Page 224 - Revista da Armada
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Comunidade de Nossa Senhora do Mar – 50 Anos
“O Reino do Céu é seme- Na Comunidade da Se-
lhante a um grão de mostarda nhora do Mar celebra-se a
que um homem tomou e se- vida, a memória, a alegria,
meou no seu campo. É a mais a fé, a Marinha Portuguesa,
pequena de todas as semen- a Família Naval.
tes; mas, depois de crescer, As actividades que se de-
torna-se a maior planta do senvolvem em torno da Ca-
horto e transforma-se numa pela do Alfeite, para além
árvore, a ponto de virem as dos momentos celebrativos,
aves do céu abrigar-se nos compreendem a formação
seus ramos” (Mt 13, 31-32). na catequese; os grupos de
catequistas, zeladores, acó-
omeçou por ser ape- litos, jovens, leitores, apro-
nas semente... fundamento da fé, formação
C Foi lançada a um musical, coro; os retiros, os
vasto campo, que os anos têm encontros de formação hu-
feito cada vez mais extenso, à mano-cristã; os encontros de
medida que a Marinha Portu- Cerimónia da benção da imagem da Nossa Senhora do Mar. casais, os encontros bíblicos;
guesa se vai concentrando cada vez mais na avançar, sulcar mares, vencer desafios, en- a visita aos doentes, as campanhas de solida-
Base Naval de Lisboa. contrar novas rotas, alimentar a esperança e riedade em favor dos mais pobres, o apoio a
Esta mesma semente, ainda não tinha come- a entrega à missão. famílias; as peregrinações a Fátima e a Lour-
çado a brotar, quando foi confiada ao cuida- Anualmente, milhares de pessoas são aco- des; a escuta e acolhimento de pessoas com
do de uma Mãe, cuja serenidade e confiança lhidas na Capela da Base do Alfeite para bapti- momentos mais difíceis de vida.
vencem os mares revoltos e os ventos ferozes. zados, festas da Catequese, Comunhões, Cris- Todos estes aspectos justificavam a festa
O olhar de esperança desta Mãe fixa-se no mas, Matrimónios, Aniversários... do dia 5 de Junho de 2005 presidida pelo
infinito, onde nos aguarda um D. Januário Torgal Ferreira,
porto eternamente seguro. E o HÁ 50 ANOS Bispo das Forças Armadas e
olhar da Mãe passou a ser o de Segurança, onde foi ofe-
olhar da semente que brotou e Em 13 de Agosto de 1955, Sua Eminência o Cardeal Patriarca de Lisboa benzeu sole- recida à Marinha Portugue-
se tornou planta. nemente a nova capela da Base Naval do Alfeite que veio substituir as existentes na Es- sa, na pessoa do Almirante
O devir do tempo aprofun- cola Naval e no Corpo de Marinheiros. CEMA, uma imagem da Se-
Esta capela que há muito se tornava indispensável para uma eficiente acção dos cape-
dou e fortaleceu as raízes, fez lães da Armada foi em boa hora mandada edificar pelo Ministro da Marinha, Almirante nhora do Mar.
multiplicar e robustecer os ra- Américo Tomás. Como diz a oração “lem-
mos, aumentou folhas e frutos... A inauguração da capela do Alfeite veio facilitar muito o papel dos Capelães da Mari- brai-vos, ó piíssima Virgem
Hoje, aos 50 anos, sob o perma- nha e favorecer até a vida religiosa dos civis residentes no Alfeite e cercanias. Maria, que nunca se ouviu di-
nente olhar terno da Senhora do O Cardeal Cerejeira acompanhado pelo Alm Filipe Castela, Intendente do Alfeite foi zer que algum daqueles que
Mar, esta planta dá abrigo a uma aguardado pelos Ministros da Marinha, Alm Alves Leite, Comodoros Duarte Silva e Flesher tem recorrido à vossa protec-
grande parte da Família Naval. de Mendonça, Presidente da Câmara de Almada, Director da C.A.N.I.M., etc. Sua Eminên- ção, implorado vossa assistên-
O 50º aniversário da Cape- cia benzeu a capela e celebrou nela a primeira missa, sendo assistido pelo cónego Correia cia e reclamado o vosso socor-
la da Senhora do Mar, na Base de Sá (Asseca) e padre João Perestrello. Dirigiu as cerimónias o padre João Cabeçadas, ao ro fosse por vós desamparado,”
Naval de Lisboa, corresponde mesmo tempo que o padre Correia da Cunha explicava a liturgia. estamos certos que a Senhora
às bodas de ouro de uma Co- (Do “Jornal de Almada”, 21/08/1955) do Mar, Padroeira da Marinha
munidade edificada com pedras Portuguesa, protegerá e ampa-
vivas, onde a seiva circula entre o céu e a terra, Neste espaço sagrado, semanalmente, mui- rará os marinheiros que sulcam os mares e as
entre a fé e a cultura, entre a vida pessoal e a tos marinheiros e famílias se recolhem, apre- famílias que ficam em terra. Como estrela po-
família, entre a missão profissional e a Família sentam a Deus as preocupações, as angústias, lar e modelo de entrega à missão fará da Ma-
Naval, entre a Marinha e Portugal. as ânsias que os apoquentam... Junto da Se- rinha Portuguesa centelha de bem fazer e da
Celebrar e fazer festa, por tão significativa nhora do Mar, muitos encontram protecção, missão de cada um, acto de portugalidade.
data, corresponde a dar graças pela vida, pe- energia, esperança, sentido de vida, renova- Z
las pessoas, pelas famílias, pela Marinha, por ção de compromissos, conversão, vontade e P. Borges da Silva
e
tantos dons... A fé e a oração sempre fizeram motivação renovadas. 1TEN CAPELÃO
Assistência à Missa. O Bispo D. Januário e os Capelães da Marinha durante a Eucaristia.
6 JULHO 2005 U REVISTA DA ARMADA