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REVISTA DA ARMADA | 576








          PRÉMIO «ALMIRANTE SARMENTO RODRIGUES» 2021



           Como parte da sua missão de promoção e divulgação do conhecimento e dos
          estudos sobre o mar e as atividades marítimas, a Academia de Marinha atribui
          um conjunto de prémios. Um deles, atribuído todos os anos ímpares, é o Prémio
          Almirante Sarmento Rodrigues, destinado a distinguir os trabalhos que denotem
          particular mérito na pesquisa, investigação científica e o estudo da história das
          atividades marítimas dos Portugueses.
           Este  prémio  é,  também,  uma  homenagem  ao  seu  patrono,  o  VALM  Manoel
          Maria  Sarmento  Rodrigues,  distinguido  oficial  da  Armada  que,  entre  outros
          importantes cargos, foi o primeiro presidente da Academia de Marinha e um dos
          seus membros fundadores.
           A 15 de março a Academia reuniu em sessão solene contando com a presença
          do CEMA/AMN, ALM Gouveia e Melo, e alguns familiares de Sarmento Rodrigues.
          A solenidade do evento foi pano de fundo para, antes de tudo, serem publicamente
          reconhecidos os valorosos esforços e contributos dos Vice-Presidentes das classes
          para o cumprimento da missão da Academia. O Almirante CEMA impôs a Medalha
          de Mérito Militar – 1ª Classe ao CALM Roque Martins, responsável pela classe de
          Artes, Letras e Ciências, e da Medalha da Cruz Naval, 1ª Classe ao Prof. Doutor Vítor
          Rodrigues, responsável pela classe de História Marítima.
           Seguiu-se  a  atribuição  do  prémio  «Almirante  Sarmento  Rodrigues  2021»,   CALM Luiz Roque Martins
          atribuído à obra “Do Algarve, a Marrocos e à Índia: Francisco Barreto e a Casa de
          Quarteira (Séc. XV-XVI”). O autor, Professor Dr. Nuno Vila-Santa, é investigador
          bolseiro de pós-doutoramento do projeto RUTTER, doutorado pela FCSH-UNL e
          Membro Correspondente da Classe de História Marítima da Academia de Marinha.
           O  júri  justificou  a  atribuição  do  prémio  pela  excelente  organização,  grande
          interesse e importância científica da obra para a historiografia portuguesa, bem
          como  pela  qualidade  do  seu  texto,  «de  conteúdo  denso  e  de  problematização
          pertinente, com uma narrativa muito fluida que torna particularmente agradável a
          sua leitura». Destacado também o conjunto muito diversificado de fontes primárias
          (muitas delas inéditas), bem como a segurança cientifica da obra, «em virtude da
          utilização  de  uma  metodologia  muito  correta,  influenciada  pelos  mais  recentes
          estudos prosopográficos, que utilizam técnicas da pesquisa histórica para proceder
          à definição de um perfil social, político e militar de figuras de relevo».
           Seguiu-se a apresentação da obra pelo seu autor, dissipando quaisquer dúvidas
          dos presentes no Auditório da Academia sobre o seu real valor. O Professor Dr. Nuno
          Vila-Santa agradeceu ao júri o prémio, à Academia a honra da distinção e a recente
          eleição para integrar a classe de História Marítima, e à Câmara Municipal de Loulé,
          todo o apoio prestado ao longo do seu trabalho.
           A obra, em 4 capítulos, centra-se em torno da figura de Francisco Barreto e da casa
          de Quarteira. No primeiro capítulo são referidas as origens da Casa de Quarteira   Prof. Doutor Vítor Rodrigues
          e dos Barreto, a sua importância no contexto no Algarve e no apoio às operações
          militares no Norte de África.
           Com a mudança de paradigma na estratégia portuguesa no Norte de África, no
          segundo capítulo é referida a adaptação da Casa de Quarteira a uma nova realidade:
          a defesa militar marítima da costa algarvia, e a ação determinante de Francisco
          Barreto enquanto governador do Estado Português da Índia, logrando expandir o
          território e efetuar reformas no aparelho do Estado.
           No terceiro capítulo é analisado o percurso ascensional da carreira de Francisco
          Barreto: as nomeações régias; as recompensas pelos bons serviços prestados; e o
          cargo de Capitão-Mor da expedição ao Monomotapa, na qual viria a morrer em 1573.
           Essa morte e as suas implicações (quebra na importância e influência da Casa de
          Quarteira, que tinha uma grande implementação territorial no Algarve) são objeto
          de análise no quarto capítulo da obra. A perda do cargo de vedor da Fazenda do
          Algarve terá estado no preâmbulo da criação do Governo-Geral do Reino do Algarve.
           Antes de concluir a sua intervenção, o Professor Dr. Vila-Santa ainda destacou a
          importância da experiência marítima na História do Império Português, na conceção
          do mundo aos olhos da ciência e na circulação do conhecimento na época moderna.
                                                                            Prof. Doutor Nuno Luis de Vila-Santa Braga Campos
                                            Colaboração da ACADEMIA DE MARINHA


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