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Fig. 3 – Operação de lançamento à água da sonda CTD, a bordo do NRP “D. Carlos I”, Fig. 4 – Lançamento de um perfilador de corrente descartável (XCP) realizado a bordo
durante a campanha MEDTOP 01/1 (19/02/01-01/03/01). Esta sonda, à medida que do NRP “D. Carlos I”, durante a campanha MEDTOP 01/1 (19/02/01-01/03/01). Este
afunda, vai enviando para o sistema de aquisição a bordo os dados de temperatura, aparelho, à medida que vai penetrando na coluna de água, envia para bordo os dados
condutividade e pressão ao longo da coluna de água. A partir destes valores pode- que vai medindo (componentes zonal e meridional da corrente e temperatura) através
-se calcular a salinidade aos vários níveis. de um sistema rádio que fica à superfície no local onde o aparelho foi lançado.
A estrutura dinâmica associada a lizando dados de satélite no domínio perfis verticais de temperatura e sali-
estes anticiclones parece ter reper- dos infravermelhos (dados da tempera- nidade (Fig. 3);
cussões tanto nas camadas abaixo como tura da superfície do mar) e das micro- • Batitermógrafos descartáveis – XBTs
acima dos vórtices (Pingree, 1995). A ondas (dados do relevo da superfície do - para obter perfis verticais de tempe-
assinatura à superfície de meddies mar) que assinalaram, em correspon- ratura;
detectados a cerca de 1200 m de pro- dência directa com a presença dos vór- • Perfiladores de corrente descartá-
fundidade foi posta em evidência uti- tices profundos, a existência de uma veis – XCPs (Fig. 4), para medir a cor-
rotação anticiclónica à rente ao longo da coluna de água. O
superfície (Oliveira et al., fundamento físico deste aparelho
2000). baseia-se na medição da força electro-
motriz gerada pelo movimento da água
3. UMA CAMPANHA (i.e., pela corrente) na presença do
EM BUSCA DE MEDDIES campo magnético terrestre;
• Bóias derivantes para seguir a cor-
No âmbito do Projecto rente à superfície;
de I&D “Subcorrente Me- • Flutuadores de profundidade
diterrânica – vórtices e RAFOS (Fig. 5), calibrados para segui-
efeitos topográficos (MED- rem a corrente a profundidades selec-
TOP)”, financiado pelo cionadas (neste caso, 300 m, 500 m,
Programa Dinamizador 800 m e 1200 m) e programados para
das Ciências e Tecnologias voltarem à superfície ao fim de um
do Mar, o Grupo de Ocea- determinado período (neste caso, 310
nografia Física do Instituto dias);
de Oceanografia realizou Na primeira parte da campanha pro-
entre 19 de Fevereiro e 1 de cedeu-se à colocação de uma amar-
Março de 2001, uma cam- ração com uma fonte sonora para a
panha oceanográfica a bor- localização, por meios acústicos, dos
do do NRP “D. Carlos I”. flutuadores de profundidade RAFOS (em
Esta campanha estava en- Novembro de 2000, uma outra fonte
quadrada nos objectivos sonora já havia sido colocada num
gerais do Projecto, no- local próximo).
meadamente, a investi- A segunda parte da campanha foi
gação dos aspectos dinâ- dedicada à realização de linhas de
micos dos meddies ao CTD e XBT para obter a estrutura do
largo da costa sul de campo termohalino na região do Ca-
Portugal e do papel dos nhão de Portimão, tendo em vista a
canhões submarinos na investigação da dinâmica dos vórtices
geração destes vórtices. de Água Mediterrânica. A transmissão
Os métodos de observa- para bordo de imagens da temperatura
Fig. 5 - Lançamento de um flutuador de profundidade RAFOS, realizado a ção utilizados durante esta da superfície do mar obtidas por saté-
bordo do NRP “D. Carlos I”, durante a campanha MEDTOP 01/1
(19/02/01-01/03/01). O trajecto de cada flutuador é seguido acustica- campanha (MEDTOP 01/1) lite e recebidas no Centro de Ocea-
mente, i.e., o flutuador vai recebendo os sinais acústicos emitidos por incluiram os seguintes nografia Espacial do Instituto de
duas ou mais fontes sonoras colocadas previamente em amarrações. equipamentos: Oceanografia, permitiu a identificação
Quando o flutuador termina a missão e volta à superfície, toda a infor- • Sonda de registo con- de regiões onde potencialmente po-
mação nele acumulada (a qual inclui, para além dos registos de recepção tínuo de condutividade, deriam existir meddies. Com base nes-
dos sinais acústicos, registos da temperatura e da pressão medidas ao
longo do trajecto) é enviada para os satélites do sistema de informação temperatura e profundi- tas imagens e nos dados de CTD e
ARGOS, o qual a recebe e dirige para os respectivos utilizadores. dade (CTD), para obter XBT colhidos, foi possível localizar
14 AGOSTO 2002 • REVISTA DA ARMADA