Page 21 - Revista da Armada
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Senhores oficiais, sargentos, praças, militarizados e civis da  cessitem de idênticas funcionalidades. Estamos no princípio, mas
         Marinha:                                             estamos, também, no bom caminho.
           A democracia é um regime recente na longa história da huma-  No âmbito externo, promoveu-se a articulação com diversas agên-
         nidade. Mesmo hoje, não é a regra no mundo. Tem, portanto, que  cias internacionais e foram dados passos significativos na componen-
         ser construída e sustentada no dia a dia. Por todos. Pelos que têm o  te multinacional de que são exemplos, a Declaração Comum sobre
         direito de mandar e pelos que têm o dever de obedecer. Muito es-  Cooperação Aeromarítima entre as Marinhas de Portugal e de França
         pecialmente pelos que assumem, sem reservas, o dever de defen-  e a assinatura de um protocolo para a troca de informação entre os
         der Portugal até ás ultimas consequências e o compromisso cívico  Serviços de Busca e Salvamento de Portugal e das Antilhas. Merece
         de abdicar de parte da                                                                ainda destaque a muito
         sua cidadania. Só as-                                                                 recente adesão da Ma-
         sim, poderemos exigir                                                                Foto Júlio Tito  rinha ao North Atlantic
         direito ao respeito e ao                                                              Coast Guard Forum,
         reconhecimento que é                                                                  organização que visa
         devido à condição mi-                                                                 a troca de informações
         litar e à especificidade                                                               operacionais no qua-
         de marinheiro. É so-                                                                  dro das funções típicas
         bre isto que devemos                                                                  das Guardas Costeiras.
         reflectir, assumindo as                                                                A Marinha está cien-
         nossas posições com                                                                   te de que só com uma
         verdade e a razão que                                                                 articulação eficaz se
         nos assiste. Só a verda-                                                              pode concretizar um
         de, só ela, nos possibi-                                                              sistema que se pretende
         lita a conciliação.                                                                   coerente, estruturado e
           Sabemos, todos, que                                                                 eficiente na utilização
         as pessoas e sua quali-                                                               dos recursos e na busca
         dade são a grande ri-                                                                 da segurança, indispen-
         queza que a Marinha                                                                   sável ao bem-estar dos
         se orgulha de possuir,                                                                cidadãos e ao desen-
         constituindo o pilar                                                                  volvimento económico
         mais importante de toda a sua estrutura. Como sempre foi, e será,  do país. Ninguém, nem nenhuma organização, poderá responder
         só o empenho e a motivação do pessoal permite ultrapassar dificul-  sozinho às inúmeras questões que o mar nos coloca.
         dades, aparentemente insuperáveis, com que muitas vezes somos
         confrontados.                                         Marinheiros;
           O sentido do dever não se compra. Nem se vende. Reconhece-se   Neste ano operacional, cujo início hoje marcamos, são muitos
         por quem comanda e por quem obedece.                 os desafios que temos pela frente. Há que continuar a operar per-
           Como repetidamente tenho afirmado, é necessário resol-  manentemente no sentido de contribuir para o reforço da autorida-
         ver de forma equilibrada e progressiva as questões relativas  de do Estado nas nossas águas jurisdicionais tirando melhor partido
         a carreiras, vencimentos e remunerações. São questões cen-  dos navios de que dispomos, mesmo que desactualizados; há que
         trais em que é necessário encontrar um justo equilíbrio, elimi-  garantir Importantes compromissos internacionais: o comando de
         nando assimetrias negativas com outros Corpos do Estado que  duas forças navais multinacionais, a SNMG 1 no âmbito da NATO e
         há muito tempo se têm vindo a aprofundar. Espera-se que os  a EUROMARFOR no plano europeu, e aprontar adicionalmente uma
         trabalhos em curso venham a solucionar estas dificuldades.  companhia de fuzileiros para integrar o Grupo de Batalha Anfíbio
         Estas obrigações têm                                                                  da União Europeia; Si-
         sido, e continuarão a                                                                 multaneamente há que
         ser, compromissos ina-                                                               Foto SAJ FZ Silva  integrar novos meios.
         lienáveis da minha vi-                                                                Tudo isto numa con-
         são de comando e da                                                                   juntura muito difícil.
         constância da minha                                                                   Saberemos responder
         actuação.                                                                             com dedicação, brio e
                                                                                               profissionalismo.
           Ilustres convidados                                                                  Os resultados alcan-
           Para garantir a satis-                                                              çados no ano operacio-
         fação dos princípios da                                                               nal que agora se com-
         eficiência e da eficácia                                                                pleta são o garante que
         porque nos regemos é                                                                  conseguiremos superar
         essencial aprofundar,                                                                 outros desafios.
         ainda mais, a coope-                                                                   Como comandan-
         ração institucional na                                                                te, sinto-me orgulhoso
         defesa dos nossos in-                                                                 do que tem sido feito
         teresses no mar. É con-                                                               em conjunto e, neste
         vicção que defendo há                                                                 novo período que ago-
         muito e com grande                                                                    ra se inicia, sei que pos-
         empenho.                                             so contar com a guarnição, para que a Marinha possa continuar a
           É disso testemunho a recente operacionalização do Centro Nacio-  honrar Portugal.
         nal Coordenador Marítimo, órgão que visa agilizar a articulação de
         um conjunto alargado de entidades e departamentos no quadro da   Muito obrigado                       Z
         segurança e do exercício da autoridade do Estado no mar. Também
         inaugurámos o Centro de Operações da Marinha (COMAR) em Ju-                        Fernando de Melo Gomes
         nho passado, o qual poderá servir outros órgãos do Estado que ne-                                Almirante
                                                                                      REVISTA DA ARMADA U JANEIRO 2009  19
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