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ACADEMIA DE MARINHA


                                 Sessões Culturais
                                 Sessões Culturais


               o passado dia 25 de Janeiro realizou-                             Citou o caso particular da Marinha cuja
               -se mais uma das habituais sessões                              actuação “da vigilância nos espaços marítimos
         Nculturais, cujo tema saiu um pouco                                   tem a devida cobertura legal” e cujo ”quadro
         fora dos moldes navais, pois foi tratado o as-                        legislativo foi actualizado, daí reservando uma
         sunto “As Forças Armadas e o Terrorismo”                              melhor clarificação na articulação dos meios na-
         pelo convidado CALM José Augusto Brito.                               vais com as outras entidades e órgãos que detêm
           O Presidente da AM, VALM Ferraz Sac-                                competências no mar”.
         chetti, iniciou a sessão fazendo algumas con-                           Focou o facto de as entidades responsáveis
         siderações sobre o terrorismo actual, após o                          da DN terem sido alertadas, pelos aconteci-
         que apresentou o orador que, se encontra a                            mentos do 11 de Setembro nos EUA, para
         prestar serviço na DIVOP’s do EMGFA.                                  a necessidade de ser atribuída uma maior
           Seguidamente, o orador iniciou a sua                                prioridade à temática do terrorismo cujas
         apresentação  focando o desenvolvimen-                                acções de prevenção e combate se revestem
         to das medidas de contenção do terroris-                              de complexidade pela sua especial sensibi-
         mo levados a cabo, quer pela NATO quer                                lidade na frente interna. Ligou este facto à
         por outro tipo de organizações. Evocou a  de agressões terroristas”. Mencionou ainda  missão das FA’s e às tarefas que lhes estão
         característica transnacional desta ameaça  as medidas promulgadas pela União Euro-  atribuídas, tendo concluído por afirmar que
         prioritária e do quando se impõe reflectir  peia, tendo citado como exemplos a actua-  “a formação e treino conjunto das forças militares
         sobre o emprego, neste combate assimé-  ção de forças militares no Afeganistão e na  e policiais deverá constituir um objectivo perma-
         trico, das Forças Armadas, das Forças de  vigilância no Mediterrâneo Oriental, na qual  nente” bem como a imperiosa necessidade da
         Segurança e das necessidades que daqui  intervieram meios navais adequados de Por-  consciencialização da população nesta luta.
         remetem a favor da doutrina e cooperação  tugal, Espanha, França e Itália.  Encontravam-se presentes além dos
         entre elas, aliadas a uma preparação ade-  Abordou ainda o quadro legal de enqua-  membros da Academia, outros convidados
         quada da população.                dramento das FA’s e o papel importante do  e militares, que interrogaram o orador so-
           Referiu-se ainda ao processo de gestão de  Conceito Estratégico Militar que “ identifica  bre alguns aspectos da sua exposição, ten-
         crises com os medidas civis e militares que  missões respeitantes à prevenção e combate às  do proporcionado uma boa ocasião para se
         disso resultam quanto “ à prevenção, dissua-  novas ameaças – a terrorista, o crime organizado  esclarecerem melhor alguns pontos mais
         são, centralização, contenção e recuperação  e a proliferação”.       controversos.                   Z



               o passado dia 15 de Fevereiro teve                              de como a sua presença entre nós viria a ser
               lugar, mais uma conferência, des-                               mais tarde uma fonte de atritos com os outros
         Nta vez proferida pelo convidado                                      oficiais da esquadra de Nelson.
         Cte Jorge Manuel Moreira Silva acerca do                                Referiu-se à participação do Marquês de
         tema “O Marquês de Nisa: o Homem e o                                  Nisa nas campanhas terrestres do Roussi-
         seu Tempo”.                                                           lhão e Catalunha e do seu posterior regresso
           O Presidente da Academia, VALM Ferraz                               à Armada Real actuando na zona de Gibraltar,
         Sacchetti, abriu a sessão e referiu-se ao fac-                        com a promoção ao posto equivalente a Co-
         to de Portugal nunca ter deixado de parti-                            modoro, com 30 anos ainda incompletos.
         cipar nos assuntos europeus, tendo citado,                              O Marquês foi nomeado entretanto ins-
         como exemplo mais recente, os conflitos                                pector da então criada Real Brigada de Ma-
         da Bósnia e do Kosovo. Abordou a nossa                                rinha, uma antepassada dos reais Fuzileiros,
         presença no Mediterrâneo no Séc. XVI e no                             tendo seguidamente actuado no Mediterrâ-
         séc. XVIII, na qual se salientou a figura do                           neo, já como CALM, com a espada de Nel-
         Marquês de Nisa.                                                      son, o que deu lugar a vicissitudes diversas e
           Depois de feita a sua apresentação, o    O orador referiu a situação familiar e a  aspectos controversos. Logo no início do séc.
         orador referiu-se aos autores que se dedi-  admis são de D. Domingos, na Marinha, como  XIX (1800), D. Domingos foi nomeado Em-
         caram à figura de D. Domingos Xavier de  “voluntário exercitante” que equivaleria, nos  baixador junto da corte do Czar (Alexandre
         Lima tais, como, o Cte Marques Esparteiro  novos tempos, ao posto de grumete, o que no  I), cargo que muito ilustrou, tendo falecido
         e o VALM Cruz Júnior, que traçaram “ um  entanto “dava acesso à carreira de oficial”, assim  de varíola na Alemanha, quando regressa-
         fiel e minucioso retrato do ambiente marítimo,  D. Domin gos foi um dos primeiros alunos  va a Portugal.
         naval e político que envolveu o nosso home-  a frequentar a Real Academia dos Guarda-  A concluir, o orador recordou as dificul-
         nageado”. Descreveu a participação nacio-  -Marinhas. Serviu depois em vários navios  dades económicas da viúva do Marquês, ela
         nal por pressão da Espanha, na desastro-  e participou no ataque a Argel contra os pi-  própria descendente de Vasco da Gama, e ao
         sa campanha do Roussilhão e Catalunha,  ratas argelinos, após o que “pela elevada com-  esquecimento a que esta figura da Armada
         de que resultou uma forte hostilidade da  petência” foi nomeado chefe do estado-maior  Real parece votada. No período de pergun-
         França e, mais tarde até dos próprios espa-  da esquadra portuguesa e, posteriormente  tas e respostas houve a oportunidade de se
         nhóis, após estes se terem entendido com  promovido a capitão-tenente por decreto do  esclarecer alguns aspectos do tema, muito
         os inimigos da véspera, o que implicou  futuro D. João VI.            embora subsistam ainda aspectos de certo
         uma maior dependência do nosso País em   O orador aludiu ao problema dos oficiais  modo controversos da actuação de Nelson
         relação ao Reino Unido.            da Royal Navy servindo na Armada Real e  para com o Marquês de Nisa.  Z

         22  MAIO 2005 U REVISTA DA ARMADA
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