Page 298 - Revista da Armada
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NRP “Álvares Cabral”
                              NRP “Álvares Cabral”
                     Navio-Almirante da SNMG1
                      Navio-Almirante da SNMG1


         O                                  rama marítimo que nos rodeia. Este controlo e  os “hails” – uma dos Oficiais de Quarto à Pon-
               Verão está quase a meio. Após a chega-
               da a Lisboa da “Côrte-Real”, já se sente o  o permanente esforço de efectuar questionários  te da “Álvares Cabral” – já conhecida como “a
               formigueiro da partida que se aproxima.  ajuda a partilhar com a navegação mercante a  voz do MED”!!!
         Ninguém está indiferente e as rotinas diárias en-  presença naval da NATO. Esta presença, per-  Diariamente é cumprido um programa seria-
         contram-se agora mais extensas e aceleradas. Os  manente e credível, é o garante na luta contra o  do bem recheado, de forma a manter as valên-
         preparativos continuam a todo o gás.                                          cias adquiridas pela guarnição ao
         Fainas de mantimentos e material                                              longo dos períodos de treino ante-
         diverso, sobressalentes requisitados                                          riores a esta integração. Foram re-
         e recepcionados chegam à “Álvares                                             alizados exercícios do tipo FLYEX,
         Cabral” para aprontamento da mis-                                             exercícios de combate a incêndios
         são de Navio–Almirante da força na-                                           de grandes proporções com passa-
         val SNMG1.                                                                    gem a postos de emergência, e ala-
           Chega finalmente o dia 12 de                                                gamentos. Foram efectuados “table-
         Agosto de 2009 e estamos a escassos                                           top” para preparativos de postos de
         horas da largada. No cais 1 da B.N.L.                                         combate e uma série de STAGE 21,
         concentram-se as famílias que vêm                                             com o objectivo de serem treinadas
         despedir-se dos seus para os próxi-                                           as comunicações entre as estações
         mos seis meses. Ninguém consegue                                              em Condição Geral 1. Foi ainda re-
         esconder as saudades que já se sen-                                           alizada uma série de tiro de G3 para
         tem mostrando, no entanto, a grande                                           os elementos que pertencem às equi-
         vontade de participação nesta missão agora atri-  terrorismo e contra a proliferação de actividades  pas de convés em “Force Protection”.
         buída. São cerca de 9h da manhã e apita à faina,  ilegais no mar, contribuindo para o aumento da   E como a vida a bordo nunca pára, todos os
         os últimos beijos e abraços são distribuídos e to-  segurança marítima num espaço marítimo tão  militares formam no hangar para uma cerimó-
         dos os militares embarcam para iniciar a missão.  praticado como é o do Mar Mediterrâneo. Na  nia de imposição de condecorações e distintivos
         O navio larga. Começou a missão.   sua generalidade todos os contactos com a na-  de horas de navegação. Mesmo no decorrer de
           As expectativas são grandes. Os                                             uma operação como esta, há oportu-
         meses anteriores foram marcados                                               nidade de galardoar os Marinheiros
         por um período em terra em prepara-                                           distinguidos.
         tivos sendo agora o culminar de toda                                            Nas rotinas diárias também entra
         essa actividade. O navio larga a ca-                                          a saudade de Portugal. A fila para o
         minho de Cádis, onde atracará a 31                                            telefonema diário assume propor-
         de Agosto. São um total de 20 dias                                            ções gigantescas, sobretudo perto
         de mar, navegando quase que ex-                                               da hora do jantar, havendo por vezes
         clusivamente no Mar Mediterrâneo.                                             tempos de espera pouco aconselhá-
         Este primeiro período caracteriza-se                                          veis. A guarnição gasta o tempo livre
         pelo empenhamento na operação                                                 com as notícias de casa, jogos de
         “ACTIVE ENDEAVOUR”. O esforço                                                 cartas ou a ver filmes nos seus com-
         da força naval vira-se para o contro-                                         putadores. Há quem ainda opte por
         lo da navegação no Mediterrâneo,                                              outras “navegações”, conversando
         com questionários aos navios mer-                                             pela Internet com os seus familiares.
         cantes que aí navegam. Toda a força                                           Há ainda tempo para manifestações
         está preparada para executar opera-                                           espontâneas das relações salutares
         ções de boarding (abordagem), se                                              entre Marinheiros, com o momento
         necessário.                                                                   alto no convívio do núcleo Sportin-
           “Vamos mais para Oeste da área,                                             guista da “Álvares Cabral”, o qual
         que está a passar um mercante na                                              contou com mais de 40 aficiona-
         zona e vamos fazer-lhe um questio-                                            dos e onde até alguns benfiquistas
         nário”, comunica o Centro de Ope-                                             se sentiram bem, quase tentados a
         rações para a Ponte manobrar. Já                                              mudar de clube.
         tendo sido ultrapassados os 250 “hai-                                           Os dias são compridos e trabalho-
         lings”, a missão prossegue de vento                                           sos, quentes e húmidos, com tempe-
         em popa. As equipas da ponte e do                                             raturas de 34ºC e 90% de humidade.
         centro de operações unem esforços                                             No entanto, ao fim do dia, o saldo
         para conseguirem questionar o má-                                             é positivo, e toda a guarnição sente
         ximo de navios mercantes, aumen-                                              que o dia que passa é um dia bem
         tando assim o número em cerca de                                              feito. Os olhos estão agora voltados
         15 diários.                                                                   para o primeiro porto estrangeiro
           O navio mantém-se em patrulha,                                              desta integração. No dia 31 de Agos-
         a controlar o tráfego marítimo, contribuindo  vegação mercante são marcados pelo espírito  to, o Navio-Almirante e demais força irão atracar
         para um aumento da Maritime Situational Awa-  de cooperação e rapidamente são efectuados os  em Cádis, cidade da Andalucia.
         reness, termo tão em voga actualmente, que  questionários. Para este resultado contribui tam-         Z
         consiste no conhecimento e validação do pano-  bém a presença de uma voz feminina a efectuar   (Colaboração do COMANDO NAVAL)

         8  SETEMBRO/OUTUBRO 2009 U REVISTA DA ARMADA
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