Page 379 - Revista da Armada
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- Não desistiria da anexação dos ter- pelos voluntários QUADRO 2 - ALTERAÇÕES NA ESQUADRA DA UNIÃO INDIANA
ritórios portugueses, objectivo político da União Indiana. Tipo Nome 1950 1955 1960
que constava do programa do Partido No campo militar Cruzador Dehli
do Congresso. implicava a necessi- Mysore
- A conquista militar não seria uma dade de, em caso de Rana
modalidade de acção provável no acção militar direc- C. Torp. Rajput
quadro da postura pacifista de Nehru. ta, as nossas forças Ranjit
Cauvery
- Era altamente provável a continuação poderem opôr uma
Kistna
das operações irregulares, sob a aparên- resistência honrosa Jumna
cia de acções isoladas de grupos irres- a forças que se sabia Sutlej
ponsáveis de populares. poderem ser esma- Ganga
Até esta altura, a política do governo por- gadoramente supe- Godvari
tuguês assentou em quatro linhas de acção riores, dispondo de Gomati
Fragatas Khukri
fundamentais: iniciativa, capaci-
1º: Não agravar nenhum problema dade de sustentação Kirpan
2º: Rejeitar firmemente as propostas de prolongada e de ba- Kuthar
Brahmaputra
transferência de soberania ses mais próximas.
Beas
3º: Reforçar a guarnição militar de forma Nestas circunstân- Betwa
a garantir a segurança interna e repelir cias, era claramente Talwar
agressões vindas do exterior inviável uma resis- Trishul
4º: Guarnecer os territórios mais impor- tência vitoriosa a P. aviões Vikrant
tantes, evitando a dispersão de forças acções militares da
Com esta atitude firme de defender o ter- União Indiana. Por isso, as discussões cen- nenhum título para reclamar a posse de
ritório por todos os meios, esperaria o travam-se em torno do volume de forças qualquer território que não lhe tivesse sido
Conselho ganhar o tempo necessário para necessário para salvar a honra, obrigando a atribuído pelo Parlamento Britânico, e o
se encontrar uma solução negociada, com União Indiana a fazer a guerra de forma a Estado Português da Índia, fundado nos
base no princípio de separação da União que a conquista não fosse legítima. princípios do século XVI, era muito anterior
Indiana e do Paquistão, fundada em Esta decisão era altamente delicada, pois à Índia Britânica, constituindo uma unidade
afinidades religiosas (hindus e muçul- se o País soubesse que a guarnição da Índia juridico-política bem caracterizada.
manos), poderia Portugal formar o núcleo era modesta e tinha por objectivo apenas Portanto, a União Indiana não poderia
cristão, materializado na Índia Portuguesa. garantir a segurança interna e proteger o aduzir título legítimo que fundamentasse as
Esta política admitia a possibilidade de os território contra ataques irregulares mas suas pretensões à anexação de Goa. Restava
pequenos enclaves, onde apenas existiam que, ainda assim, opusera resistência por saber quanto tempo mais perduraria a força
forças policiais, poderem ser libertados uns dias à invasão, esta atitude poderia ser do Direito sobre o direito da Força!
considerada um A admissão de Portugal na ONU colo-
QUADRO 1 – PRINCIPAIS NAVIOS COMBATENTES DA UNIÃO INDIANA acto heróico. Se, po- cou o país perante as dificuldades decor-
rém, as forças arma- rentes da onda de anticolonialismo. Com
Tipo Nome Ano constr. Deslocamento Armamento Velocidade
4 – 6” das portuguesas efeito, a admissão de novas nações asiáti-
8 – 4” dispusessem de cas e africanas foi, pouco a pouco, modifi-
Dehli 1932 7030 T 32 nós
14 – 40 mm muitos meios hu- cando o ambiente da Assembleia Geral,
Cruzador 4 – 3 PDR manos e materiais pelo que Portugal começou a acumular
9 – 6 ” para fazer a guerra, desaires e a posição dos seus aliados foi
Mysore 1940 8700 T 8 – 4 ” 31 nós estes nunca deixa- tomando o aspecto de cansaço e indife-
12 – 40 mm
riam de ser exíguos rença. Só a muito custo se obtinham alguns
Rana 1942 1750 T 4 – 4.7 » face aos da União apoios, cada vez mais escassos. Rela-
Rajput 1942 1750 T 4x2 PDR
Indiana e, nestas cir- tivamente ao Reino Unido, a aliança com
Ponpon
C. Torp. 31 nós cunstâncias, a derro- Portugal não funcionou porque os inte-
4/6 – 20 mm
Ranjit 1942 1750 T ta teria um efeito resses políticos, económicos e estratégicos
8T – 21”
4 DCT moral deprimente dos dois países divergiam.
Cauvery 1943 1470 T 6 – 4" nas Forças Armadas O Brasil concedeu grande apoio diplo-
1470 T 2 – 40 mm 19 nós e na Nação. mático a Portugal, tendo o seu embaixador
Kistna 1943
1300 T 2 – 20 mm No campo da em Nova Deli, Melo Franco, afirmado a
Jumna 1940 1300 T 6 – 4” fundamentação se- Nehru que as ameaças a Goa incomodavam
6 – 20 mm 18 nós guida, Portugal ar- o Brasil e que “...qualquer medida violenta
Sutlej 1940 1050 T
Fragatas 4 DCT gumentava que a contra Goa provocaria um movimento
Ganga 1941 1050 T 6 – 4” Índia propriamente geral de indignação no Brasil e que este
Godvari 1942 1050 T 4 PDR tinha uma posição suficientemente forte no
25 nós dita era a designa-
1020 T Ponpon
Gomati 1941 ção geográfica de continente americano para levantar a seu
1020 T 2/4 – 20 mm
um subcontinente lado o protesto das repúblicas americanas
Khukri 1958 1020 T 3 – 40 mm onde sempre coexis- contra a Índia em condições internacionais
Kirpan 1959 2200 T 4T – 21” 24 nós
Kuthar 1959 2200 T 2 morteiros tiram várias sobera- tão sérias que a Índia andaria avisada se
nias e só numa par- considerasse que a questão de Goa não é
Brahmaputra 1958 2200 T 4 – 4.5”
Beas 1960 2200 T 2 – 40 mm 25 nós te destas se formara apenas um pequeno problema territorial
Betwa 1960 2200 T 1 morteiro a Índia Britânica, euro-hindu”.
Talwar 1960 16000 T 2 – 4.5” dividida em 1947 Depois da crise aguda de 1954, com a
4 – 40 mm entre a União In- ocupação dos territórios de Dadrá e
30 nós
Trishul 1960 12 T – 21” diana e o Paquistão. Nagar-Aveli, entrou-se novamente numa
2 morteiros Assim, a União In- situação de inquietação, vigilância e pesa-
Porta-aviões Vikrant 1945 34 aviões 25 nós diana não possuía dos encargos.
REVISTA DA ARMADA • DEZEMBRO 2001 17