Page 50 - Revista da Armada
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Antenas COMO “MORRE” UM SATÉLITE
Do conjunto de equipamentos que equipam um satélite,
fazem parte as antenas, sendo o seu tipo adequado ao sinal por Construídos presentemente, como vimos, para uma vida acti-
elas canalizado. Os modelos comuns são: va que ronda uma dezena de anos, os satélites poderão, por
a) antenas omnidireccionais, cuja função principal é mais que uma razão, ver terminado o seu período de actividade.
canalizarem sinais de telemetria, de comando e controlo, inde- As evoluções tecnológicas têm permitido prolongar a sua vida
pendentemente da orientação do satélite. activa; contudo, e apesar da redundância de sistemas a bordo,
b) antenas (tipo cone) com uma abertura angular de radia- uma falha num sistema vital poderá condenar a sua utilização.
ção, que permite uma cobertura de grandes espaços. Embora um satélite em órbita estacionária não esteja condi-
c) antenas parabólicas, funcionando como reflectores, inte- cionado a distúrbios atmosféricos, “vivendo” muito próximo
grando muitas vezes várias antenas tipo cone que permitem do vácuo no espaço, outras “perturbações” o afectam, o que
irradiar sinais múltiplos, iluminando diversas faixas mais estrei- obriga a monitorização e correcções permanentes da sua
tas. posição, recorrendo a motores e pequenas turbinas de gás.
Situações há em que o satélite continua “electricamente” a fun-
Sistema de Telemetria, Comando e Controlo cionar bem, mas devido ao esgotamento do combustível para
Dos equipamentos instalados a bordo do satélite, não os pequenos propulsores de correcção, os satélites são obriga-
podemos esquecer aqueles que, pela sua importância, con- dos a ser conduzidos para fora da órbita de funcionamento de
tribuem, juntamente com as estações de controlo em Terra, modo a não perturbar outros satélites e ser desactivados.
para a sua manutenção e estabilidade em órbita estacionária: Devido à ausência de atmosfera, continuarão a girar em órbita
• Equipamentos de telemetria responsáveis pelo manusea- geoestacionária descontrolada. Embora com probabilidades
mento de dados recolhidos por sensores a bordo do satélite e diminutas, a reentrada na atmosfera terrestre é possível e a co-
depois enviados para as estações de controlo em Terra; lisão com a Terra é também uma hipótese. Contudo, tendo pre-
• Equipamentos de comando e controlo que, em resposta a sente os consideráveis progressos tecnológicos, poderemos um
instruções vindas de Terra, permitem activar/desactivar dia, se economicamente for rentável, assistir à sua recuperação
equipamentos, comutar sistemas redundantes ou corrigir o e reabastecimento a exemplo do que acontece já hoje com os
comportamento do satélite em órbita (activação de pequenos satélites de órbita baixa.
motores para correcção da órbita; activação de pequenas
turbinas de gás de modo a preservar a estabilidade do satélite, António Videira
assegurando assim que as antenas continuem sempre a apon- SAJ TRC
tar para a direcção correcta). (Instrutor Satcom na NCISS Latina-Itália)
ACADEMIA DE MARINHA
ACADEMIA DE MARINHA
“A Nova Lei Marítima de Macau.
“A Nova Lei Marítima de Macau.
As Razões de uma Discordância”
As Razões de uma Discordância”
m 27 de Novembro de 2001 teve lugar Referia-se aos sistemas social e económico gislação marítima outorgada a Macau pelo
na Academia de Marinha uma comuni- de Macau no tempo da autoridade portugue- Dec. Lei 109/99/M de 13.12.99 “publicado
Ecação apresentada pelo membro da sa e das subtis transformações que, aos em ablativos de partida” faça o papel de
Academia, Dr. Mário Raposo, subordinada poucos, os vão alterando dando-lhe outras “parente pobre”.
ao título “A Nova Lei Marítima de Macau – feições normativas, tudo isto apesar do O orador a isso se referia, comparando
As Razões de uma Discordância”. Anexo I à Declaração Conjunta de 26.03.87 vários aspectos técnicos da legislação suscep-
O Presidente da Academia, CALM Rogério assinada pelos Governos de Portugal e da tíveis de conflito e controvérsia, e lamentan-
d’ Oliveira, abriu a sessão fazendo uma China acautelarem que aqueles sistemas do que, antecipadamente, o Dec. Lei de
descrição da relevante posição do orador no “manter-se-iam basicamente inalterados”. 13.12.99 não tivesse sido mais bem pensado
mundo jurídico marítimo e dos vários cargos A China, no âmbito do Direito Marítimo, e digerido, de forma a não vir a proporcionar
e funções já desempenhados, entre eles, o de conta hoje com uma legislação e com uma a criação de áreas susceptíveis, eventual-
Bastonário da Ordem dos Advogados e o de doutrina altamente evoluídas e daí que a le- mente, de atrito e contencioso.
Ministro da Justiça. Seguiu-se um período de
Usando então da pa- perguntas e respostas, que o
lavra, o Dr. Mário Raposo orador aproveitou para
espraiou-se em conside- aprofundar o seu pensamen-
rações variadas sobre a sua to sobre legislação marítima.
vida jurídica, tendo ainda Seguidamente, o Presidente
referido as diversas especi- encerrou a sessão à qual
ficidades e complexidades assistiram além de membros
do direito marítimo comer- da Academia, vários convi-
cial, o qual apresenta, dados e ainda personali-
ainda hoje aspectos muito dades ligados à jurisprudên-
controversos e discutíveis cia marítima.
de acordo com vários au-
tores consagrados nacio- (Colaboração da Academia de
nais e estrangeiros. O Dr. Mário Raposo proferindo a sua conferência. Marinha)
12 FEVEREIRO 2002 • REVISTA DA ARMADA