Page 195 - Revista da Armada
P. 195
No ano de 1879 fo-
Ficha do Thomas Stephens
ram necessários ape-
- Comprimento fora-a-fora 90,9 metros nas 83 dias para que o
- Boca 12,7 metros Thomas Stephens ligas- Arquivo Museu de Marinha
- Pontal 7,9 metros se Londres a Rangum,
- Deslocamento 2,195 tons na antiga Birmânia(7).
Dois anos depois na-
Na segunda viagem à Austrália precisou vegou de Inglaterra até
de apenas 73 dias para cumprir a mesma São Francisco em 124
distância. dias, tendo demorado
No ano seguinte foi publicada no Times apenas 98 dias na via-
a seguinte referência ao Thomas Stephens: gem de regresso. No
«This superb clipper is one of the finest spe- final desse ano, tendo
cimens of marine architecture afloat, and em mente uma dimi-
made her last passage in 64 days. Construc- nuição da tripulação,
ted specially for the Australian passenger o armador optou por
trade, her spacious full poop saloon is fitted reduzir a altura dos
with bathrooms, cabin furnitures, bed ding, mastros, com inevitá-
and every convenience. The second and veis reflexos na área
third cabins are most comfortable. Carries vélica.
a surgeon». Sendo por todos con-
A viagem de 1871 foi efectuada em estrei- siderado um navio fe-
ta competição com o Tweed, que igualmen- liz, só ao fim de vinte e A Pêro de Alenquer no dique do Arsenal da Marinha.
te largou de Londres no dia 26 de Outubro. quatro anos de navega-
Com bom vento sustentou uma velocidade ções, quando regressava da Austrália com ceder à aquisição de dois navios de vela
de 16 nós, durante 16 horas consecutivas, um carregamento de trigo, o Thomas Ste- para o serviço da Armada».
averbando uma singradura de 315 milhas. phens experimentou os primeiros estragos Após ter sido submetido a algumas pe-
Já no Índico, no dia 10 de Dezembro, o de monta, provocados pelo mau tempo, no quenas reparações, largou de Plymouth,
mar arrancou-lhe um salva-vidas do tur- Pacífico Sul. Corria o ano de 1893, quando com destino a Lisboa, no dia 22 de Maio
co, tendo rasgado algumas velas. De Mel- a borda falsa de estibordo foi levada pelo
bourne seguiu para Calcutá onde carregou mar, bem como toda a carga que se encon-
juta, antes de iniciar a viagem de regresso trava estivada no convés. Quando arribou a Comandantes do
a Inglaterra. Callao para fabricos – porto que serve Lima, “Thomas Stephens”
A 15 de Março de 1872 o armador Tho- capital do Peru –, constatou-se que o trigo, - R. Richards (1869-1874)
mas Stephens & Sons adquiriu o capital transportado no porão, se encontrava seco - Harry Bloomfield (1874-1875)
disperso, que se encontrava nas mãos dos e em perfeitas condições. - Archibald Robertson (1875)
outros investidores, passando a ser o único No ano seguinte, a passagem pelo Horn - R. Richards (1876)
proprietário do navio. deixou marcas profundas no Thomas Ste- - W. Osborne (1877-1879)
No dia 3 de Dezembro desse ano deixou phens. Sem leme e parcialmente desarvora- - Archibald Robertson (1879-1881)
Londres, tendo chegado a Melbourne a 11 de do, o Captain Rauslin Belding viu-se força- - W. Davey (1881-1894)
Fevereiro de 1873, cumprindo a derrota, pi- do a arribar a Stanley, nas Falkland, a fim de - Rauslin Belding (1894-1896)
lot to pilot (5), em apenas 66 dias, marca ape- proceder aos necessários consertos. No en-
nas igualada pelo Padua(6), em 1933. Curio- tanto, os exorbitantes orçamentos, apresenta-
samente, a Cutty Sark fundeou nesse mesmo dos pelos estaleiros locais, foram recusados. de 1896. Sob comando do Captain Rauslin
dia em Port Phillip, mas, havia desamarrado Sem grandes alternativas num raio de mui- Belding, mas com tripulação portuguesa,
da capital inglesa, uma semana antes de o tas milhas, onde pudessem ser efectuadas as seguia a bordo, como delegado do governo,
Thomas Stephens se fazer ao mar. inadiáveis reparações, o Thomas Stephens o Capitão-de-fragata José Maria da Silva.
iniciou uma audaciosa travessia do Contrariamente ao esperado, a viagem
Dias de viagem entre a Austrália e a Inglaterra Atlântico Sul, com um leme de for- não decorreu sem incidentes. Na verdade,
Thomas tuna. Chegou a Cape Town no dia um incêndio a bordo quase levou à perda
Ano Thermopylae Cutty Sark
Stephens 14 de Maio de 1895. Reparadas as do navio. Valeram na ocasião a experiência
1870 - - 103 avarias, fez-se novamente ao mar no e liderança do Captain Belding. Atendendo
1873 - - 82 dia 22 de Junho, tendo chegado a ao seu comportamento foi condecorado
1874-75 - - 96 Victória, na costa Oeste do Canadá, pelo governo português depois da chegada
1875-76 - - 92
1877-78 - - 91 a 24 de Setembro, navegando pelo do navio ao Tejo, que ocorreu no dia 26 de
1878-79 - - 89 Índico e atravessando todo o Pacífi- Maio. Na véspera foi publicada a portaria
1879-80 81 - - co, sem escalas. que fixou a guarnição em 93 homens.
1880-81 90 - - Quando, no início de 1896, o No dia 13 de Agosto de 1896 foi incor-
1882-83 75 - - Thomas Stephens chegou a Ingla- porado como transporte na Marinha Real,
1883-84 87 82 - terra, concluindo esta aziaga via- com o nome Pêro de Alenquer, tendo, uma
1884-85 79 80 85 gem, o seu armador, desgostoso semana depois, sido nomeado comandan-
1885-86 79 67 100 com os acontecimentos, e simul- te o Capitão-de-fragata José Maria da Silva.
1886-87 87 72 79 taneamente sem dispor de grandes Durante as reparações e adaptações de que
1887-88 79 71 103
1888-89 95 84 111 opções para rentabilizar o navio, foi alvo, foram montadas a bordo duas pe-
1889-90 89 74 108 acabou por vendê-lo, por 4.800 li- ças de artilharia, em bronze.
1890-91 - 93 - bras, ao representante da Marinha A primeira viagem do transporte Pêro de
1891-92 - 83 - Real, o Capitão-tenente Amaro Jus- Alenquer teve início a 8 de Outubro desse
1893-94 - 93 - tiniano de Azevedo Gomes, que se ano, sendo oficial imediato o Primeiro-te-
1894-95 - 84 - encontrava em Inglaterra para «pro- nente Eduardo Macieira e «encarregado de
REVISTA DA ARMADA U JUNHO 2005 13