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Remoção do Navio Chinês
            Remoção do Navio Chinês



                                 “Coral Bulker”
                                 “Coral Bulker”




         No imaginário cultural ociden-
         tal, é suposto que o dia de
         Natal seja de paz e tranquilida-
         de.  Assim pensámos que seria
         o último. Contudo,  quando o
         telemóvel do Capitão do Porto
         toca cerca das 23h.30 de uma
         noite com tal simbologia, origi-
         nado precisamente do piquete
         de serviço à Capitania, acresce
         sempre uma expectativa pro-
         funda que algo estranho tenha
         acontecido, a necessitar, por-
         tanto, da intervenção urgente,
         e de cariz invulgar, da Autorida-
         de Marítima (AM). Era, de facto,
         o caso, dado que o piquete tinha   O “Coral Bulker” encalhado junto ao molhe norte.
         sido alertado pelo mestre de       metros de calado, 16.725 TAB de    para toda a área envolvente. Como se ve-
         um dos rebocadores da empre-       arqueação bruta, transportava no convés  rifica, uma super estrutura marítima,
         sa “Tinita” em serviço no Porto    (aproximadamente) 1.373 toneladas (ton.)  descontrolada, carregada com vários mi-
         de Viana do Castelo para o         de toros, 1.760 ton. de estacas, 106 ton.  lhares de toneladas de carga e acarretan-
                                            de postes e 109 ton. de madeira serrada.
                                                                               do, indubitavelmente, um perigo efectivo
         facto do navio mercante “Coral     Nos cinco porões, existiam 10.815 ton.  para o ecossistema.
         Bulker”, de bandeira chinesa e     métricas de serradura e 5.839 ton. métri-  Durante cerca de duas horas foram
         registo em Hong Kong, parecer
         estar à garra, aproximando-se
         perigosamente do molhe exte-
         rior do porto. A confirmação
         veio logo de seguida com um
         pedido de socorro em canal 16.



         OS FACTOS

               navio tinha chegado ao porto de
               Viana do Castelo na tarde do dia
         O24DEZ mas devido ao agravamen-
         to do tempo não foi possível a sua entrada,
         tendo inclusivé a barra sido fechada à
         navegação pelo que o comandante do
         navio optou por fundear a 0,8 milhas do
         molhe exterior. Posição essa, mantida, até
         ao momento em que o navio começou a
         garrar e que devido ao agravamento das
         condições de tempo e mar, com fortes  Porto de Viana do Castelo com a posição do navio encalhado.
         rajadas, chuvas intensas e ondulação supe-
         rior a cinco metros, ficou demonstrado que  cas de estilha, e nos tanques de reserva  mantidos alguns contactos com o coman-
         não permitiu uma resposta atempada.  610 ton. de fuelóleo e cerca de 100 ton.  dante do navio, fundamentalmente no
           O “Coral Bulker”, de 169.03 metros de  de gasóleo/óleos lubrificantes, constituin-  sentido de lhe prestar alguma ajuda,
         comprimento, 27.2 metros de boca, 8.00  do, assim, uma grave ameaça ambiental  tendo mesmo chegado a sair de Leixões
                                                                                     REVISTA DA ARMADA • JANEIRO 2002 17
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