Page 25 - Revista da Armada
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exercia o cargo de capitão do porto, depois,   Compulsando os vários escritos do Co-  do século XX o Comandante Esparteiro era,
         em 54, é “Portugal no Mar (1608-1923)” e  mandante Esparteiro constata-se o seu pro-  no âmbito da História, uma referência não
         em 59 “O Famoso Botão de Âncora (1600-  fundo conhecimento das coisas do mar e  só na Marinha como em outras instituições
         1895)”, nos quais através de episódios descri-  de realidades que se têm mantido inalte-  que se dedicavam ao seu estudo.
         tos se poderá fazer uma leve ideia do valor e da  ráveis ao longo dos tempos, como é o caso   Em Outubro de 1968 passa à situação de
         capacidade dos nossos marinheiros.  quando afirma: os sucessos no mar são sem  Reforma, mas só deixa a efectividade do
           Um tipo de escrita também constante da  significado para o homem da terra, sem excluir  serviço em Março de 1970 e por consequên-
         sua bibliografia é a Crónica de que sobressa-  a grande maioria dos políticos e estadistas ,em-  cia o cargo de Director do Arquivo Geral
         em “Crónicas do Mar”, editadas nos Anais  bora os grandes acontecimentos da vida inter-  de Marinha. Nessa mesma data recebeu o
         na década dos                                                                              último louvor
         anos 40 e onde                                                                             onde é afirma-
         afirma que os in-                                                                           do que da sua
         cidentes e os episó-                                                                       folha de serviços
         dios do mar têm o                                                                          constam muitos
         sabor a água sal-                                                                          cargos e alguns
         gada e a forma do                                                                          comandos de uni-
         mar imenso.                                                                                dades navais to-
           A partir dos                                                                             dos exercidos com
         anos 60, período                                                                           a maior devoção
         em que é Direc-                                                                            e entusiasmo ...
         tor do Arquivo,                                                                            por último du-
         publica Biogra-                                                                            rante cerca de 10
         fias de Mari-                                                                              anos o de director
         nheiros Ilustres                                                                           do Arquivo Geral
         e dedica-se a tra-                                                                         que muito lhe fi-
         balhos sobre a                                                                             cou devendo. Pa-
         História Geral, incidindo em episódios re-  nacional das Nações, quer económicos quer po-  ralelamente à actividade profissional de oficial
         lacionados com a Marinha. De referir que a  líticos, quer ainda mesmo sociais, hajam sido  de Marinha, dedicou-se o Comandante António
         biografia “O Almirante Marquês de Nisa” já  resultado das vitórias no mar.  Marques Esparteiro à investigação histórica e à
         tinha sido feita pelo Comandante Esparteiro   Após se ter feito uma muito breve sínte-  elaboração de inúmeros trabalhos .... A extensa
         em 1944, data da sua 1ª edição.    se da extensa bibliografia do Comandante  obra que publicou de grande utilidade, interesse
           O estudo de Tecnologia Naval desper-  Esparteiro e voltando à sua carreira naval,  e prestígio para a Armada, bem atesta a erudição
         tou continuamente o seu interesse e além  assinala-se que em Maio de 1960 foi nomea-  do seu autor ao mesmo tempo que constitui, tal-
         dos trabalhos atrás indicados relativos aos  do Vogal do Conselho Consultivo do Mu-  vez a manifestação mais vincada e notável da sua
         anos 40 e da “A Linguagem do Mari-                                      personalidade de marinheiro. Nestes termos
         nheiro” de 1965, é de referir que o seu                                 manda o Governo da República, pelo Mi-
         perfeito domínio da língua inglesa o                                    nistro da Marinha louvar o CMG António
         levou a apresentar em 71 “Analogias                                     Marques Esparteiro pela devoção, entusias-
         das línguas portuguesa e inglesa” e em                                  mo e competência com que serviu a Arma-
         74 e 75 “Dicionário de Termos Navais”                                   da durante toda a sua carreira, classificando
         (Inglês-Português e Português-Inglês),                                  os serviços prestados de muito importantes,
         que são as duas últimas obras publica-                                  distintíssimos e relevantes, pelo que lhe foi
         das em vida.                                                            concedida a medalha de ouro de servi-
           Do conjunto da sua muito numerosa                                     ços distintos.
         obra, contam-se 120 títulos, deve clara-                                  Apesar de ter deixado a efectividade
         mente distinguir-se, por constituir uma                                 do serviço continuou os seus estudos,
         referência para a investigação historico-                               mantendo-se a publicação das obras de
         -naval correspondente à Dinastia de                                     que era autor. Deslocou-se pela última
         Bragança, o ciclópico trabalho “Três Sé-                                vez ao estrangeiro, em Agosto de 1972,
         culos no Mar – (1640-1910)”, distribuí-                                 para apresentar a comunicação “Três Da-
         do por 30 volumes da “Colecção Docu-                                    tas que Importam à Independência do
         mentos”  e publicados de 1974 a 1987                                    Brasil (1808-1815-1822)”, quando da re-
         pelo Ministério da Marinha. Reportan-                                   alização, no Rio de Janeiro, do colóquio
         do-se ao muito expressivo número de                                     “A Marinha e a Independência”.
         1.306 navios, é um registo de vida a bordo                                Em 28 de Dezembro de 1976 falecia em
         dos navios do período Brigantino organiza-                              Lisboa o capitão-de-mar-e-guerra Antó-
         do principalmente através de pesquisas nos                              nio Marques Esparteiro, notável oficial
         arquivos de Goa, de Marinha e do Ultramar   CMG António Marques Esparteiro.  da Armada que, além de ter tido uma
         e apresentado em forma de inventário, de modo  seu de Marinha, em Setembro do mesmo  exemplar e longa carreira naval, é autor de
         a mostrar a influência do elemento moral na  ano Vogal do Centro de Estudos Históricos  uma vastíssima e valiosa bibliografia, es-
         vida militar, política e social de Portugal na-  Ultramarinos e em Setembro de 62 igual-  pecialmente dedicada à Marinha, aos seus
         quela época. O primeiro volume inclui um  mente vogal, mas agora da Comissão de  navios e aos seus marinheiros.
         pormenorizado plano da obra, uma intro-  História Militar. Em Maio de 1969 é um dos                   Z
         dução geral em que são caracterizadas as  dez membros fundadores do Grupo de Es-        José Luís Leiria Pinto
         Marinhas de Remos e de Vela e uma síntese  tudos da História Marítima, que em Agosto               CALM
         histórica do período brigantino. Nos volu-  de 70 dava origem ao Centro de Estudos de   Fontes
                                                                                 Biblioteca Central de Marinha
         mes em que se inicia cada uma das partes  Marinha, o antecessor da actual Academia   Arquivo Histórico
         é feita a descrição geral e evolução dos ti-  de Marinha, criada em Dezembro de 1978.   Livros Mestres: K/182,N/23 e P/43
         pos de navios correspondentes.     Torna-se notório que na década dos anos 60   Documentação avulso: Caixa 1411
                                                                                      REVISTA DA ARMADA U JANEIRO 2009  23
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