Page 49 - Revista da Armada
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órbitas dos satélites e que, por instruções transmitidas a partir des-
ses centros, accionam pequenos motores nos satélites, corrigindo
assim o seu percurso ou movimentos rotativos a que o satélite se
encontra sujeito, como qualquer corpo celeste. Inversamente, do
satélite recebem sinais de telemetria, de reconhecimento de dados e
informações relativas a distâncias. Há, como é óbvio, muitas outras
trocas de informação entre os centros espaciais em Terra e o satélite
em órbita e a azáfama é enorme no período que decorre entre o
lançamento e o início da entrada em serviço. Controlo e correcção
do deslizamento natural que o satélite sofre em cada órbita, cor-
recção da posição angular do satélite, estabilização do mesmo e
orientação de antenas e painéis solares são, entre outras, tarefas
que envolvem nesta fase simultaneamente mais do que um centro
espacial em Terra.
COMPONENTES DE UM SATÉLITE
Uma força propulsora colocará o satélite em órbita. Produção de energia
O uso de painéis solares para captação e conversão da energia
em sistemas de navegação marítima e aérea, em meteorologia e solar em energia eléctrica constitui a principal fonte de energia do
outras aplicações de observação, rastreio, cartografia, etc. satélite. A exposição destes colectores à incidência dos raios solares
é ajustada automaticamente de forma a assegurar que a relação
LANÇAMENTO DE UM SATÉLITE energia solar captada/energia eléctrica produzida seja máxima. São
eles igualmente quem alimenta as baterias recarregáveis que o
O lançamento e a colocação em órbita exacta de um satélite é satélite transporta, cuja utilização é imprescindível na fase de lança-
uma tarefa bastante dispendiosa (os custos por Kg rondam os mento do satélite e em momentos de ocultação solar (eclipses). No
50.000 dólares – aprox. 11.250 contos – 56.114€), requerendo eleva- espaço, a sua carga/descarga é permanentemente objecto de um
da tecnologia. controlo rigoroso.
Os satélites são normalmente lançados no sentido de rotação da Do conjunto painéis solares/baterias, depende grandemente a
Terra, aproveitando assim a sua velocidade (1.690km/h) e sobre a longevidade do satélite.
linha do equador, onde essa velocidade é maior, requerendo, con-
sequentemente, no lançamento, uma menor potência aos reactores. Sistemas Electrónicos de Comunicações
Utilizam-se actualmente dois veículos diferentes para o lança- Concebidos para terem uma duração média de 10 anos, os
mento de satélites: foguetes não reutilizáveis e, o conhecido “space satélites de comunicações deverão durante este período ser capazes
shuttle”, que é, como sabemos, reutilizável. de assegurar fiabilidade e estabilidade nas comunicações.
Este último veículo concorre com o primeiro, oferecendo lança- Uma vez no espaço, as hipóteses de reparação dos satélites são
mentos a custo inferior, uma vez que o mesmo lançamento pode diminutas e limitadas; como tal, além da elevada qualidade dos
associar mais que uma tarefa, como p. ex. reparar satélites já em componentes utilizados que lhes permite resistir às adversidades
órbita. térmicas, os equipamentos que os satélites transportam são igual-
A limitação deste veículo coloca-se na sua incapacidade de colo- mente redundantes.
car satélites geoestacionários na sua órbita final. Sendo eles o coração do satélite e aqueles que cumprem a missão
Para tal, os satélites por ele transportados são colocados numa deste, aos equipamentos compete receber os sinais vindos de
primeira órbita chamada de parqueamento, tipicamente posiciona- estações terrestres, processá-los electronicamente e devolvê-los de
da a cerca de 270 kms de altitude, onde o satélite, depois de per- novo aos utilizadores em Terra. As unidades que no satélite execu-
feitamente estabilizado numa órbita circular, é lançado rumo à sua
órbita geoestacionária.
Este inconveniente não existe nos veículos de foguetes não reuti-
lizáveis, já que estes colocam directamente os satélites na sua órbita
geoestacionária. Um destes exemplos é o da Agência Espacial
Europeia com os foguetes Ariane; compostos por vários andares
propulsores, dos quais se vai libertando no seu percurso elíptico à
volta da Terra, estes foguetes transportam os satélites até atingirem
um ponto no espaço, chamado “apogeu”, aos 36.000 kms de alti-
tude, virtualmente coincidente com a órbita geoestacionária desses
mesmos satélites. Aqui, os satélites são impelidos para a sua órbita
final, a qual pode ser corrigida a partir da Terra, mercê de pequenos
propulsores de que eles próprios dispõem.
CONTROLO DO SATÉLITE EM ÓRBITA
Numa órbita síncrona ou geoestacionária, qualquer corpo ocupa no
espaço sempre a mesma posição relativa, sujeitando-se esta a alte-
rações, mercê das forças a que permanentemente esse corpo se Descrição das partes do satélite.
encontra sujeito.
A um satélite de comunicações coloca-se a questão de focar sem- tam esta função chamam-se transponders , sendo o seu número
pre a mesma superfície terrestre. Deste modo, para que a posição se dependente do número de carriers - transportadores de sinais com
mantenha estacionária é necessário que permanentemente a sua uma determinada largura de banda.
posição seja monitorizada e a sua trajectória corrigida. Esta activi- É normal em satélites de comunicações modernos o número de
dade está a cargo de centros espaciais que em Terra controlam as transponders ir além da dezena.
REVISTA DA ARMADA • FEVEREIRO 2002 11