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Alocução do Almirante CEMA
                        Alocução do Almirante CEMA


             m primeiro lugar saúdo os Marinheiros que neste momento  parte dos meios de que dispomos, é um factor condicionante da
             se encontram em missão, muito em especial os destacados  nossa capacidade para bem cumprir a missão e, até, de atrairmos e
         Eno Afeganistão, bem como aqueles que cumprem as suas ta-  retermos os recursos humanos de que necessitamos. Por isso, tenho
         refas no mar. Lembro, igualmente, todos os servidores da Marinha  procurado por todos os meios ao meu alcance evidenciar a urgente
         que, no seu posto de trabalho, tornam possível os desempenhos  necessidade da renovação da Esquadra antes que as condicionantes
         operacionais.                                        de operação se transformem em impossibilidade.
           Agradeço, também, a disponibilidade dos ilustres convidados   Novos atrasos nos programas dos Patrulhas Oceânicos e nas Lan-
         que nos distinguem com a sua presença nesta cerimónia. Cerimó-  chas de Fiscalização Costeira, serão impeditivos do cumprimento de
         nia cujo significado nos é particularmente caro, enquanto teste-  algumas missões, para além de obrigarem à afectação de recursos
         munho simbólico da essência da Marinha, ou seja, da afirmação  financeiros e humanos desproporcionados na manutenção das cor-
         da disponibilidade dos seus meios para operar quando e onde ne-  vetas e dos patrulhas da classe “Cacine”. Trabalha-se para o evitar.
         cessário. O meu muito obrigado pela Vossa presença. Sejam bem-  Felizmente, os desafios que temos pela frente evidenciam outras
         vindos à Marinha dos Portugueses.                    perspectivas bem animadoras. Contrastando com os que atrás aludi,
           Marcamos, hoje, o início do ano operacional 2008/2009, mo-  é com enorme satisfação que, passados dezassete anos desde o au-
         mento propício para se fazer um balanço do ano anterior, para se  mento ao efectivo das fragatas da classe “Vasco da Gama”, iremos
         perspectivar a activida-                                                             receber duas fragatas de
         de para o novo ano ope-                                                              igual valia militar, estan-
         racional e para me diri-                                                            Foto SAJ FZ Silva  do prevista para o dia 16
         gir, em especial, àqueles                                                            de Janeiro de 2009 a en-
         que, no mar, dão o me-                                                               trega à Marinha da pri-
         lhor do seu esforço e                                                                meira, que será o N.R.P.
         dedicação à Marinha, e                                                               “Bartolomeu Dias”.
         portanto ao País.                                                                     No passado dia 15 de
                                                                                              Julho, tive a honra de
           Distintos convidados                                                               participar, na cerimónia
           A Marinha continua a                                                               de lançamento à água do
         trabalhar num conjun-                                                                submarino “Tridente”,
         to muito diversificado                                                               um dos dois que vamos
         de missões, contribuin-                                                              receber em 2010/2011.
         do para a construção da                                                              Estes meios, de elevadís-
         paz e da segurança, para                                                             sima valia operacional e
         o exercício da autorida-                                                             tecnológica, representa-
         de do Estado nos espa-                                                               rão um enorme avanço
         ços marítimos sob sua                                                                que se traduzirá numa
         soberania e jurisdição e                                                             capacidade de afirmação
         para o conhecimento do mar. Ao executar acções de serviço pú-  a nível político-estratégico que Portugal não pode dispensar.
         blico militar, típicas das armadas e não militares, características   Nos próximos dois anos, prevê-se a recepção de vinte viaturas
         das guardas costeiras, de forma a potenciar sinergias, consubs-  blindadas de rodas com capacidade anfíbia. Trata-se de um desen-
         tancia o paradigma operacional que  designamos por Marinha de  volvimento de grande significado para o Corpo de Fuzileiros pelo
         duplo uso.                                           aumento da capacidade de manobra táctica em situações de ris-
           É neste quadro que a Marinha pode rentabilizar os recursos que  co acrescido, permitindo o emprego destas forças em situações de
         lhe são atribuídos, empenhando continuamente a Esquadra (com  maior exigência operacional.
         as suas unidades navais, de fuzileiros e de mergulhadores) e os   Na sequência do recente aumento ao efectivo de duas embar-
         meios operativos da Autoridade Marítima e do Instituto Hidrográ-  cações salva-vidas da classe “Vigilante”, iremos brevemente pro-
         fico, ao longo de todo o ano e vinte e quatro horas por dia ao ser-  ceder ao baptismo da terceira Unidade de Apoio de Mar. São três
         viço dos portugueses.                                embarcações de elevada capacidade, integralmente concebidas e
           De facto, os indicadores operacionais referidos pelo senhor Vice-  construídas no Arsenal do Alfeite, que vão reforçar o dispositivo
         -Almirante Comandante Naval, no que concerne ao último ano,  do Instituto de Socorros a Náufragos tornando-o ainda mais ca-
         são gratificantes e motivadores, traduzindo bem o produto do in-  paz para cumprir a sua nobre missão de salvamento de vidas hu-
         vestimento que é feito.                              manas no mar.
           Estes resultados são, também, a face visível do esforço e dedica-  Sendo certo que estes novos instrumentos nos deixam bastante
         ção de todos os que diariamente superam dificuldades na manu-  satisfeitos e nos permitem encarar o futuro com algum optimismo,
         tenção da Esquadra, bem como os que asseguram que ela é guar-  não posso deixar de referir que a nossa ambição, ainda que tem-
         necida por pessoal preparado e treinado de acordo com os mais  perada pelo pragmatismo das reais capacidades do país, não pode
         elevados padrões internacionais.                     deixar de ter em conta outras necessidades que reputo imprescindí-
           Temos, no entanto, que reconhecer que estes indicadores não  veis. Refiro-me, em concreto, ao Navio Polivalente Logístico, o mais
         são susceptíveis de sustentação, sem que se concretizem im-  conjunto de todos os meios do nosso sistema de forças, e aos navios
         portantes investimentos de renovação programados há anos.    de combate à poluição, todos eles vectores incontornáveis à nossa
         Na realidade, apesar das corvetas e dos patrulhas apresentarem  circunstância de nação que deve ao mar a sua existência e que nele
         ainda uma taxa de operacionalidade aceitável, a longevidade des-  reconhece um elemento central da sua identidade.
         tes navios, alguns com mais de 35 anos de serviço, não garante a   Continuaremos pois a aguardar com serenidade o arranque des-
         continuidade daquela prestação, nem oferece os níveis tecnológi-  tes projectos, já previstos designadamente na Lei de Programação
         cos e de habitabilidade adequados às exigências de hoje.  Militar, seguros da sua imprescindibilidade para a Marinha, para as
           Tenho repetidamente afirmado que a idade avançada de grande  Forças Armadas e para Portugal.

         18  JANEIRO 2009 U REVISTA DA ARMADA
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