Page 197 - Revista da Armada
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«The Portuguese have a singularly shrewd
eye for a ship; and in this year [1896] they
bought at breaking up prices three of the
finest and fastest ships ever built, namely
the Thomas Stephens, Cutty Sark and Ther-
mopylae(19)».
Z
Arquivo Museu de Marinha
António Manuel Gonçalves
CTEN
Notas
(1) Adquirido em 1855 nos Estados Unidos, foi, du-
rante muitos anos, o maior veleiro do mundo. A sua
melhor singradura, de 421 milhas, corresponde a uma
velocidade média de 17,5 nós.
(2) O mesmo que joanetes dobrados. Ocorre quando
a vela de joanete é dividida em duas, pelas respectivas
vergas, com a finalidade de facilitar a manobra e per-
mitir ainda uma melhor utilização do pano, em função
da força do vento, sem necessidade de rizar. Neste caso
a vela inferior toma o nome de joanete baixo, enquan-
to a superior, por oposição, se chama joanete alto. Este
mesmo expediente encontra-se aplicado nas velas de
gávea do navio-escola Sagres – gáveas (grande) e vela-
chos (traquete) –, ora denominadas gávea baixa e gá-
vea alta, no mastro grande, e velacho baixo e velacho
alto, no traquete.
(3) Navegação segundo um arco de círculo máximo,
Cerimónia da passagem do Equador numa viagem de instrução em 1906. que é a mais curta distância entre dois pontos na su-
perfície terrestre. Resulta da intersecção da superfície
um pedido feito por parte da Inglaterra(17), com um plano que passa no centro da Terra, contendo
no sentido de serem requisitados todos os PÊRO DE ALENQUER esses mesmos pontos.
navios mercantes alemães, que se encon- (4) Baía interior de Port Phillip, junto à cidade de
trassem em portos nacionais(18). De acordo com o cronista Garcia Melbourne.
(5) Tanto na entrada como na saída dos portos, os na-
Face ao exposto, e a exemplo da opinião de Resende, Pêro de Alenquer era um vios embarcavam um piloto local que dava indicações
partilhada por outros autores, também a nós «muyto grande piloto [da carreira] de Gui- quanto à forma de em segurança praticar essas águas,
se afigura como muito provável que o afun- né». Embarcou nessa qualidade numa das coordenando ainda os rebocadores que eram movidos
damento da Pêro de Alenquer possa ter sido caravelas de Bartolomeu Dias, quando pelo vapor. Este procedimento ainda hoje vigora.
(6) Este veleiro é o actual Kruzenshtern, uma barca
perpetrado por algum navio, ou submarino este dobrou pela primeira vez o cabo da de quatro mastros, que navega com pavilhão russo e
alemão. Embora, atendendo à perigosidade Boa Esperança (1487-88). Posteriormente, regularmente participa nas regatas internacionais de
da carga, não seja de excluir a hipótese de ter desempenhou as mesmas funções a bor- grandes veleiros.
ocorrido um incêndio ou explosão, devido a do da nau S. Gabriel, o navio de Vasco da (7) Em Junho de 1989, por decisão do governo militar
algum descuido a bordo. Em qualquer dos ca- Gama, aquando do descobrimento do ca- no poder, o nome do país foi alterado para Myanmar,
passando a capital a denominar-se Yangom.
sos, este magnífico veleiro desapareceu sem minho marítimo para a Índia (1497 -99). (8) Adriça utilizada para arriar ou içar uma verga, ao
se saber como nem onde, arrastando consigo Não terá resistido, a exemplo de muitos longo do mastro.
todos quantos se encontravam a bordo. outros, às fatalidades que assolaram a lon- (9) Peça em ferro com movimento de rotação, no
Com esta breve história do Thomas Ste- ga viagem de regresso ao reino. sentido horizontal, responsável pela ligação da ver-
phens, damos por concluída mais uma pe- ga ao mastro.
(10) Cada um dos lados verticais de uma vela redonda.
quena série de artigos, desta feita dedicada rar este artigo uma deliciosa frase do Captain (11) Aparelho de força utilizado para levar a testa da
a alguns veleiros históricos estrangeiros que Basil Lubbock (1876-1944), escrita em 1921, vela ao lais da verga (extremidade) quando se pretende
enobreceram a sua gesta, pelo privilégio que, queremos acreditar, continua actual, em rizar, ou carregar pano.
que aproveitaram em navegar com a ban- particular no que concerne à apreciação que (12) Refira-se que os primeiros a subir foram o oficial
deira de Portugal. faz, relativamente à argúcia dos Portugueses imediato, o Primeiro-tenente Gago Coutinho, o Primei-
ro-tenente Albano Carvalho, o Guarda-marinha Jaime
Deliberadamente escolhemos para encer- em reconhecer um bom navio: de Sousa e o gajeiro do mastro grande.
(13) Parte central de uma verga.
(14) Gago Coutinho, A Náutica dos Descobrimentos,
org. e prefácio do Comandante Moura Braz, 1º vol., Lis-
boa, Agência-Geral do Ultramar, 1969.
(15) Tétis é uma das divindades da mitologia grega,
filha de Úrano (representação do Céu) e de Geia (a Ter-
ra, concebida como o elemento primordial), e simboli-
za a fecundidade feminina do mar. Do casamento com
o seu irmão Oceano – a personificação da água –, nas-
Arquivo Museu de Marinha
ceram mais de três mil filhos, representando todos os
rios do mundo.
(16) Expressão inglesa atribuída a um navio desapa-
recido, quando para tal não existe uma explicação, ou
não se conhece objectivamente a causa.
(17) Este pedido foi formalizado no dia 30 de De-
zembro de 1915, tendo sido levado à prática a 24 de
Fevereiro de 1916.
(18) Desta mesma medida resultou o apresamento do
veleiro alemão Max, que se encontrava no porto da Hor-
ta, nos Açores. A 14 de Maio de 1924 foi incorporado
na Marinha Portuguesa como navio-escola, com o nome
Sagres (Revista da Armada – Julho de 2004).
(19) Basil Lubbock, The Colonial Clippers, Glasgow,
A Pêro de Alenquer parcialmente desmastreada, depois de abatida ao efectivo. Brown, Son & Ferguson, Ltd., Nautical Publishers, 1975.
REVISTA DA ARMADA U JUNHO 2005 15