Page 47 - Revista da Armada
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EFEMÉRIDE
Engenheiros Maquinistas Navais
Engenheiros Maquinistas Navais
130 Anos
Em 11 de Dezembro
de 1998, os Engenheiros
Maquinistas Navais
comemoraram os 130 anos
da criação da classe com
um conjunto de cerimónias
que tiveram como cenário
a Escola Naval, onde figurou
uma notável exposição
evocativa.
s primeiros navios da Marinha dota-
dos de meios mecânicos de propul-
O são, ainda que complementares das
velas, tiveram os seus nomes ligados ao perío- Assistência à conferência.
do histórico que então o país atravessava. A seu nome é também traduzido para “Lorde Em 1854 quando são já 7 os navios da
24 de Julho de 1833 as forças liberais do Du- das Ilhas” e, em 1836, em homenagem a outra Marinha com propulsão mecânica (ainda
que da Terceira derrotam os miguelistas e obri- figura ilustre das guerras liberais, é finalmente que apenas auxiliar da vela), é regulamenta-
gam o governo absolutista a evacuar a capital. mudado para Terceira. do o serviço do pessoal empregado nas má-
Nas águas do Porto, foi então apresado o A máquina a vapor faz assim a sua entrada quinas a vapor dos navios da Armada e ofici-
vapor George IV (nome do anterior soberano na Marinha. na de caldeiras do Arsenal de Marinha e or-
britânico, falecido em 1830), que tinha sido Tinham então decorrido 13 anos desde a ganizado o Corpo de Maquinistas Navais, no
adquirido em Inglaterra pelo governo de D. chegada a Portugal do primeiro navio de pro- qual são incorporados os maquinistas ingle-
Miguel, e que na altura transportava muni- pulsão mista com pavilhão nacional. De ses que acompanhavam as máquinas de
ções: era um navio de casco em madeira, com facto, terá sido o “Conde de Palmella”, entra- Inglaterra e os nacionais entretanto também
propulsor de rodas de pás laterais, construído do no Tejo em 14 de Outubro de 1820, à força contratados.
naquele mesmo ano para navegar entre dos 20 cavalos que accionavam a sua roda Sobre a época, escreveu em 1913 o Al-
Londres e Liverpool. A 26 de Julho o navio de pás, a transportar a primeira máquina a mirante Brás de Oliveira (Anuário da Escola
transporta D. Pedro e o seu ministério do Porto vapor, acontecimento que terá mesmo cor- Naval, 1913) “... Transformara-se o navio e
para Lisboa. Em 1836, dois anos após o termo respondido à sua introdução prática em reconhecera-se ser a máquina a vapor ele-
da guerra civil, exilado D. Miguel, o navio é Portugal, já que a primeira aplicação na mento indispensável para a guerra. Era
designado Napier, assim perpetuando o nome indústria não terá ocorrido antes de 1835. urgente instruir as classes auxiliares indispen-
de Sir Charles Napier que tinha comandado a Com os navios apresados foram também sáveis, construtores navais e maquinistas,
esquadra liberal que, em Junho de 1833, incorporados os responsáveis pelas suas má- para acudir às exigências do momento, e
destroçou a esquadra absolutista no Algarve. quinas, já que se tratava de equipamentos recrutar em número suficiente, concedendo
Ainda em 1833, a guarnição do George IV então apenas conhecidos dos meios acadé- soldo e regalias, pessoal que viesse frequentar
apresa, em S. Martinho, o vapor inglês “Lord micos que as estudavam, e de alguns indus- a Escola Naval, a habilitar-se com o curso da
of the Isles” (título com origem no regente triais que com eles haviam contactado em sua especialidade, para servir o Estado a
tradicional das ilhas ocidentais da Escócia, um aplicações no estrangeiro ou em demons- bordo dos navios...”
dos ainda detidos pelo príncipe de Gales). O trações em Portugal. Na segunda reforma da Escola Naval, fun-
dada em 1845 em substituição da Com-
panhia Real dos Guardas-Marinhas, e por
decreto de 26 de Dezembro de 1868, é cria-
do o curso de Engenheiro Maquinista. O seu
regulamento é aprovado em 10 de Junho de
1869, ano em que são admitidos os seus 6
primeiros alunos: Augusto Esteves Ventura,
Francisco António Sequeira. Francisco
Augusto d’Oliveira, Francisco Domingos da
Cunha, Guilherme Joaquim de Almeida e
Jayme Henrique Pereira.
Entre 1869 e 1998, a Escola Naval formou
cerca de 480 oficiais com o curso de enge-
nheiro maquinista naval e com o seu suces-
Os Engenheiros Maquinistas Navais na Escola Naval. sor e herdeiro, de engenheiro naval – ramo ✎
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