Page 49 - Revista da Armada
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MESTRES INSIGNES
GENERAL CTEN EMQ CFRAG EMQ CMG EMQ CMG EMQ
Ferrugento Gonçalves João do Pinho João Sequeira de Castro José Rodrigues dos Santos Guilherme Vila Real
Uma área da mostra foi dedicada às asso-
ciações através das quais os engenheiros
maquinistas navais pretenderam dar divul-
gação a assuntos de natureza técnica e em
paralelo, conquistar espaço de classe de
pleno direito numa Marinha que, nalgumas
questões, parecia então ainda marcada pelos
capitães da vela, na expressão feliz de
Eduardo Scarlatti.
A Associação dos Engenheiros Machinistas
da Armada, fundada em 1884, terá mesmo
sido a segunda agremiação de engenheiros
em Portugal, naturalmente precedida da que Alocução final na cerimónia.
agrupava os engenheiros civis, tendo sido
precursora das prestigiadas “American Em 1892 é concedido alvará real a uma pécies bibliográficas da autoria de enge-
Society of Naval Engineers” (fundada em nova associação, sucessora da primeira, a nheiros maquinistas navais, de áreas técnicas
1888) e do “Institute of Marine Engineers” Associação dos Engenheiros Maquinistas Por- e de produção literária, ocuparam também
(fundado em 1889). tuguezes, na qual podiam filiar-se, para além uma área da exposição, com lugar de relevo
dos oficiais EMQ, os maquinistas para duas singulares personalidades: o
NAVIOS NOTAVÉIS DO SEC. XX da marinha mercante os enge- engenheiro Pinto Ferreira, que ingressou no
nheiros dos caminhos de ferro, e
quadro dos engenheiros maquinistas antes da
os industriaes considerados como criação do curso na Escola Naval, e foi autor
engenheiros machinistas, era, em de numerosa bibliografia de engenharia, para
boa verdade, a comunidade na- além de ter dirigido oficinas no Arsenal de
cional da machina a vapor. Marinha e de ter sido professor no ensino
Entre 1893 e 1895, a Associa- industrial e ele próprio fundador e proprie-
ção publicou a Revista Me- tário de uma fábrica, e o comodoro Eduardo
chanica Portugueza, de apresen- Scarlatti Quadrio Raposo, espírito irrequieto e
tação e conteúdo a demonstrar a multifacetado, engenheiro, crítico de teatro,
qualidade dos seus editores e jornalista, ensaísta e poeta.
colaboradores. Os navios e as suas máquinas, com desta-
Para além do fim do século que para os mais antigos também foram
Cruzador “D. Carlos I”
XIX, infelizmente, pouco mais se objecto de atenção: os primeiros submer-
sabe sobre a Associação, a não síveis (o primeiro na península), o cruzador
ser que, em data desconhecida, D. Carlos I (o maior navio combatente de
na década de 40 do século XX, é sempre na Marinha portuguesa), os destro-
criada a Liga dos Engenheiros yers (espinha dorsal da Marinha durante os
Maquinistas Navais. A Liga man- meados das décadas de 30 a 60), e a FFAH
tém actividade até cerca de 1973, “Vasco da Gama”, presente em modelo, a
publicando – entre 1964 e 1966 – ilustrar a Marinha da actualidade.
Contra-torpedeiros da classe “Vouga” alguns números de um Boletim, Em 11 de Dezembro de 1998, a propósito
o
que contém artigos técnicos e do 130 aniversário da criação do curso de
regista movimentos e promoções engenheiro maquinista naval, celebraram-se,
dos oficiais EMQ. sobretudo, os Homens, os técnicos e os
A época historicamente con- marinheiros, e a sua obra numa Marinha que
turbada terá contribuído para o todos e cada um, de diversos modos, soube-
progressivo apagamento da sua ram amar e honrar.
Fragatas da classe “Vasco da Gama” actividade.
Cerca de meia centena de es- (Colaboração da Escola Naval)
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