
ter fixado e hierarquizado, por ordem dinâmica das circunstâncias externas e
de importância, os objectivos a alcançar internas da actividade da Task Force. Para
no processo de vacinação, os planeadores do isso, foi essencial a criação de uma plataforma de
“núcleo de apoio” formularam diversas estratégias “comando e controlo”, que a ligou aos mais de trezentos
adequadas, exequíveis e aceitáveis para gerar os efeitos centros de vacinação, por onde circulou, de forma permanente,
pretendidos. Em seguida, o coordenador da Task Force escolheu, pronta e clara, a informação descendente e ascendente, essencial
entre as estratégias formuladas, aquela que reputou como sendo à tomada de decisão e à coordenação operacional, logística e
a melhor, face aos recursos disponíveis e latentes, ao tempo comunicacional das actividades do processo de vacinação.
admissível e às circunstâncias existentes, bem como aos riscos e
custos inerentes à sua implementação. Concluindo, podemos afirmar que a actividade do “núcleo
Logo que o Almirante Gouveia e Melo tomou a decisão de apoio” ao coordenador da Task Force para a elaboração
sobre a estratégia a seguir no processo de vacinação, coube e implementação do “Plano de Vacinação contra a Covid-19
aos planeadores do “núcleo de apoio” conceber a sua em Portugal”, indica que a construção de cenários externos e
operacionalização, através da pormenorização dos procedimentos internos, a formulação e a operacionalização de estratégias, bem
consagrados em planos de acção que, depois de validados e como a supervisão do ciclo de controlo regulador, são as quatro
atribuídos recursos pelo coordenador da Task Force, deram tarefas fundamentais dos planeadores no apoio ao gestor.
origem a uma agenda de actividades, sequenciais e devidamente
orquestradas, a realizar pelos órgãos do Ministério da Saúde e
pelos centros de vacinação, por forma a produzirem o conjunto António Silva Ribeiro
dos efeitos desejados num determinado momento futuro. Almirante
12 MARÇO 2022