Page 131 - Revista da Armada
P. 131
-e -Guerra, tendo, três meses mais tarde, CERQUEIRA, Afonso Júlio de, A Marinha Mili- Notas
sido promovido, por distinção, ao posto tar na Ocupação de África, Lisboa, Soc. Nac. de Ti- (1) Na zona do Rossio, numa casa posteriormente
pografia, 1938
de Contra-Almirante. CRUZ, CFR Frederico, “Discurso em Homenagem demolida para a construção do edifício da Caixa Ge-
Entre várias distinções, possuía o grau ao Almirante Cerqueira”, Anais do Clube Militar Naval, ral de Depósitos.
de Oficial da Ordem da Torre e Espada, tomo LXXXIV, OUT-DEZ1954, pp. 244-272 (2) Frequentara o liceu ainda em Viseu.
(3) Nesse conflito, que opôs os Almirantes Custó-
MARTINS, Luís Augusto Ferreira, Marinheiros
os graus de Cavaleiro e de Comendador em Terra, Lisboa, Agência Geral do Ultramar, Lis- dio de Melo e Saldanha da Gama ao Marechal Flo-
da Ordem Militar de Aviz, uma Cruz de boa, 1952 riano Peixoto, a força naval portuguesa deu asilo aos
Guerra de 1ª Classe, a Medalha da Vitória OLIVEIRA, Manuel Alves de [1902] ; RÊGO, Ma- militares vencidos.
(dos Aliados na Gran- (4) Entre outras unidades
de Guerra), Medalha de mencionadas no corpo do pre-
sente texto, prestou serviço no
Ouro de Comportamen- Corpo de Marinheiros e no Ar-
to Exemplar e 3 Medalhas senal de Marinha; foi instrutor na
de Ouro das Campanhas Escola de Alunos Marinheiros,
do Exército Português. na Escola de Artilharia Naval e
Além dos navios atrás na Escola de Torpedos e Electri-
mencionados, comanda- cidade; e ainda Superintenden-
te do Serviço Naval da Defesa
ra, ainda, as canhoneiras Submarina e Chefe da Estação
“Faro” e “Lagos”; o rebo- de Barragens e Minas.
cador “Bérrio”; os vapores (5) Como no relatório que
“Funchal” e “Cabo Ver- efectuou, mercê da sua grande
de”; o caça-minas “Aze- modéstia, absteve-se de fazer
referência à sua própria pessoa,
vedo Gomes”; e o cruza- deixou que fossem atribuídos
dor “S. Gabriel”. a outro oficial os créditos des-
Faleceu em Lisboa a ta proeza.
31 de Março de 1957, (6) Refira-se que o envolvi-
não sem que antes tives- mento da Marinha nas opera-
ções terrestres se deveu a dois
se o justo prémio de rece- motivos: 1º - o facto da Marinha
ber, em vida, algumas das ser, desde sempre e por tradição,
homenagens que lhe eram a ligação física entre a Metrópole
devidas, assim como a ve- O Almirante Afonso Cerqueira agradece a homenagem no Clube Militar Naval em que foi descerrado e as colónias (em cuja adminis-
um seu retrato.
tração se encontrava largamente
neração das gerações mais representada), o que lhe conferia
novas que puderam ainda ter o privilégio nuela [1952], O Grande Livro dos Portugueses: 4000 Per- a obrigação de participar activamente na sua defesa;
de conhecer a sua alegre popularidade, a sonalidades em Texto e Imagem / texto Manuel Alves de 2º - a maior habituação dos marinheiros a climas tro-
sua contagiante simpatia e, acima de tudo, Oliveira, pesq. iconográfica Manuela Rego, Lisboa, picais que, mesmo em terra, os dotava de um valor
Círculo de Leitores, D.L., 1990, p. 148
acrescido em termos de força combatente.
a humilde simplicidade de quem sempre RODRIGUES, Manuel Maria Sarmento, A Vida do (7) O primeiro viria a morrer quando o caça-minas
encarou as suas proezas guerreiras como Almirante Afonso de Cerqueira Combatente Heróico da que comandava (o “Roberto Ivens”) embateu numa
mais uma tarefa do dia-a-dia. Terra e do Mar (separata da Revista de Marinha), Lis- mina alemã ao largo de Cascais. O segundo tombaria
Z boa, 1958 SOARES, CTEN A. J. Silva, “A Extinção durante um heróico e desigual combate entre o seu
Jorge Manuel Moreira Silva da Aviação Naval (1ª parte)”, Revista da Armada, nº caça-minas (o “Augusto Castilho”) e um submarino
285, JUL2002, pp. 17-20
alemão ao largo dos Açores.
1TEN
SOARES, CTEN A. J. Silva, “A Extinção da Avia- (8) Pereira d’Eça, partidário declarado da inter-
ção Naval (conclusão)”, Revista da Armada, nº 286, venção portuguesa na Guerra (que antes lhe valera
Bibliografia AGO2002, pp. 8-11 o afastamento do cargo de Governador de Angola),
CAMPOS, José Moreira, O Último Capitão (sepa- TADEU, Viriato, Quando a Marinha Tinha Asas, fora nomeado para substituir o General Alves Roça-
rata da revista Beira Alta), Viseu, s.d. Edições Culturais de Marinha, 1984 das, cujas tropas sofreram os primeiros “embates”
CARDOSO, Leonel, “Almirante Afonso Cerqueira VÁRIOS, Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasi- germânicos.
no Centenário do seu Nascimento”, Anais do Clube leira, Lisboa/Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, (9) Esta munição, concebida em 1897 pelo Exérci-
Militar Naval, Lisboa, 1972, pp. 6-9 1967, vol. 6, pp.516-517 to Britânico na Índia (no arsenal de Dum Dum, daí o
seu nome) caracterizava-se pelo facto de apresentar,
na ponta, uma abertura na sua blindagem perfuran-
te, de modo a expor o seu núcleo de chumbo. Ao pe-
netrar no alvo, a sua ponta expandia-se e achatava,
o que a tornava extremamente mortífera. Devido a
estas características, fora banida pela Convenção de
Haia de 1899.
(10) E na mesma mensagem informava que caso as
ordens não chegassem em tempo útil – o que era mais
do que provável – tomaria a liberdade de avançar.
(11) Pouco depois chegaria a notícia de que as tro-
pas alemãs da Damaralândia se tinham rendido aos
sul-africanos, comandados pelo General Botha. O
desproporcionado ataque alemão ao forte de Nauli-
la (se não contarmos com uma pequena escaramuça,
também junto a Naulila, que servira de pretexto ao
ataque, e do massacre da guarnição portuguesa do
posto de Cuangar) tinha constituído o único combate
directo entre alemães e portugueses, com resultados
desastrosos para o exército nacional. Não chegou, as-
sim, a haver ocasião de desforra.
(12) O anterior comandante, Capitão-Tenente Co-
riolano da Costa, tendo sucumbido à fadiga e à dureza
do clima, fora mandado regressar à Metrópole pela
Junta de Saúde Naval pouco tempo antes (com ele
seguira o Segundo-Tenente Carvalho Araújo). Afon-
so Cerqueira recebera o comando do Batalhão ainda
NRP “Afonso Cerqueira”. como Primeiro-Tenente.
REVISTA DA ARMADA U ABRIL 2003 21