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O Comandante António Marques Esparteiro
O Comandante António Marques Esparteiro
Marinheiro, Historiador e Cronista Naval
descrição de viagens, o conto naval cargo demonstrada na elaboração de programas, em Maio desse ano. No “Afonso” visita, de
e a história de navios são algumas descrições e esquemas no método de instrução de Outubro de 41 a Março do ano seguinte,
A das áreas da escrita a que se têm que resultaram excelentes provas com cargas de portos das costas africanas banhados pelo
dedicado oficiais de Marinha. Destacar no- exercício das peças de 120 mm. Atlântico e pelo Índico.
mes não será totalmente correcto, já que a Mantém-se no aviso durante três anos Desembarca para ser Director dos Ser-
apreciação de textos é sempre muito sub- e no último como oficial imediato. Presta viços Marítimos durante cerca de um ano
jectiva. No entanto, pela produção de um assumindo, em Setembro de 43, o cargo de
diversificado e muito vasto conjunto de Capitão do Porto de Leixões e por acumu-
obras escritas, aliada a uma longa e dis- lação Comandante da Defesa Marítima de
tintíssima carreira naval, justifica-se dar a Leixões e Barra do Douro.
conhecer a biografia de António Marques Este tempo de serviço em terra é inter-
Esparteiro, nascido em 21 de Outubro de rompido em Junho de 44 quando é nomea-
1898 em Mouriscas, Concelho de Abrantes do comandante do contratorpedeiro “Dou-
e tendo ingressado na Escola Naval em Fe- ro”, em missões no Atlântico Norte, tendo
vereiro de 1920. então sido louvado pela forma dedicada,
Promovido a 2º tenente, em Julho de inteligente e criativa como exerceu o comando
1924, especializa-se em Artilharia e em- do C/T Douro conseguindo manter o seu na-
barca no cruzador “Carvalho Araújo” a vio eficiente e pronto para qualquer comissão e
bordo do qual visita portos da costa oci- organizando e instruindo a sua guarnição du-
dental africana. rante largos períodos de exercícios individuais
Segue-se um período em terra, na Bri- nas manobras conjuntas de 1945..
gada de Marinheiros, tendo sido, em Os períodos de embarque e em unida-
1927, Comandante da Escola de Alunos des em terra vão-se alternando. Assim,
Marinheiros. Dedica-se então a questões em Outubro de 1946 volta à Direcção de
relacionadas com o Pessoal, respectiva Material de Guerra agora nas funções de
organização e instrução, especialmen- seu director.
te a Marinharia, tendo sido louvado pela Os profundos conhecimentos de Arti-
competência e zelo no desempenho da Comis- lharia que demonstra possuir, não só na
são que tem por fim reunir num só diploma área operacional como na sua gestão téc-
todas as disposições relativas a uniformes de nica, são reconhecidos quando é louvado
sargentos e praças da Armada e mais tarde António Marques Esparteiro - Aspirante de Marinha. pela leal e inteligente cooperação prestada em
igualmente pela competência e grande inte- todos os serviços técnicos em que foi pedido o
resse pela instrução militar naval revelada no em seguida serviço no navio escola “Sa- seu parecer. Na qualidade de especialista
Manual de Embarcações Miúdas. É promo- gres” até que, em Abril de 1939, passa a do armamento dos navios patrulhas “tipo
vido a 1º tenente em Novembro de 1929, chefiar uma secção da Direcção de Mate- PC”, fornecidos pelos Estados Unidos, in-
um ano depois volta ao mar, para coman- rial de Guerra e Tiro Naval e por acumu- tegra desde Setembro de 1947 até igual
dar o torpedeiro “Lis”, até Junho de 1931 lação nomeado subdirector da mesma Di- mês do ano seguinte, em Washington, a
e em seguida o rebocador respectiva Missão de Fis-
“Lidador” na fiscalização calização. Será o seu úl-
da pesca no Algarve, ten- timo cargo no âmbito da
do na ocasião sido louvado Artilharia Naval.
por na barra da Fuzeta haver Apesar de, contraria-
coadjuvado o salvamento de mente ao sucedido com
2 pescadores. a maioria dos oficiais do
Terminados em Setembro seu tempo, o Comandante
de 33 os comandos no mar, Esparteiro ter um conheci-
amplia os conhecimentos de mento limitado das terras
Artilharia frequentando, no portuguesas de África, em
ano lectivo de 1933 e 34, cur- Junho de 49, é nomeado
sos no Royal Naval College, Capitão do Porto da Bei-
de Greenwich e na Gunery ra. Promovido a capitão-
School de Portsmouth, após -de-fragata em Março de
o que, em Julho de 34, faz 51, confirmará, mais uma
parte da Missão Portuguesa vez, ser possuidor de eleva-
dos Avisos de 1ª clas se que, das qualidades profissionais,
em New Castle, Inglaterra, alto espírito de compreensão,
acompanhava a construção O Torpedeiro “Lis”. grande interesse pelo serviço
destes navios. Em Fevereiro de 1935, quando recção, onde é louvado pelas suas elevadas e notável acção de camaradagem reveladas pelo
o aviso “Afonso de Albuquerque” é aumen- qualidades de trabalho, de inteligência, de hu- valioso auxílio prestado à Missão Hidrográfica
tado ao efectivo dos navios da Armada, o 1º manidade e espírito de colaboração prestados no de Moçambique, conforme louvor que lhe foi
tenente Esparteiro assume o cargo de Chefe desempenho do seu difícil cargo. Regressa ao concedido em meados de 1955, quando já
do Serviço de Artilharia, sendo depois lou- “Afonso de Albuquerque” em Fevereiro de capitão-de-mar-e-guerra, desde Janeiro,
vado pela alta compreensão das funções do seu 1940, sendo promovido a capitão-tenente regressa a Lisboa. Em Novembro desse
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