Page 20 - Revista da Armada
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um rebocador de alto-mar o qual, contudo, Levada a bom termo esta primeira bate à poluição, que se iriam iniciar a
acabaria por regressar, sem poder resgatar etapa, as preocupações voltaram-se, no partir daquele momento.
os “22 tripulantes” que se encontravam a imediato, para a possível ocorrência de Na referida reunião, onde estiveram tam-
bordo, o que apenas acabaria por ser efec- poluição, pelo que foi contactado o bém presentes o representante do Armador,
tuado somente cerca das 02.15H do dia responsável pelo Serviço de Combate à um representante da Empresa de Salva-
Poluição do Mar por mento Marítimo contratada pelo Armador,
Hidrocarbonetos (SCPMH), representantes das Agências do navio e da
da DGM, que, ainda na carga e uma representante do Clube de
tarde do dia 26DEZ, se Seguradores, e ainda, representantes da
deslocou para o local Câmara Municipal de Viana do Castelo, do
acompanhado de uma Instituto Portuário do Norte e da Direcção
pequena equipa de pessoal regional do Ambiente e Ordenamento do
e alguns meios para fazer Território, foi solicitada uma descrição do
face aos focos poluentes navio acidentado tão pormenorizada quan-
que começassem a apare- to os dados conhecidos na altura o permitis-
cer junto ao navio e nas sem, por forma a equacionar os passos que
praias próximas. se seguiriam.
A partir daquele momento foi inicia-
do um processo de combate à poluição
orientado pelo SCPMH, contando com
a colaboração pronta de equipas de
26DEZ, após se ter considerado que o pessoal da Câmara Municipal de Viana
navio não teria qualquer possibilidade do Castelo, do Instituto Portuário do
de se safar. O MRCC Lisboa accionou, Norte, da Escola Prática de Admi-
de imediato, o dispositivo que se nistração Militar da Póvoa do Varzim,
encontrava em stand-by constituído do Comando da Zona Marítima do
por um helicóptero Puma da Força Norte, estas últimas mobilizadas através
Aérea, a corveta “Honório Barreto” e das suas Cadeias de Comando, e de
o patrulha “Zambeze”, o que se reve- alguns voluntários de onde sobres-
lou de importância vital para o rápido saíram os grupos locais de Escuteiros.
início da operação de resgate. No dia 27DEZ foram iniciadas ins-
Localmente, tinham sido tomadas as Operação de transfega de combustivel. pecções às praias das proximidades
providências necessárias pela que tinham sido afectadas pelos
Capitania do Porto, estando inclusivé poluentes que entretanto iam sendo
pronto a sair o salva-vidas cuja utilização, OS ASPECTOS TÉCNICOS DA derramados pelo navio, e deslocadas
face às condições bastante adversas de mar, OPERAÇÃO equipas de pessoal para iniciarem a sua
seria sempre altamente improvável. recolha. Estas operações de recolha de
Nas proximidades do navio encalhado, os Ainda nessa mesma tarde foram convo- poluentes que envolveram diariamente
Bombeiros Voluntários e Municipais de cadas todas as entidades previstas no dezenas de pessoas e alguma maquinaria,
Viana do Castelo estariam prontos a montar o Plano de Intervenção da Capitania do duraram, aproximadamente, 2 meses, e
sistema de vai e vem, caso tal se revelasse Porto de Viana do Castelo, posto entretan- foram recolhidas cerca de 360 toneladas
necessário. to em vigor, para uma reunião de coorde- de areias contaminadas, as quais, até
Nesta, como em outras alturas, foi pro- nação das acções de prevenção e com- serem enviadas para Espanha onde seriam
videncial a colaboração dos
Estaleiros Navais de Viana
do Castelo, que disponibi-
lizaram os terrenos próxi-
mos para que os tripulantes
pudessem ser desembarca-
dos com segurança e tran-
quilidade. A operação de
resgate foi efectuada, com
êxito total aliás, entre as
03.50H e as 05.30H, pela
tripulação do helicóptero
da Força Aérea que actuou
debaixo de condições
atmosféricas extremas, reve-
lando grande coragem e
elevado espírito profissio-
nal. A primeira grande prio-
ridade do sinistro – o salva-
mento – estava, assim,
ultrapassada, podendo as
sinergias e os esforços de
coordenação ser orientados
para os passos seguintes,
também eles de enorme
complexidade. Limpeza da praia com o navio ao fundo.
18 JANEIRO 2002 • REVISTA DA ARMADA