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O N.R.P. “JOÃO COUTINHO” NOS AÇORES


              m 27 de Dezembro de 2004, o N.R.P.   Do programa da cerimónia, coube ao Cte  o ocaso do Sol. A partir dos primeiros alvo-
              “João Coutinho” partiu da Base Naval  do “João Coutinho”, CTEN Palhas Eze-  res foram retomadas as bus cas, tendo sido
         Ede Lisboa para dar início a mais uma  quiel, proferir uma alocução, na qual des-  alargada a área, recorrendo-se ao apoio de
         comissão na Zona Marítima dos Açores, com  tacou as an teriores missões do navio, pres-  um meio aéreo, Aviocar C-212 e mais tarde
         a duração cerca de 3 meses.        tou o tributo e homenagem a todos aqueles  P3P Orion da FAP. Das buscas re alizadas,
           Para muitos, era uma primeira experiência  que serviram a bordo e exortou a todos os  somente foram detectados detritos e tron-
         por estes novos contornos de mar, as distin-  elementos da guarnição a perdurar a alma  cos árvores.
         tas e belas Ilhas de Bruma, os Açores. Para  da “João Coutinho”.        Interrompendo as buscas dos dois cor-
         outros, coube-lhes a tarefa de enquadramen-  Na ausência do Cte da ZMA, o CMG Gon-  pos, o “João Coutinho”, em 8MAR05, pelas
         to dos mais novos, pois esses já conheciam  çalves Vaz, que presidiu à cerimónia, em sua  14,30h, não refeito do anterior empenhamen-
         desde a alguns anos estas paragens.  representação, proferiu uma mensagem, na  to, foi cha mado a prestar apoio a uma em-
           Desde cedo, foi dado a conhecer o planea-  qual foi desejado felicidades ao Cte e guarni-  barcação de pesca de boca aberta, “Lubélia
         mento de actividades previsto para o navio,  ção do “João Coutinho”.   Maria”, com seis tripulantes a bordo, que se
         adivinhavam-se algumas dificuldades: a   Seguiu-se um almoço de confraternização  encontrava a cer ca de 1 milha a nordeste de
         meteorologia e a ocea nografia não iriam es-  com os convidados e guarnição, durante o  S. Miguel, numa primeira informação, a aba-
         tar de feição. O que veio a concretizar-se. As  qual foram projectados filmes e fotos sobre  ter para terra, colo cando em risco de vida os
         diversas patrulhas/ fisca lizações nos três  o navio e aqueles que ali servem. O convívio  seus ocupantes.
         grupos de ilhas, cobrindo a rosa-dos-ventos  terminou apressadamente, com o tradicional   Fazendo-se sentir adversas condições
         até ao limite da ZEE da subárea dos Açores  corte do bolo de aniversário, com um brinde  mete orológicas e de mar, ondulação 4.5 mts,
         (até às 200 milhas), tendo sido per corrido  à Marinha e ao N.R.P. “João Coutinho”.  vento força 8 e aguaceiros, o navio dirigiu-se
         cerca de 8 000 milhas, constituíram um mar-  A forma apressada da conclusão da  à máxi ma velocidade praticável (15.5 nós),
         co importante numa das tarefas atribuídas.  cerimó nia ficou a dever-se ao empenha-  iniciando um conjunto de preparativos para
         No entanto, foram também criadas condi-  mento do na vio para levar a cabo buscas de  fazer face a vários cenários possíveis, desi-
         ções para o navio atracar nas várias ilhas,  duas pessoas que poderiam encontrar-se,  gnadamente, eventual utilização do apare-
         desde as Flores a Stª Maria, permitindo  eventual mente, junto da costa, nas proximi-  lho de reboque, fachos e bóias salva-vidas
         a realização de passeios pela guarnição,  dades de Senhor dos Aflitos, entre a Povoa-  disponíveis, dispo nibilidade de cabos de vá-
         efectuar o apoio lo gístico das capitanias e  ção e Ribeira Quen te, S. Miguel, depois do  rias bitolas e com primentos, redes de abor-
         delegações marítimas dependentes, bem  aluimento de terra, re sultante de intensos  dagem, e briefings às equipas de saúde e de
         como promover a presença naval, a qual  aguaceiros, ter arrastado a viatura onde se  mergulhadores.
         foi conseguida com a realização de visitas  deslocavam com outro passa geiro, este en-  Através do Centro de Busca e Salvamen-
         ao navio por 278 alunos e 35 profes sores de  tretanto encontrado já cadáver.  to Marítima de Ponta Delgada, foi dado a co-
         escolas locais e com a realização, a convite   Sem comprometer a prontidão SAR de 2h,  nhecer que as embarcações de pesca, “Vítor
         do Comandante, de almoços a bordo com  a guarnição do “João Coutinho”, aprontou  Manuel” e “Pão dos Pobres”, tinham saído
         os representantes locais.          a instalação propulsora, desmontou toldos  do porto de Rabo de Peixe em auxílio da
           Este período compreendeu uma impor-  e bandeiras, arrumou palamenta e mesas, e  embar cação que se encontrava à deriva.
         tante data para a vida deste navio, 7MAR05,  com o navio “secure for sea” largou cerca   Apesar de várias adversi dades, má visi-
         o seu 35º aniversário.             1,30h de pois das instruções do CZMA.  bilidade (500jj) que se fazia sentir, a embar-
           Atracado em Ponta Delgada, o navio pre-  Cerca das 15,40h encontrava-se no lo-  cação sinistrada sem motor, sem comunica-
         parou-se, para a grande ocasião, nada esta-  cal de acção, tendo assumido as funções  ções VHF (somente por telemóvel) e sistema
         va em falta, os primeiros Livros do Navio  de On -Scene-Coordinator (OSC), e iniciado  de posicionamen to e muito reduzida reflec-
         (Diá rio de Navegação, Livro de Louvores,  as buscas, recor rendo aos meios orgânicos  tividade radar (construção em madeira e as
         Livro de Registo do Oficial de Dia, outros), a  embarcados, uma semi-rigida e um bote,  adversas condições de mar), o N.R.P. “João
         espada do Almirante João Coutinho, cedida  conjuntamente com meios da Capitania do  Coutinho” pôde loca lizar, pelas 16,30h, a
         amavel mente pela sua família, as bandeiras,  Porto de Ponta Delgada, uma semi-rigida e  embar cação. Os seus tripulantes rejubilaram
         o Bolo de Aniversário e a guarda de honra  uma embarcação do ISN. As buscas prolon-  gestualmente. Foi possível então confirmar
         para receber os convidados.        garam-se até a visibilidade se degradar com  que toda a tripu lação se encontrava bem e

























         Resgate dos tripulantes do veleiro “Innovation K2”.  Tripulantes do veleiro “Innovation K2” a bordo da “João Coutinho”.
         20  MAIO 2005 U REVISTA DA ARMADA
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