Page 51 - Revista da Armada
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de mergulho autónomo com                                                           Neste contexto, transfe-
         oxigénio puro respirado em                                                       rem-se do ex-Centro de Ins-
         circuito fechado (“DAVIS” e                                                      trução de Minas e Contra-
         “SALVUS”), a Armada dá                                                           -medidas para a Escola de
         os primeiros passos na área                                                      Mergulhadores as compe-
         do mergulho militar, através                                                     tências de ensino de inacti-
         da realização de acções de                                                       vação de engenhos explo-
         treino de sabotagem, até                                                         sivos (IEE), tarefa cuja sensi-
         profundidades da ordem                                                           bilidade requere uma equi-
         dos 10 metros. Não obstante                                                      pa de formadores expres-
         esta dinâmica, são ainda                                                         samente seleccionada, pre-
         escassos os recursos hu-                                                         parada e dedicada, tendo
         manos disponíveis para                                                           em consideração os eleva-
         garantir a estabilidade da                                                       dos padrões de segurança
         actividade, ficando inclusi-                                                     exigidos durante a prática
         vamente desertos muitos                                                          de IEE e a diversidade de
         dos concursos que ao longo                                                       cenários operacionais em
         dos anos têm lugar, ao ponto  Recolha de um torpedo.                             que actua o universo diver-
         de, em 1949, a Armada contar apenas com desenvolvimentos importantes têm lugar  sificado de formandos (extensível a outros
         um mergulhador. Duas razões fundamen- nesta segunda era da história dos  ramos das Forças Armadas, a forças milita-
         tais determinam esta situação: a remune- “Mergulhadores da Armada”. Destacam-se  rizadas e a outras entidades).
         ração exígua concedida ao mergulhador entre eles, em 1964, a criação das Unidades  No âmbito do mergulho civil profissio-
         face ao risco e ao esforço físico da activi- de Mergulhadores-Sapadores, em 1969, a  nal, assiste-se com o estabelecimento do
         dade, bem como à falta de segurança de activação do navio de apoio a  mergu-  novo enquadramento legal a uma dina-
         funcionamento dos meios da época e à lhadores, dotado, mais tarde, de meios de  mização da formação (com acesso directo
         aversão natural a esta e a todas as activi- tratamento de acidentes de mal de descom-  ao mercado de trabalho do mergulho
         dades subaquáticas, ainda envoltas de mis- pressão no local de operação (N.R.P. “S.  profissional), traduzida numa maior diver-
         tério e incógnitas.                ROQUE”), em 1978, a criação da categoria  sificação dos cursos de mergulhador
           A introdução de determinadas inovações de “mergulhador em serviço militar obri-  profissional ministrados na Escola de Mer-
         orgânicas em 1949; o  lançamento em 1956 gatório”, e, em 1985, a criação da categoria  gulhadores.
         da formação na dura e eficiente escola ingle- de mergulhador-nadador de combate, esta  Por outro lado, o processo de reequipa-
         sa, daqueles que vêm mais tarde a ser os com o objectivo de introduzir na Marinha  mento das unidades de mergulhadores
         primeiros mergulhadores-sapadores e a algumas capacidades ainda não existentes  constitui um significativo passo em frente
         aquisição de novos equipamentos de mer- no âmbito das incursões anfíbias e de outras  na eficácia  do cumprimento da execucão
         gulho autónomo e semi-autónomo com ar acções especiais.               do amplo leque de accões que lhes estão
         (“COUSTEAU GAGNAN” e “NARGUI-        Em resposta a uma crescente exigência  cometidas através do respectivo conceito
         LÉ”) e de mergulho autónomo com mis- técnica no domínio da formação em mer-  de emprego.
         turas sobreoxigenadas ou oxigénio puro gulho militar, às mudanças organizacionais  A aquisição de novos e mais modernos
         (“CDBA”), capazes de permitir mergulhar a e a um aumento de meios materiais ao dis-  meios potencia assim um melhor desem-
         profundidades de, respectivamente, 60, 54 e por dos “Mergulhadores da Armada” ao  penho das tarefas de reconhecimento tácti-
         10 metros, fazem com que a actividade longo desses trinta anos, a Marinha pro-  co da costa, de inactivação de engenhos
         desponte novos atractivos e por isso se re- cede a sucessivas  reestruturações da orga-  explosivos e de demolição de obstáculos
         gista desde logo em 1953, um efectivo de nização do ensino do mergulho, por forma  em ambiente submarino, de  “sabotagem”
         três mergulhadores, que aumenta a um va- a melhor responder às especificidades da  submarina, de inactivação de engenhos
         lor médio de dois mergulhadores por ano.  actividade. Ilustram este facto a criação da  explosivos em ambiente terrestre e de tra-
           Depois de criadas em 1959 as categorias Escola de Submarinos e de Mergulhadores  balho subaquático aplicado à construção e
         de Mergulhador-Sapador, de mergulhador em 1968 e a criação da Escola de Mergulha-  manutenção de infraestruturas submersas,
         normal e de mergulhador-vigia e na tentati- dores em 1973.            e ao salvamento marítimo.
         va de dar corpo à  vertente militar do mer-  Em 1994, com a promulgação da LOMAR  Na meta final do reequipamento, a
         gulho, a Armada institui em 1961 a classe e dos respectivos Decretos Regulamentares,  Marinha, conciliando diferentes áreas do
         de Mergulhadores e cria, no mesmo ano, o com o iniciar de um importante processo de  conhecimento, designadamente do mergu-
         Centro de Instrução de Navegação Subma- reequipamento das Unidades de Mergulha-  lho profundo e da medicina de mergulho,
         rina, centro este que simboliza a primeira dores e com a promulgação do “Regula-  aspira ver concretizado o projecto de
         organização montada para levar a cabo um mento do Mergulho Profissional”, nasce,  alargamento das suas capacidades no
         ensino mais qualificado e capaz de fazer fa- digamos assim, o terceiro grande período  âmbito da guerra de minas e do salvamento
         ce a um universo de formandos mergulha- histórico dos “Mergulhadores da Armada”.  marítimo, através do aumento da profun-
         dores  progressivamente mais expressivo.                              didade de intervenção dos seus mergu-
           A acrescer a estas medidas, no sentido de                           lhadores.
         minimizar algumas  carências de pessoal                                 Até à chegada de tão honrosa efemé-
         ainda sentidas e que não permitem à                                   ride e enquanto mergulhando com con-
         Armada a aplicação plena do conhecimento                              fiança em busca, de outros segredos das
         que já detém no âmbito das acções de carác-                           tradicionais profundeza, os “Mergulha-
         ter defensivo e ofensivo próprias da “sabo-                           dores da Armada” fazem jus à intre-
         tagem” e da guerra de minas, nasce em 1968                            pidez, à diligência, à vigilância e ao ze-
         a especialização em sapador submarino,                                lo sugeridos pelo seu mais célebre lema
         aberta a todas as classes da Armada e com                             – “IN AQUA OPTIMI” !
         uma finalidade idêntica à dos mergu-
         lhadores-sapadores.
           Até ao início da década de 90, outros  Trabalho de corte submarino com maçarico.  (Colaboração da Esquadrilha de Submarinos)
                                                                                      REVISTA DA ARMADA • FEVEREIRO 99  13
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