Page 54 - Revista da Armada
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Cerimónias Evocativas do 40º Aniversário
            Cerimónias Evocativas do 40º Aniversário

                         dos Combates Navais na Índia
                         dos Combates Navais na Índia




               Marinha Portuguesa                                                         se torna esta expressão de fé e de
               decidiu levar a cabo                                                       homenagem: nesta Família nin-
         A um vasto programa                                                              guém ficou de fora.
         de cerimónias de home-                                                             As avaliações da acção dos
         nagem aos seus militares que                                                     militares portugueses nesse
         estiveram envolvidos nos                                                         período prendem-se a âmbitos
         combates navais na Índia em                                                      ideológicos, não sendo estranho
         Dezembro de 1961.                                                                que, em fases diferentes, tives-
           A organização dos eventos                                                      sem sido propostas, a par do
         coube à Comissão Cultural                                                        indefectível elogio aos comba-
         da Marinha e ao Gabinete do                                                      tentes mortos, ora a punição ora
         Almirante CEMA, tendo                                                            a retratação da pena.
         sido o respectivo programa                                                         De igual forma, o aplauso à
         atempadamente divulgado                                                          entrega até à morte, enquanto
         na Revista da Armada que a                                                       sentido da utilidade da vida, e o
         este tema dedicou o seu                                                          demérito à recusa da aceitação
         número de Dezembro.                                                              da morte enquanto inutilidade, e
           As cerimónias tiveram iní-  Celebração eucarística presidida por D. Januário Torgal Ferreira.  ainda nos nossos dias são temas
         cio no dia 18 de Dezembro,                                                       de exclusão mútua, pelo menos
         pelas 10h.15, com a celebração de uma missa  Da homilia de D. Januário, salientamos a  em determinados sectores.
         por alma dos militares falecidos na Índia,  dado passo:                 Aguardamos o juízo da História, confirmando
         que teve lugar na Igreja de Santa Maria de  “ Encontramo-nos neste halo quase mítico do  ou anulando hipóteses que têm emergido dos seus
         Belém - Jerónimos. Presidida por Sua  Mosteiro dos Jerónimos em preito de Memória,  domínios”.
         Excelência reverendíssima, o Bispo das  Homenagem e Fé aos militares há quarenta anos  E a concluir:
         Forças Armadas e Segurança, D. Januário  falecidos nos combates navais na Índia.  “Das dificuldades de fundo de há quarenta
         Torgal Ferreira, e concelebrada por todos os  Fazer Memória envolve duas dimensões fun-  anos muitas delas ainda subsistem no pedido por
         capelães da Armada, designadamente o  damentais: a primeira traduz o arrastamento de  parte de antigos combatentes.
         novo Vigário Geral Castrense, Capelão  um passado para o domínio de situações contem-  Por outro lado, é cada vez mais exigente,
         Manuel da Costa Amorim. A celebração  porâneas, no sentido de proclamar a consan-  porque oportuno, passar-se do preconceito ao con-
         eucarística encheu por completo as naves da  guinidade das pessoas, a intimidade de aconteci-  ceito, no tocante à perspectiva da administração e
         igreja, repleta de familiares, militares da  mentos e a inseparabilidade de factos.  do poder, pela atribuição à Marinha Portuguesa
         Armada e convidados, donde se destacava a  Tratando-se de uma Instituição tão alta como a  das condições de tal forma justas que a presença
         presença do Almirante CEMA, do Vice-  Marinha, a Memória relembra o combate à  da mesma Marinha não corra o risco nem se
         -Chefe do Estado Maior do Exército e dum  injustiça e ao esquecimento.  reduza a pura simbologia.
         representante do Chefe do Estado-Maior da  Uma segunda dimensão revela que as enti-  O devotamento das suas pessoas é sempre
         Força Aérea. Os cadetes da Escola Naval  dades históricas, vividas por tantos de nós com  desrespeitado quando à realidade se  prefere a
         que constituíram o coro misto e o grupo  rara intensidade, como as de há quarenta anos,  ficção.
         musical que os acompanhou, dirigidos pelo  ganham sentido hoje, como textos vivos a fala-  Foi a vida de pessoas que hoje nos reuniu no
         maestro Eng.º Sousa Lôbo, professor da  rem-nos e a serem acolhidos!  Mosteiro dos Jerónimos: lembrámo-las na
         Escola Naval, abrilhantaram magnifica-  Sendo os combates navais da Índia um fenó-  saudade; por elas rezamos, na comunhão dos
         mente toda a cerimónia, carregada dum  meno do nosso tempo, perante os quais as paixões  Santos.
         misto de emoção e espírito evocativo que a  ainda não serenaram nem o juízo crítico se tem  Que Jesus Cristo, tão próximo do Seu Natal,
         todos sensibilizou.                podido mover com agilidade ideal, mais meritória  receba a permissão de Ele ser “Deus connosco””.























         Assistência à celebração.                                                              Aspecto geral da celebração.
         16 FEVEREIRO 2002 • REVISTA DA ARMADA
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