Page 370 - Revista da Armada
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O NRP “Álvares Cabral”
O NRP “Álvares Cabral”
na STANAVFORLANT
na STANAVFORLANT
Conclusão
o artigo do último núme- do Canadá (3 0 C), e estávamos Em Cartagena, à espera da for- treino possíveis, quer pela quan-
ro da R.A. tínhamos dei- agora nas águas límpidas das ça estava o “Deputy Cinceas- tidade, quer pela qualidade de
Nxado o N.R.P. “Álvares Antilhas com temperaturas supe- tlant”, Vice –Almirante alemão J. meios disponíveis, quer ainda
Cabral” à saída do porto de New riores a 30 0 . F. Geier, que viria mais tarde a pela extraordinária situação
York no dia 5 de Julho de 1998, Durante o período de quatro embarcar em todos os navios da geográfica.
após a noite dos festejos do dia dias de permanência neste porto SNFL com o objectivo de obser- Assim sendo, todas estas
da independência dos Estados houve oportunidade para se var e avaliar uma série de exercí- capacidades iriam ser aproveita-
Unidos da América do Norte (4 realizarem várias excursões, em cios. A recepção à SNFL por das pelo nosso navio para rea-
de Julho). que participaram quase todos os parte da Marinha e autoridades lizar uma série de exercícios
Após esta agradável estadia de elementos da guarnição, e em locais colombianas foi bastante anti-submarinos, com a partici-
quatro dias numa das mais fan- que o ponto comum foram as calorosa e foi expressa por parte pação de submarinos nucleares
tásticas cidades do mundo, a extraordinárias praias deste ar- das mais altas entidades locais a americanos da classe “Los An-
SNFL rumou a Sul para o mar quipélago. vontade de que Cartagena fosse gels”, exercícios de defesa aérea,
das Caraíbas tendo como destino Após estes dias de verdadeiro local de visitas habitual desta com a participação de aviões ba-
Nassau, capital das Bahamas. Verão a força continuou para Sul força da NATO. seados em terra e em porta-aviões
Durante este trânsito, para com destino ao único porto da Após a saída deste porto, a a operar na área, e diversos exer-
além dos exercícios habituais América Latina escalado durante SNFL voltou fnalmente a tomar cícios de fogo real que não se-
duma força da NATO, a SNFL esta missão, Cartagena das Ín- rumos Norte, situação que não riam possíveis de realizar fora
iniciou a missão de colaboração dias, na costa atlântica da Co- acontecia desde a chegada a St deste cenário, e que tiveram o
na fiscalização da costa ameri- seu ponto mais alto no disparo
cana e do mar das Caraíbas no de um míssil “Seasparrow” con-
combate ao tráfico de droga. tra um alvo aéreo telecomanda-
Sendo assim, a força dividiu-se do. A força chegou a Roosevelt
em dois grupos de três navios, Roads na manhã do dia 22 de
tendo cada um dos grupos reali- Julho e na base americana en-
zado um trânsito a rumos dife- contrava-se a equipa de análise
rentes e espaçados de várias de- portuguesa (constituída por dois
zenas de milhas. Um dos grupos oficiais, um sargento, e uma
passou por o lado Oeste do engenheira electrotécnica de
canal de Providence, tendo o uma empresa civil), que se tinha
outro seguido através do lado deslocado a Puerto Rico para
Este do mesmo canal. apoiar e analisar o nosso disparo
Durante este período, todos os do míssil “Seasparrow”.
navios e embarcações mercantes Após muitas sessões de treino
ou de pesca detectados foram que tinham vindo a ser reali-
sujeitos a um interrogatório com zadas regularmente nos últimos
vista a detectar potenciais infrac- Fotografia tirada a bordo do helicóptero do N.R.P. “Álvares Cabral” (Sylvester) dois meses, toda a guarnição se
nos céus de New York.
tores. As respostas obtidas eram encontrava preparada e menta-
enviadas ao Comando da STA- lombia. Também neste trânsito a John’s, nos primeiros dias de lizada para este desafio, tendo
NAVFORLANT (CSNFL), e pos- força foi dividida em dois grupos Maio. também todos os elementos
teriormente para um comando e prosseguiu com a colaboração Estávamos agora a 20 de Julho envolvidos a consciência de que
Norte Americano em terra. A for- da fiscalização anti-droga já atrás e a guarnição preparava-se com não poderia haver falhas pois
ça voltou a reunir-se na ma- referida. Antes da chegada à grande vontade e empenhamen- não haveria uma segunda opor-
drugada do dia de chegada a Colómbia foram ainda realizados to para aquele que iria ser, a tunidade.
Nassau, mais concretamente ao vários exercícios com a Marinha nível de operações, o período Foi com este espírito que, aos
largo da ilha de Eleuthera, ilha colombiana. mais atractivo, mas também mais primeiros alvores do dia 26 de
que fica situada cerca de 100 A chegada a Cartagena deu-se difícil e cansativo da nossa mis- Julho, com a força em formatura
milhas a norte de Nassau, após a a 17 de Julho, tendo o CALM são, “Puerto Rico Operation em coluna, que o comandante
realização de um surfex (exercí- CSNFL embarcado a bordo do Aerea Work UPS 98” (PROA deu ordem para que “tocasse” a
cio de guerra de superfície). N.R.P. “Álvares Cabral” na vés- WUPS). postos de combate. Todos os ele-
A chegada a este porto era pera desse dia, desembarcando Abrimos aqui um parêntesis mentos da guarnição enver-
também aguardada com alguma depois do navio atracar. Três para referir que na ilha Puerto garam os seus “anti-flash”, colo-
ansiedade, pois estávamos agora horas antes da hora prevista para Rico está situada a Base Naval caram o colete de salvação e
a 10 de Julho e pela primeira vez a chegada, aterrou a bordo do de Roosevelt Roads, que para rapidamente ocuparam os seus
desde a saída de Lisboa a 27 de navio português um helicóptero além de ser uma das maiores e postos.
Abril, a guarnição poderia final- com onze jornalistas colom- mais importantes bases ameri- O grande momento chegou
mente gozar alguns dias de praia bianos com o objectivo de canas, tem a capacidade de pro- cerca de duas horas depois, o
neste Verão de 1998. Para trás realizarem várias reportagens porcionar a qualquer navio de alvo em aproximação foi de ime-
tinham ficado as águas geladas sobre esta força da NATO. guerra as melhores condições de diato adquirido e seguido pelos
8 DEZEMBRO 98 • REVISTA DA ARMADA