Page 167 - Revista da Armada
P. 167
que não corria pe rigo de vida, a embarcação nidas/ bóias / rede de abordagem/ outras), SAT, o equi pamento posicionamento GPS
tinha um drogue à proa para estabilizar e, bem como brie fings às diferentes equipas: e faróis de navegação.
afinal, em ligeiro afas tamento de terra. médica, de mer gulhadores, de limitação de Com as condições meteorológicas e ocea-
Havia agora que “vectorizar” as embarca- avarias e na área de operações. nográficas no momento (ondulação 5/6 mts
ções de apoio, as quais não tinham sistema Estabelecidas comunicações com o skip- e vento Força 8), com tendência a agravarem-
de posicionamento, nem radar, somente per do veleiro, foram realizadas um con- -se, o “INNOVATION K2”, apesar dos seus
co municações VHF, tendo cerca 20 de mts de com-
igualmente muito reduzi- primento, das suas 14 ton.
da reflectividade radar. Re- de deslocamento, da sua
correu-se a apitos de sereia concepção e constru ção de
e comunicações VHF. Uma ponta (permitindo registar
hora e meia mais tarde as velocidades de 25 nós) e do
duas embarcações junta- seu curriculum constasse o 4º
ram-se à embarcação sinis- lugar obtido na conhecida
trada, dando início ao seu regata Whitbread, realiza-
reboque. Durante o trânsito da entre 97/98, estava a che-
até Rabo de Peixe, o “João gar ao fim e a comprometer
Coutinho” manteve -se na a segurança de quem lá se
proximidade tendo, antes encontrava. Ao skipper não
do anoitecer, fornecido ali- restou outra solu ção: solici-
mentação e bebidas aos 12 tar a assistência ao Coman-
tripu lantes das três embar- dante do “João Coutinho”
cações. Cerca das 21,30h, de forma a evacuar toda a
a operação de reboque foi tri pulação do veleiro. Após
dada por con cluída, quan- prévia concordância do
do a embarcação “Lubélia CZMA, deram-se início aos
Maria” deu entrada em Guarnição do N.R.P. “João Coutinho”. preparativos a bordo do ve-
Rabo de Peixe, com os seus leiro e a bordo do navio para
seis tripulantes a bordo de boa saúde, e deze- junto de perguntas pré-estabelecidas, após concretizar o resga te dos tripulantes.
nas de familiares e amigos a recebê-los. as quais foi possível ter uma imagem de- Seguiram-se alguns acertos de intenção
Alguns dias depois, deu-se início a uma talhada do estado de saúde de todos os de execução da manobra, em estreita concor-
nova missão atribuída ao navio: efectuar a tripulantes e da verdadeira dimensão dos dância com o skipper, o N.R.P. “João Couti-
Vigilância Marítima em co operação com o danos no veleiro! Os tripulantes, uma mu- nho”, impedido por questões de segurança
meio aéreo da FAP. No entanto, no dia se- lher e seis homens, de na cionalidade bri- de utilizar meios orgânicos do navio, apro-
guinte, em 15MAR, pelas 10,40h, foram re- tânica, encontravam-se bem de saúde e ximou-se por bar lavento e, diga-se, atracou
cebidas ins truções do CZMA, que o navio bem equipados com fatos isotérmicos, sem ao veleiro! Cerca das 12,30h, na zona do
teria que sus pender a sua acção, por ter sido quaisquer indícios de hipotermia. Dizia o navio onde se encon tram as redes de abor-
recebido um alerta de emergência COSPAS/ skipper que tudo tinha acontecido, quando dagem, em breves minutos procedeu -se ao
SARSAT de um veleiro, de nome “INNOVA- durante a noite, devido a condições limites resgate dos tripulantes e de haveres pesso-
TION K2”, que se encontrava com um ala- de vento, o mastro de 29 m do “INNOVA- ais com sucesso.
gamento a bor do, devido a rombo no casco, TION K2” se partiu em duas partes, ten- Uma vez a bordo, todos os tripulantes
e à deriva, com sete tripulantes a bordo, a do uma delas caído ao mar e afundado, e foram observados pelo médico de bordo,
cerca de 220 milhas da ilha do Faial. O N.R.P. a outra caído sobre o veleiro provocando tendo sido prestado os elementares cuida-
“João Coutinho” que, distava cerca de 350 danos severos no convés e no costado, daí dos de alimen tação e bebidas quentes, bem
milhas do veleiro si nistrado, dirigiu-se à má- o rombo e conse quente alagamento, conti- como, de higiene pessoal, com a cedência
xima velocidade pra ticável, de vestuário seco.
na medida em que já se fa- O navio dirigiu-se para a
ziam sentir condições mete- Horta, Faial, onde chegou
orológicas e oceanográficas cerca das 2h da manhã, do
adversas, situação que pro- dia 17MAR, tendo desem-
gressivamente se foi agra- barcado todos os tripulan-
vando (ondulação 5 m, ven- tes do “INNOVATION K2”
to Força 7 de quadrantes de sãos e salvos.
proa). Depois de uma noite, Para a guarnição do “João
quase em branco, com a força Coutinho”, que jamais es-
da massa de água no caste- quecerá as marcantes sen-
lo, as frequentes badaladas do sações de pois da emotiva e
ferro e o zunido das hélices, sensibilizada despedida da-
quase fora de água, na ma nhã queles homens e mulheres
do dia seguinte, pelas 10,30h, ao expressarem a elevada
foi avistado, entre a carneira- Visita a bordo de alunos da Ilha das Flores. gratidão para com o navio e
da, um ponto verde e branco, a Ma rinha Portuguesa, fica
salpicado por outros de cor vermelha sobre o do aos sectores de proa. Nesta altura, o ve- o sentimento do dever cumprido.
convés. Na sequência de anteriores SITREP’s leiro encontrava-se sem mastro, adornado O final da comissão na ZMA aproxima-
recebidos do Centro de Busca e Salvamento à proa sem possibilidade de utilizar motor va-se e, em 21MAR, o navio largou de Ponta
de Ponta Delgada, pela manhã cedo, tinham e alternador, para produção de energia, Delga da para, com muita emoção, alegria e
sido tomadas a bordo diversas medidas ficando irremediavelmente à deriva, tendo saudade, regressar à BNL, em 24MAR05.
preventi vas e de pré-reacção: preparativos somente mais 3h de bateria, após as quais Z
de reboque e material de salvamento (rete- perderia as comunicações VHF e INMAR- (Colaboração do Comando do N.R.P. “João Coutinho”)
REVISTA DA ARMADA U MAIO 2005 21