Page 19 - Revista da Armada
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Remoção do Navio Chinês
Remoção do Navio Chinês
“Coral Bulker”
“Coral Bulker”
No imaginário cultural ociden-
tal, é suposto que o dia de
Natal seja de paz e tranquilida-
de. Assim pensámos que seria
o último. Contudo, quando o
telemóvel do Capitão do Porto
toca cerca das 23h.30 de uma
noite com tal simbologia, origi-
nado precisamente do piquete
de serviço à Capitania, acresce
sempre uma expectativa pro-
funda que algo estranho tenha
acontecido, a necessitar, por-
tanto, da intervenção urgente,
e de cariz invulgar, da Autorida-
de Marítima (AM). Era, de facto,
o caso, dado que o piquete tinha O “Coral Bulker” encalhado junto ao molhe norte.
sido alertado pelo mestre de metros de calado, 16.725 TAB de para toda a área envolvente. Como se ve-
um dos rebocadores da empre- arqueação bruta, transportava no convés rifica, uma super estrutura marítima,
sa “Tinita” em serviço no Porto (aproximadamente) 1.373 toneladas (ton.) descontrolada, carregada com vários mi-
de Viana do Castelo para o de toros, 1.760 ton. de estacas, 106 ton. lhares de toneladas de carga e acarretan-
de postes e 109 ton. de madeira serrada.
do, indubitavelmente, um perigo efectivo
facto do navio mercante “Coral Nos cinco porões, existiam 10.815 ton. para o ecossistema.
Bulker”, de bandeira chinesa e métricas de serradura e 5.839 ton. métri- Durante cerca de duas horas foram
registo em Hong Kong, parecer
estar à garra, aproximando-se
perigosamente do molhe exte-
rior do porto. A confirmação
veio logo de seguida com um
pedido de socorro em canal 16.
OS FACTOS
navio tinha chegado ao porto de
Viana do Castelo na tarde do dia
O24DEZ mas devido ao agravamen-
to do tempo não foi possível a sua entrada,
tendo inclusivé a barra sido fechada à
navegação pelo que o comandante do
navio optou por fundear a 0,8 milhas do
molhe exterior. Posição essa, mantida, até
ao momento em que o navio começou a
garrar e que devido ao agravamento das
condições de tempo e mar, com fortes Porto de Viana do Castelo com a posição do navio encalhado.
rajadas, chuvas intensas e ondulação supe-
rior a cinco metros, ficou demonstrado que cas de estilha, e nos tanques de reserva mantidos alguns contactos com o coman-
não permitiu uma resposta atempada. 610 ton. de fuelóleo e cerca de 100 ton. dante do navio, fundamentalmente no
O “Coral Bulker”, de 169.03 metros de de gasóleo/óleos lubrificantes, constituin- sentido de lhe prestar alguma ajuda,
comprimento, 27.2 metros de boca, 8.00 do, assim, uma grave ameaça ambiental tendo mesmo chegado a sair de Leixões
REVISTA DA ARMADA • JANEIRO 2002 17