Page 26 - Revista da Armada
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EDIÇÕES CULTURAIS DA MARINHA
                 EDIÇÕES CULTURAIS DA MARINHA

                      Lançamento do 3º Livro da Colecção Documentos

               o passado dia 16 de Outubro, foi apresentado ao público nas   Entregue à Marinha de
               instalações da Biblioteca Central da Marinha, o terceiro volume  Guerra, foi-lhe atribuído o
         Nda Colecção Documentos das Edições Culturais da Marinha.  nome “Patrão Lopes”, fixada
           Trata-se da reprodução dos Diários Náuticos dos submersíveis  uma guarnição de 61 homens,
         “Foca”, “Golfinho” e “Hidra” na sua viagem inaugural de La Spezia  sendo dotado de modestís-
         para Lisboa, que decorreu entre 15 de Dezembro de 1917 e 10 de Feve-  simo armamento.
         reiro de 1918, escoltados pelo vapor “Patrão Lopes”, cujo Diário tam-  Na tormentosa viagem por-
         bém é reproduzido na integra.                        menorizada nos registos dos
           É um livro de 384 páginas, compilado e revisto a partir dos originais  Diários de bordo, foram evita-
         pelo Contra Almirante Leiria Pinto que inclui a reprodução fac-simile  dos os portos espanhóis, já que
         dos respectivos diários.                             a Espanha permaneceu neu-
           De leitura quase obrigatória para os submarinistas, interessa a todos  tral na 1ª Grande Guerra.
         os que andam (ou andaram) no mar.                     A pequena cerimónia do
           A viagem destes três submersíveis, realizada em plena 1ª Guerra  lançamento decorreu segun-
         Mundial, sendo já Portugal uma das potências beligerantes, através  do um modelo já habitual: o
         de águas infestadas de submersíveis inimigos e durante um Inverno  responsável pela obra, CALM
         particularmente rigoroso constituiu um notável feito da Marinha, e da  Leiria Pinto foi apresentado
         competência e dedicação dos oficiais e guarnições dos navios.  pelo Presidente da Comissão
           Os três submersíveis, com 389 toneladas de deslocamento à superfície  Cultural da Marinha, CALM
         e um comprimento de fora a fora de 45,60 metros, tinham uma lotação  MN Res. Rui de Abreu. Seguiu-se uma intervenção do CALM Leiria
         de 21 elementos (3 oficiais e 18 sargentos e praças).  Pinto, com comentários sobre alguns episódios registados nos Diários
           Eram de facto uns pequenos navios que na maior parte do tempo  entre uns mais picarescos e outros mais sérios, relatando o mau tempo
         navegavam emersos, podendo entrar em imersão por períodos relati-  e o mar grosso, as pequenas avarias, as dificuldades da navegação as
         vamente curtos para os padrões actuais dos submarinos.  compras para o rancho.
           O “Patrão Lopes” era uma dos vários navios alemães que no dia 24   Finalizou o acto uma interessante palestra proferida pelo CMG Bri-
         de Fevereiro de 1916, se encontrava fundeado no Tejo e como tal foi  tes Nunes, sobre o universo e a vivência dos submarinos e dos sub-
         apresado.                                            marinistas.
           Deslocava 1100 toneladas, com 49 metros de comprimento.  A sessão terminou com um Porto de Honra.




                        “Submarinos e Submarinistas”
                        “Submarinos e Submarinistas”

         O                                                                     sumiu essa desvantagem em favor do ade-
               lançamento do presente livro –  emprego táctico e estratégico, transforma-
               VIAGEM DE LA SPEZIA PARA  ram progressivamente os imberbes submer-
                                                                               quado cumprimento das missões que lhe
               LISBOA dos submersíveis “Foca”,  síveis numa arma poderosíssima, altamente  são confiadas.
         “Golfinho” e “Hidra” -, no âmbito das Edi-  dissuasora e primordial na colecta discreta   Curiosamente, antes da sua concretização,
         ções Culturais da Marinha,                                                        o conceito de navio que pu-
         reveste-se de um particular                                                       desse navegar em imersão,
         significado para os subma-                                                         passou por reacções pro-
         rinistas, ao fazer-nos recu-                                                      fundamente controversas,
         ar aos primórdios da arma                                                         de que é exemplo, no início
         submarina na Marinha                                                              do século XIX, a reacção
         Portuguesa, numa altura                                                           do almirante inglês Con-
         em que se completam três                                                          de de Saint Vincent, ao ser
         meses sobre o lançamento                                                          confrontado com a hipó-
         à água do NRP “Tridente”                                                          tese de construção de um
         – 1.º submarino da 5.º Es-                                                        “navio submersível” para
         quadrilha.                                                                        combater as esquadras de
           Mais de 95 anos nos se-                                                         Napoleão, ao contrapor:
         param da longínqua data                                                           “Esqueçam essa possibili-
         de 15 de Abril de 1913,                                                           dade. Se a adoptarmos, to-
         quando o NRP “Espadar-                                                            das as outras nações farão
         te” - primeiro submersível                                                        o mesmo, e isso será o mais
         da Marinha, fez a sua pri-                                                        grave golpe que se possa
         meira imersão já sob a ban-  O “Espadarte” - primeiro submersível português.      imaginar para a nossa su-
         deira de Portugal.                 de informações, fundamentais no apoio à de-  premacia naval”.
           Ao longo de mais de 9 décadas, os signifi-  cisão de alto nível e cruciais na execução de   Esta reacção perspectivava já em ante-
         cativos desenvolvimentos tecnológicos, quer  missões classificadas, assentes num desem-  cipação, a enorme importância do factor
         em termos de construção quer em termos  penho desejavelmente pouco visível e, talvez  combatente e dissuasor da futura arma
         de equipamentos, aliados a uma completa  por isso, algumas vezes incompreendido.   submarina.
         revolução no que concerne aos conceitos de   O designado “silent service” sempre as-  Regressemos contudo à razão de ser des-

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