Page 93 - Revista da Armada
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costa, somavam afunda-
mentos.
Desembarcada a tropa
seguiram-se os 1157 barris
e pipas, 2221 caixotes com
fardamentos, além de 684
outros com diversos, 7 com
automóveis e 150 com
bandagens, mais 70 sacos e
156 volumes diversos (13).
Entretanto a guarnição
desfilou com contingentes
aliados numa cerimónia
para condecorar civis e
militares.
Havendo muitos militares
a repatriar, alguns de li-
cença, outros doentes, bas-
tantes de doenças conta-
giosas, foi necessário reor-
ganizar o seu alojamento
antes de embarcarem um
Marinheiros portugueses desfilando em Brest, no Cours Dajot, em 14 de Fevereiro de 1918. alferes, dez sargentos e 242
cabos e soldados.
passou-lhe, através de uma bóia que uma aderem, sem aparente entusiasmo, ao Com o «Pedro Nunes», saiu sob a pro-
baleeira recolheu, instruções secretas que vitorioso movimento de Sidónio Pais que tecção do «Douro» e uma positiva emu-
na segunda madrugada o fazem desapare- ainda foi sacudido pela insubordinação lação entre os dois transportes trouxe-os a
cer, rumo a leste, na véspera de deman- do «Vasco da Gama». Lisboa em tempo recorde (11,5 nós).
darem, pelo Raz de Sein, a soberba entra- A 8 embarca 210 expedicionários e ao O presidente Sidónio Pais veio a bordo
da de Brest, depois de reconhecidos por lusco-fusco larga para a sua última saudar os militares que regressavam da
um caça-minas francês. viagem como navio militar de transporte, frente e visitar o navio que deveria ser
Rendido o comandante, atinge, na milha a partir do fundeadouro de Caxias onde transformado em navio hospital ou em
medida, os 9.95 nós, e dois meses depois, aguardara o crepúsculo. mercante, ao serviço do Ministério da
comboiado pelo «Douro», ao quarto dia, Uma avaria no leme fá-lo escalar Guerra.
fundeou ao largo da Parede (12) por per- Leixões e, escoltado pelo fidelíssimo
manecerem apagados os faróis. «Guadiana», enfrenta a fúria da Biscaia FRETADO AO MINISTÉRIO
Apesar da guerra ocorrer em cenários que o engolfa nos baixos das Pedras DA GUERRA
tão distantes como a França, Angola e Negras donde, numa rápida e arriscada
Moçambique será no Mar da Palha que manobra do comandante, se safa. Dias Retiradas as quatro peças de menor cali-
exercitará o seu fraco belicismo numa das depois notando-se a aguada ... salgada bre e repostos os paus de carga, em
frequentes revoluções que agitavam a entraria em doca. 1/06/1918 arriou o jaque e passou,
incipiente república. O perigo fora porém muito maior. dispondo de uma tripulação mista, ao
Desta vez, a 5/12, mais um movimento Submarinos alemães ao largo de Brest, comando do capitão Bezerra sob a autori-
que se supunha monárquico, eclodira. em especial um que pairando enfrentava dade dum capitão de bandeira (14).
Trocados uns tiros com a Rotunda bravamente o temporal e a bateria de Assinado o convénio entre a Comissão
de Transporte de Tropas e a Direcção dos
Transportes Marítimos do Estado a sua
actividade embora idêntica era, com o
fim do «roulement» (15) das tropas,
menos intensa.
Assim, fez várias viagens. Na primeira,
com 78 oficiais do exército (16), saiu a
15/06/1918 mas foi perturbada ao largo
do Cabo Carvoeiro por grossa avaria na
máquina do caça-minas «Celestino
Soares» (17) que rebocou quase até
Cascais, onde fundeou.
A 18, com norte rijo e vaga grossa,
segue então, navegando de dia e colados
à costa, escoltado pelo caça-minas
«República» e, a partir de Leixões, tam-
bém por um vapor de pesca francês, o
«Hortensia» rendido, em St Jean de Luz,
pelo caça-minas «Sans-Souci». Daí, com
bom tempo, navegam até La Pallice,
Quiberon e Brest integrados num com-
bóio defendido por duas canhoneiras,
balões cativos e grupos de dois ou quatro
O “Gil Eannes” manda uma mensagem ao “Cazenjo”, em pleno mar, 56 milhas a Oeste de Ovar. aeroplanos.
REVISTA DA ARMADA • MARÇO 2001 19