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Crónica de Timor
Crónica de Timor
Fuzileiros participam em Campanha de Vacinação
os passados dias 9, 11 e 12 de
Setembro os fuzileiros, integrados
N no Contingente Militar Português
(PKF), colaboraram na Campanha Nacio-
nal de Vacinação Contra a Poliomielite
no distrito de Manu-Fai.
Esta operação, iniciativa da Divisão de
Serviços de Saúde da UNTAET em coorde-
nação com as actividades sanitárias das
administrações dos distritos, teve a coopera-
ção, para além do PKF, de organizações não
governamentais (ONG’s) da área da saúde.
No caso do distrito de Manu-Fai, cuja
defesa está atribuída à Companhia de
Fuzileiros nº 23, merece destaque o papel
de ONG-OIKOS que dispõe de uma
equipa sediada na localidade de Same.
Campanha de Vacinação.
Assim, para chegar à povoação de Para levar a cabo a vacinação de 5.357
Weleti o trajecto a pé obrigou-nos a crianças, acção essa feita também em parte
atravessar três linhas de água, já que as pelos fuzileiros, foram empregues cinco
pontes tinham sido destruídas , sob um viaturas que percorreram um total de 750
sol abrasador tendo o indicador de tem- Kms, tendo também sido empregues dois
peratura do equipamento de navegação helicópteros das Nações Unidas para o
por satélite (GPS) marcado 39ºC, com transporte de vacinas e apoio logístico.
uma humidade superior a 70%. À chega- A campanha de vacinação contra a
da, a população esperava-nos concentra- poliomielite foi muito trabalhosa mas alta-
dos na escola primária e após conferidas mente dignificante, pois os fuzileiros senti-
as listas de vacinação, cada criança rece- ram-se bastante gratificados ao terem con-
Cartaz da Campanha de Vacinação contra a Poliomielite. bia, no dedo indicador direito, uma tribuído para que o espectro da terrível
marca de tinta indelével após o que era doença fosse significativamente reduzido
Os trabalhos iniciaram-se cerca das seis vacinada. nestas tão martirizadas terras timorenses.
horas da manhã, com a concentração de
todos os participantes junto ao edifício da
administração distrital. Formadas as oito
equipas de Fuzileiros cada uma partiu para
os diferentes aldeamentos pré-determina-
dos, após receber uma mala térmica na
qual estavam armazenadas as vacinas e
equipamentos de comunicações, a fim de
reportarem para a rede de administração,
onde estava instalado o posto de comando,
os resultados da operação. Depois de tra-
jectos difíceis e morosos, em alguns casos
parte deles efectuados a pé, foram as loca-
lidades atingidas ao fim da manhã e con-
tactados os respectivos chefes de suco que
entretanto tinham avisado as populações.
O autor desta crónica teve o ensejo de
integrar uma das equipas que procedeu à
vacinação de mais de uma centena de
crianças nas localidades de Caicasa e
Weleti e constatou das dificuldades que os
fuzileiros tiveram que vencer para cumprir
a sua missão. Patrulha sanitária.
8 FEVEREIRO 2001 • REVISTA DA ARMADA