Page 310 - Revista da Armada
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comissões encarre- Em 1935 é pro-
gadas de estudar as- movido a capitão-de-
suntos respeitantes -fragata e regressa à
ao Pessoal, cargos Colecção CALM Roque Martins Escola de Artilharia
que comprovam as Naval, sediada na
suas elevadas quali- fragata “D. Fernan-
dades de carácter e do II e Glória“, ten-
insenção. do sido, como atrás
É durante a déca- citado, seu Coman-
da de trinta que os dante e cumulativa-
seus artigos sobre mente Director da
Macau e a China Escola, de Dezembro
começam a ser pu- de 1937 a Abril de 38,
blicados em grande data em que a Jun-
número no Boletim ta de Saúde Naval
Geral da Colónias, no o considera incapaz
da Sociedade de Geo- para o serviço activo
grafia de Lisboa, no sendo então manda-
da Sociedade Luso- do para a situação de
Africana do Rio de O livro CHINA na edição normal e em encadernação artística. Reserva, mas conti-
Janeiro, nas Edições nuando a exercer a
Cosmos, Elite e Europa e nos Anais de Mari- que o nosso pais ali tivesse representação condigna tarefa de reunir dados para a história dos na-
nha, mantendo a sua colaboração habitual nos e pela forma brilhante como coadjuvou o Comissá- vios da Marinha.
Anais do Clube Militar Naval. rio da referida exposição, valorizando e prestigian- O estudo da História e a respectiva investi-
Em 1932 o seu livro “A Caminho do Orien- do, com o seu esforço, a pequena deputação nacional, gação passaram a ser as suas actividades qua-
te”, das Edições Elite, é premiado no Concur- concorrendo assim, para o bom nome e engradeci- se exclusivas. Assim, em 1939 é nomeado, por
so de Literatura Colonial e no ano seguinte, mento do pais em terras estrangeiras. Despacho Ministerial, para prestar serviço na
também nas mesmas Edições, é dada à estam- Nesse ano de 31 a sua “Pátria”, em Macau, Secção de História do Estado Maior Naval e
pa “Visões da China”, uma colectânea de ar- era abatida ao Efectivo dos Navios da Armada e nesse mesmo ano é concluído, nos Anais do
tigos da sua autoria publicados em jornais da incorporada na marinha chinesa com o nome Clube, o seu trabalho “A Marinha Portuguesa
Metrópole, Brasil e Macau e onde transcreve de “Fu-Yu”. na Grande Guerra”, cujos vários capitulos, que
uma série de cartas inéditas de Wenceslau de Chefiou igualmente a representação da Ma- vinham a ser publicados desde 1937, descre-
Mo raes que este lhe tinha endereçado, desde rinha na Semana das Colónias, organizada em vem a intervenção da Marinha no Continente
1913, quando Consul em Kobe, até 1927 no 1933 pela Sociedade de Geografia de Lisboa, e Ilhas, em Cabo Verde e em Moçambique, a
exílio em Tokushima. tendo sido louvado pelo seu brilhante desem- actuação do Batalhão de Marinha em Angola,
As Edições Europa publicam em 1936 o livro penho. Relativamente a este evento redigiu um a Aviação Naval, o Transporte de Tropas e o
“China”, uma edição monumental e de luxo, artigo para os Anais do Clube. Serviço de Comboios e para finalizar a par-
em 12 tomos, com uma tiragem dedicada ex- Em Dezembro de 1933 passa a ser encarre- ticipação da Marinha Mercante. Sublinhe-se
clusivamente a assinantes, que obteve grande gado de coligir os elementos para a História dos Na- uma sua afirmação na introdução desta obra,
êxito e constitui um trabalho de referência so- vios da Marinha de Guerra Portuguesa. Era o re- que revela a rigorosa metodologia utilizada
bre aquele país. Considerada a obra prima de conhecimento público dos seus méritos como na sua feitura e a ilação a que chegou: O que
Jaime do Inso refere-se às duas Chinas, a antiga investigador da História da Marinha. mais interessa, são os factos e esses procurámos
e a moderna e a Macau, “A Jóia do Oriente”, Entretanto os seus trabalhos sobre o Ex- autenticá-los com o máximo escrúpulo, não nos
no dizer do escritor, denominação que ficou tremo-Oriente continuam a ser publicados poupando às mais fastidiosas buscas e recorrendo
para História. Logo no início da obra surge a assim como são relevantes as suas interven- a informações de testemunhas presenciais. Duma
seguinte definição: A China é uma esfinge que à ções em importantes reuniões, com desta- forma geral, podemos concluir, do que adiante se lê,
nossa civilização perturba e fere. Antes de procurar- que para a tese “A Colonização e o Proble- que a nossa Marinha fez face a todas as emergên-
mos decifrá-la convém acentuar que há no Oriente ma do Oriente Português”, apresentada no cias da guerra, numas condições deploráveis e por
– e portanto na China, qualquer coisa desconheci- 1º Congresso de Colonização, realizado no vezes inacreditáveis.
da e subtil – mal pode definir-se só se sente – que Porto em 1934. Esta obra, juntamente com “Em Socorro de
constitui como que a diferenciação Timor” de 1912 e a “China” de
fundamental entre dois mundos: o 1936 devem ser considerados os
da Europa e o da Ásia. Quem teve mais importantes titulos da sua
o privilégio de conhecer aque- longa bibliografia. Entretanto os
las paragens terá de concordar seus estudos no Estado Maior
que, apesar de terem passado 70 Naval são variados e fundamen-
anos, esta caracterização se man- tais para a História da Marinha
tem perfeitamente correcta. nas primeiras duas décadas do
Mas não foi só na escrita que século XX.
Jaime do Inso se destacou, tam- Apesar de ser essencialmen-
bém a sua actividade foi distinta te um investigador histórico é
como representante da Marinha grande a abrangência dos seus
em várias exposições. Assim, foi conhecimentos. Assim, em 1943
louvado, em 1931, pelo Ministro para a Biblioteca Cosmos, edi-
da Marinha em virtude de ter sido ta “Arte de Navegar”, onde, na
nomeado para representar o Minis- introdução, aborda conceitos
tério da Marinha junto do Comissá- perfeitamente actualizados so-
rio da Exposição Colonial Portugue- bre a Navegação como ciência
sa em Antuérpia e concorrido para e arte e define o que é um na-
20 SETEMBRO/OUTUBRO 2005 U REVISTA DA ARMADA